domingo, 31 de julho de 2011

Transtorno Bipolar e Cabala?

Tenhamos memória; lembremos que o TAB também já foi chamado de psicose maníaco-depressiva e de insanidade cíclica (este último nome geralmente traduzido para o português como insanidade circular).

Estes últimos nomes, convenhamos, não são lá muito bonitos. Daí é fácil entender por que razão não havia, no Orkut, comunidades intituladas Eu sou maníaco-depressivo... Mas, ultimamente, não-bipolares têm se auto-denominado bipolares, criando, inclusive, comunidades no Orkut intituladas Eu sou bipolar... Não duvido, obviamente, de que haja ao menos alguns bipolares de verdade nessas comunidades. Por que não haveria?

O curioso é que a palavra bipolar está sendo mais bem aceita que o bipolar em si. Mas veja bem: me refiro à palavra bipolar no seu sentido popular, usada como sinônimo de quem ora fica triste, ora fica alegre, sem ter que recorrer à medicação para estabilizar o humor... e me refiro ao bipolar em si como aquele que recebeu o diagnóstico de um profissional da área. Daí é fácil entender por que muitos bipolares de verdade preferem não se identificar. Em poucas palavras, tentando entender a moda ou a lógica popular, você pode ser bipolar, desde que não seja de fato! Curioso? Curioso.

Mas continuemos falando da troca de nomes, que pretende ser o assunto principal deste post.

Se você lê a Bíblia, provavelmente sabe que Abrão, Sarai e Jacó tiveram seus nomes alterados para Abraão, Sara e Israel, repectivamente. Essa mudança de nomes está relacionada a uma mudança na situação deles. O novo nome assinala uma nova fase, que, às vezes, ainda nem começou...

Com Paulo, entretanto, não aconteceu exatamente a mesma coisa. Ele se chamava Saulo, é verdade, mas não passou a se chamar Paulo definitivamente, de certo momento em diante. Durante boa parte da Bíblia, ele é chamado pelos dois nomes. O motivo é que Saulo era seu nome hebreu; e Paulo, seu nome romano. De modo geral, ele é chamado de Saulo pelos hebreus, e de Paulo quando está em Roma ou entre romanos. Lembremos que ele era um hebreu que tinha cidadania romana, e que fez uso dela mais de uma vez, para se livrar de certos perigos.

O caso do TAB é o primeiro, isto é, o de Abraão, Sara e Israel. Porque a palavra bipolar substitui o termo psicose maníaco-depressiva e está relacionada a esta nova fase, digamos, popular do TAB.

Mas não, meu caro leitor; não estou dizendo que a Medicina recorreu à Cabala Hebraica ou à Numerologia que conhecemos para alterar os nomes. Qualquer leigo pode entender facilmente que bipolar é uma palavra muito mais aceitável, agradável ou bonitinha que psicose maníaco-depressiva... Basta verificar como ela soa a nossos ouvidos.

Obviamente, há outros motivos para essa popularização de auto-diagnósticos entre os leigos, esse novo milagre da multiplicação, não dos pães, mas dos bipolares... Um desses motivos, certamente, é o fato de pessoas famosas admitirem publicamente que sofrem de TAB.

Tendo assistido a um vídeo do programa Plural, postado no blog Bipolar Brasil, descubro que há até muitas pessoas não-bipolares diagnosticadas como bipolares, e digo diagnosticadas por profissionais. É acessar o vídeo e conferir...

Mas, como eu dizia, parece que as pessoas em geral ainda não têm uma ideia exata do que é TAB e, frequentemente, entendem que TAB é estar triste num momento e alegre no outro (o que acontece com qualquer pessoa, isto é, qualquer um poderia se dizer bipolar, sem passar por um médico, sem se medicar, etc). E não, meu caro leitor; as pessoas normais não são loucas por agirem assim... Essa aparente loucura faz parte da normalidade e elas seguem sendo perfeitamente normais ao se comportarem desse modo.

Coisa parecida aconteceu com a palavra depressão, que entrou para o vocabulário popular como sinônimo de tristeza. Mas já falei sobre isso em outro post. Neste eu só queria frisar do que é capaz uma simples troca de nomes, além de apontar outros motivos para a popularização da palavra bipolar.

sábado, 30 de julho de 2011

Sou borderline e bipolar? Me explica isso direito

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Para que admitamos o transtorno borderline como comorbidade no transtorno bipolar, devemos, antes de tudo, caracterizar o TAB como enfermidade.
 
Comecemos com um exemplo bem fácil de entender. Imaginemos um bipolar tipo I, clássico, que alterna fases depressivas com fases maníacas. Tenhamos em mente também os períodos de vida normal dele. Pronto! Temos aí três momentos para analisar. Comecemos pelos dois primeiros.
 
Se temos episódios depressivos e maníacos bem definidos, sem lugar a dúvidas de que são realmente depressão e mania, e se eles se alternam vez após vez, constituindo os famosos ciclos que caracterizam o transtorno bipolar, já é mais que suficiente para que falemos em TAB. O transtorno bipolar não vai se manisfestar mais claramente do que isso!
 
Agora, tenhamos em mente os momentos de vida normal do nosso bipolar tipo I. Com momentos de vida normal, queremos dizer aqueles em que não se manifestam nem depressão nem mania. Agora o bipolar não passa por crises ou espisódios, o humor não está nem deprimido nem elevado. Em poucas palavras, agora o TAB não se manifesta através de crises.
 
E é justamente durante esses momentos de vida normal que devemos procurar elementos que nos permitam caracterizar o transtorno borderline. Não haverá ocasião mais adequada. Durante as crises do transtorno bipolar, você não poderá reconhecer nada ou quase nada que diga respeito ao transtorno borderline, ainda que não seja impossível perceber alguma coisa. Mas, como tanto o diagnóstico de TAB como o de TPB são considerados difíceis, não é necessário que você torne as coisas ainda mais complicadas do que elas já são!
 
Desse modo, é durante os períodos de vida normal do bipolar que encontraremos aqueles sintomas que caracterizam o borderline, se realmente houver esta comorbidade.
 
Mas talvez agora você diga: OK, assim parece simples. Mas como não confundir os sintomas do transtorno borderline, durante esses períodos de vida normal do bipolar, com os sintomas do TAB propriamente dito?

Aí é que entra em campo uma postagem já antiga do Mastigando Estrelas, que está entre as mais acessadas de todos os tempos, Qual é a diferença entre bipolar e borderline?

Tanto o bipolar como o borderline têm variações de humor, mas elas se manifestam de maneiras diferentes. As variações de humor do borderline obedecem a ciclos mais curtos, geralmente durando alguns minutos, às vezes algumas horas. As do bipolar obedecem a ciclos mais longos, isto é, duram pelo menos uma semana ou meses se ainda estamos falando de um bipolar tipo I.
 
O humor do bipolar obedece a fatores internos, isto é, não importa o que aconteça no mundo à sua volta, seu humor permanecerá deprimido enquanto durar a depressão ou continuará elevado enquanto durar a fase de euforia. O humor do borderline obedece a fatores externos, isto é, ele já reage ao mundo exterior, mudando de humor segundos às circunstâncias, daí que é normal que o humor do borderline vá mudando ao longo do dia segundo as situações que ele experimenta.
 
Sob forte pressão ou diante de um conflito, o borderline escapa ou pode escapar à realidade. É como se ele simplesmente ignorasse a questão ou não a tivesse ouvido, mudando de assunto ou dizendo algo desconexo, se participa de uma conversa, por exemplo.
 
Imagine que o borderline não queira viajar de férias para a casa de parentes e que a ideia da viagem o aflija ou o pertube sobremaneira. Talvez tenhamos este diálogo: Vamos viajar, estamos fechando a casa, você vai ficar aí? pergunta a mãe de uma borderline. Tenho tanta vontade de dançar! diz a borderline, liga o rádio e começa a dançar... Ela ouviu que estão fechando a casa porque a família vai viajar de férias?
 
Um bipolar, numa fase de mania, não querendo viajar, talvez ficasse irritado porque foi contrariado, dizendo mil coisas contra a viagem. Um bipolar, numa fase de depressão, talvez fiacasse parado, meio "perdido", ou fosse facilmente convencido a ir, sem mostrar grande oposição à viagem.
 
Outra boa diferença é a visão que cada um deles tem sobre as pessoas.
 
O borderline divide as pessoas em dois grupos bem distintos, ou elas são boas ou elas são más, ou elas são honestas ou elas são desonestas, ou elas só mentem ou elas só dizem a verdade, etc. Não há um bom meio-termo. É algo que nos lembra os personagens lineares dos romances antigos.
 
Há outras diferenças, certamente, mas fiquemos com essas. Já é o bastante para termos uma ideia. Note, entretanto, que o humor instável do borderline fica longe de constituir aqueles ciclos mais longos, de depressão e mania, como no caso de um bipolar tipo I.
 
Mesmo um bipolar tipo misto (o bipolar tipo misto também é tipo I, lembremos), mesmo um bipolar tipo misto não deve ser confundido com um borderline. O bipolar misto, mesmo aquele que alterna sintomas de depressão e euforia num só dia, terá episódios que duram pelo menos 7 dias e períodos de vida normal, isto é, ainda neste último caso teremos aqueles ciclos mais longos que caracterizam o TAB. Esses ciclos mais longos, como eu disse, não existem no TPB, ainda que o borderline também possa sofrer de uma depressão que já não é exatamente aquela que vemos no TAB.
 
O que acontece é que um bipolar misto pode ser confundido ainda mais facilmente com um borderline, porque os sintomas de depressão e euforia, se eles se alternam rapidamente, podem lembrar aquelas variações de humor mais curtas do boderline. Ainda assim, queria notar que esses sintomas de depressão e de euforia do bipolar misto constituem o humor misto, isto é, constituem um só estado de humor e, não, vários estados de humor.
 
Na cilcagem ultradiana, sim, temos vários episódios (e não um só) acontecendo num só dia ou ao longo de um período de horas.
 
Detalhe. Outra maneira de o episódio misto se manifestar é aquela em que os sintomas de depressão e euforia coincidem. Também há o episódio misto inespecificado, que pode não durar 7 dias.
 
Além do mais, tenhamos em mente que o TPB não é a única comorbidade possível no TAB. Há inúmeras outras. TDAH e TEPT, por exemplo, também podem fazer uma confusão dos diabos quando se busca o diagnóstico correto de TAB. Daí que o diagnóstico correto nem sempre está correto...
 
Mas, para não irmos além do que o título da postagem prometia, daqui por diante tenhamos em mente apenas os transtornos boderline e bipolar.
 
Embora TAB e TPB possam ser confundidos facilmente um com o outro num primeiro momento ou durante muitos anos, há diferenças entre eles. Você pode ser borderline, você pode ser bipolar ou você pode ser tudo junto e misturado. Em linguagem mais correta, você pode ser bipolar, boderline ou bipolar tendo como comorbidade o transtorno borderline.
 
Ainda sobre o TPB como comorbidade no TAB, não sei se todos os médicos veem o transtorno borderline como possibilidade de comorbidade, mas creio que ao menos a maioria esteja a par da questão.
 
Espero ter explicado direito. Qualquer coisa, escrevo outra postagem. Vamos ver...
 
 
Leia mais
Diana BBB11 - análise psicólogia
Qual é a diferença entre bipolar e borderline?
O que os leigos deveriam saber sobre bipolares

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Marta {resenha} + Promoção


Marta é um romance
da Editora Schoba
Saiu uma resenha bem bacana do romance Marta, no Primeiro Livro. Lembremos que este romance é bastante especial, porque a personagem-título é bipolar...

Além da resenha, feita pela Amanda Cristina, que já leu o livro, também há uma superpromoção para quem deseja concorrer a um exemplar de Marta. Acesse o Primeiro Livro e veja como é muito fácil concorrer! Muitas pessoas já estão esperando pelo sorteio! Se você é bipolar ou está apoiando um ente querido bipolar, está aí uma ótima oportunidade de conseguir um exemplar...
 
A opinião da Amanda Cristina, que aparece na resenha, é muito importante; porque ela não é bipolar. Isso mesmo! Ela não é bipolar. Agora, pense bem: Se ela foi capaz de gostar de Marta, por que outros não-bipolares não poderiam gostar também? Creio que essa seja uma excelente maneira de reduzir o estigma, além de oferecer uma ótima leitura ou passatempo às pessoas leigas, que, de modo geral, querem apenas ler.
 
Ao acessar o Primeiro Livro, veja os inúmeros comentários de pessoas que estão concorrendo a um exemplar e que deixaram sua primeira impressão após ler a resenha. Lembre-se de que Marta é como você ou como aquele ente querido que você está apoiando.

"Ela corre risco de vida"


Fico pensando em autores antigos, que levavam anos ou décadas escrevendo e reescrevendo suas obras, até que as dessem a público. Muitos autores bons ou geniais não lançavam mais que um livro ou outro durante toda a vida. E, porque era assim, eles deveriam caprichar bastante... É como se eles só tivessem uma bala ou duas no tambor do revólver e, por isso, caprichavam na pontaria...

Mas os autores de hoje não costumam recorrer a longas reflexões, a longos cuidados... Às vezes, uma expressão correta e elegante, que foi usada por séculos ou milênios, desaparece do dia para a noite, simplesmente porque alguém que mal refletiu um segundo sequer concluiu: Isto está errado, vou corrigir. E corrige para a forma errada. Se estamos falando de uma pessoa influente, a forma corrigida é copiada à exaustão e substitui a antiga... 

O motivo deste post é que tenho ouvido e lido muito a expressão correr risco de morte ultimamente. Tentemos entender...


Risco de morte

A preposição de pode nos oferecer várias ideias: posse, relação, etc.

Se dizemos a casa de João, a preposição de nos dá a ideia de posse. A casa pertence a João. Mas, se dizemos tábua de carne, não queremos dizer, obviamente, que a tábua pertence à carne! Neste último caso, a preposição de nos dá a ideia de relação. A tábua, de algum modo, está relacionada à carne.

Sendo assim, se dizemos que uma pessoa corre risco de morte, o que estamos dizendo? Que o risco pertence à morte?! De modo algum! Seria ridículo entendermos que a preposição de, nesse caso, nos dá a ideia de posse.

Mas poderíamos entender que a preposição de, nesse caso, nos dá a ideia de relação? Tampouco. Não faz sentido dizer que há um risco relacionado à morte de alguém, porque a morte de todos já está garantida; é coisa certa (a menos que estejamos falando de algum highlander ou membro da Academia Brasileira de Letras, é claro! Os membros da Academia, assim como os highlanders, são
imortais...).

Talvez alguém diga que correr risco de morte é o mesmo que correr um risco mortal. Puro engano. Seria o mesmo que dizer que tábua de carne equivale a tábua carnal... Não confundamos locução adjetiva com complemento nominal.

Só faz sentido dizer risco de morte quando queremos dizer possibilidade de morte. Exemplo: A possibilidade (ou o risco) de morte é maior na medida em que uma doença se agrava.


Risco de vida

Mas, se dizemos que uma pessoa corre risco de vida, o que estamos dizendo? A preposição de, como no caso anterior, tampouco nos dá a ideia de posse. Não queremos dizer que a vida é dona do risco! Mas, agora sim, a ideia de relação faz sentido; porque, agora sim, queremos dizer que há um risco relacionado à vida de alguém, seja porque essa pessoa sofreu um acidente, seja porque passou por um grande perigo, etc.

Veja: Há uma música da década de 80 que diz: Meu prazer virou risco de vida. Não faria muito sentido dizer que Meu prazer virou risco de morte...

Tentemos entender melhor. Se substituíssemos o substantivo risco pelo verbo arriscar, diríamos que alguém arrisca a própria morte ou que alguém arrisca a própria vida ao passar por um grande perigo?

Não sei você, meu caro leitor, mas de minha parte, enquanto algumas pessoas arriscam a própria vida e a perdem, eu adoraria arriscar minha própria morte e perdê-la... Garanto a você que ela não me faria falta e que eu poderia continuar vivendo sem ela perfeitamente!


Risco de morrer

Muitas pessoas, entretanto, acabam optando por uma saída estratégica pela esquerda, isto é, não adotam nenhuma das duas expressões anteriores, mas, sim, correr risco de morrer. É o caso do Jornal Nacional. (Enquanto a Rede Globo parece ter adotado a expressão correr risco de morrer, a Record parece ter adotado a expressão correr risco de morte. Repare. Preste atenção. Os grandes jornais costumam ter os seus manuais de estilo e redação.)

Dia 30 de maio, por exemplo, o William Bonner disse Ela não corre risco de morrer. Certamente essa expressão faz sentido e está correta, mas, perguntemos, ela é elegante como correr risco de vida?

Talvez alguém diga que isto tudo se trata de evolução do idioma. Mas, se estivéssemos falando de roupas, eu diria que estamos trocando algumas de nossas melhores peças por farrapos, tudo em nome de novidades que nem sempre são sinônimos de evolução ou melhoria.


Moral da história? Está difícil trocar os autores antigos pelos novos... E já disseram outro dia, na TV, que nossas referências na escrita estão ficando velhas.


Um conselho. Se você já usou a expressão correr risco de morte ou correr risco de morrer em posts anteriores, não se desespere. Garanto a você que todos os seus leitores entenderam perfeitamente o que você quis dizer. Não é preciso revisar cada um de seus 500 posts já publicados! Mas reflita sobre isto que lhe digo hoje e pense se, daqui para frente, você não gostaria de manter a velha e boa, correta e elegante expressão correr risco de vida...


Leia mais
O futuro da palavra bipolar
Navegar é preciso, viver não é preciso

 
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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Minha última aventura virtual

Voltamos a estar no endereço antigo (mastigandoestrelas.blogspot.com). Também voltamos a usar o nome de antes: Mastigando Estrelas.

Os links para este blog já estão atualizados, isto é, você já deve estar vendo as últimas postagens do Mastigando Estrelas em seu blog, tanto no painel como no blogroll. Em poucas palavras, tudo voltou a ser como antes no quartel de Abrantes, e você não precisa fazer absolutamente nada para continuar acompanhando o ME. Simples assim...

Mas por que diabos voltamos ao endereço e ao nome antigo? Há várias respostas (isto é, nem eu mesmo sei explicar direito, mas vou tentar)...

Melhor resposta: Entres os resultados de pesquisa do Google, há muitos links que direcionam o internauta para o endereço mastigandoestrelas.blogspot.com. Seria uma pena deixar de contar com eles. Cerca de 60% dos nossos visitantes são pessoas que nos acessam através da página do Google. (Também seria possível manter ambos os endereços, o antigo e o novo, em vez de um; e usar um código de redirecionamento. Assim, quem acessasse o endereço antigo, seria automaticamente redirecionado para o novo. Mas preferi voltar a como era antes.)

Pior resposta: Estrela Bipolar me pareceu um bom nome para rebatizar este blog, já que temos publicado várias postagens sobre transtorno bipolar. Mas, ainda que inicialmente aquele novo nome me parecesse adequado, não deixei de estranhá-lo depois... Imaginava que, com o tempo, eu me acostumaria, mas, ao longo destas últimas 48 horas, a sensação de estranhamento foi aumentando cada vez mais. Curioso? Curioso. Não deveria ser o contrário?

Enfim, aprendi algumas coisas com esta minha última aventura virtual e publiquei este post para dividir a experiência com você, caro leitor, como outros blogueiros que trocaram de endereço e também deram o seu testemunho. Fui até onde muitos de nós não haviam experimentado ir e voltei são e salvo para contar, ou pelo menos acho que sim...

Se você que me lê estava pensando em mudar o URL (o endereço do blog na Internet), já pode contar com esta minha experiência pessoal antes de decidir...

A mudança do URL, obviamente, pode ser muito conveniente em pelo menos alguns casos. Por exemplo: Se criamos o endereço dicas de portuguez para o vestibular . blogspot . com, começamos a publicar e não percebemos a grafia errada, sempre será oportuno passarmos para o endereço dicas de portugues para o vestibular . blogspot . com...


Moral da história? Fui implusivo. Ainda bem que eu não estava mexendo com eletricidade ou dinamite...

Qué debería saber la gente en general sobre bipolares

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Para leer este texto en portugués, haz clic aquí.


Diferentemente de lo que muchos piensan, ser bipolar no es sentirse triste en un momento y alegre en el próximo, no es quedarse indeciso sobre viajar a Nueva York o reemplazar los muebles de la sala por otros, porque el dinero no es suficiente para ambas cosas, no es hacer todo lo que se quiere por capricho o por antojo.

Todos nos quedamos alegres o tristes cuando tenemos razones, lo que es muy natural. Todos tenemos sentimientos y reaccionamos a las circunstancias, proque estamos pegados a la realidad y no podemos huir de ella, por lo menos no mucho si somos realistas y tenemos nuestros pies en el suelo.

Pero incluso los soñadores y los optimistas no dejan de reaccionar a las circunstancias o al mundo exterior. Lo que marca la diferencia es que un soñador u optimista se alegra por cosas que él ve en el futuro, por cosas en las que él cree, no dejando de encontrar razones en el mundo exterior para ser contente... El optimismo no viene de la nada.

El que se desespera o pierde sus esperanzas también ve en el presente o en el futuro algo que lo desalienta, no dejando de ser una reacción al mundo exterior. Hay razones, por lo tanto.

Pero un bipolar es distinto. Un bipolar pasa por momentos de euforia o depresión que no dependen del mundo exterior o de las circunstancias a su alrededor. Un bipolar no necesita razones para su euforia o su depresión. Por supuesto él puede ter razones para estar feliz o triste y, a la vez, estar pasando por una fase de manía o depresión. Nada impide que haya esta coincidencia. Su ascensión en la carrera puede coincidir con el comienzo de una crisis eufórica.

Aunque factores externos pueden contribuir a las crisis o incluso hacer que empiecen, ellos no deberían ser vistos como justificación para estas crisis. El trastorno bipolar hace que todo sea diferente...

En general, con el tiempo la depresión empieza a venirle sin razón aparente, y el bipolar ya no sabe por que sufre, ya no encuentra en el mundo exterior las razones de su sufrimiento. Eso, de ningún modo, puede ser confundido con tristeza.

Mira: Si el bipolar pasa por una cirsis eufórica, el mundo a su alrededor le puede dar razones para ser triste, pero, mientras durar la fase de euforia, su humor seguirá elevado. No habrá lo que llamamos tristeza. Tal vez el bipolar se irrite porque fue contrariado o porque alguién le mostró que él está siendo exagerado, pero él no perderá el ánimo mientras la fase eufórica no se acabe o no sea estabilizada por medicamientos...

Y eso es lo que muchos no entienden. El bipolar no está eufórico porque lo quiere o porque encontró razones para estarlo, pero debido a factores internos que él no puede controlar. El bipolar no pide que su humor se eleve, ni puede pedir que vuelva a su normal. No es algo que depende del bipolar. No es algo que obedece a factores externos. Lo mismo pasa con respecto a la depresión. De ser así, resulta poco sensato, de la parte de familiares o amigos, pedir que el bipolar ablande su ánimo durante las fases de euforia o que él se anime durante las de depresión... En fin, nadie da lo que no tiene. Y, sin medicamentos, el bipolar no puede tener su humor bajo control durante las crisis. Es necesario recurrir a la medicación para que el humor sea estabilizado, es decir, para que el humor deje de estar elevado o deprimido...

Si el bipolar se encuentra en una fase depresiva, por ejemplo, eso ni siquiera de lejos es lo mismo que estar triste. La depresión obedece a factores internos: de nada vale contarle un chiste, invitarlo a fiestas o ofrecerle lo que antes lo alegraba. Porque ahora es distinto. Mientras dure la fase depresiva, el bipolar reaccionará de modo depresivo al mundo exterior, a las circunstancias. La depresión, así como la euforia, obedece a factores internos, dictando al bipolar como él reaccionará al mundo aquí fuera.

El bipolar, durante las crisis, tiene un mundo dentro de sí mismo que no se comunica con éste aquí. Tú no puede esparar que un bipolar vea el mundo con los mismos ojos que tú si él por casualidad pasa por una fase depresiva o eufórica. No será el mismo mundo para ambos. Vosotros os podéis ir lado a lado, pero no estarán pisando el mismo suelo o viendo el mismo paisaje... Si un bipolar está deprimido y cruza una desierto durante el día, el mundo le resultará frío y gris.. Si está eufórico, él pasará nieve y frío y se sentirá calentado.

En las fases de euforia, todo le resulta posible al bipolar. En las de depresión, incluso levantarse de la cama puede ser una tarea ardua.

La depresión, así como la euforia, debe ser controlada por medicación. Sin medicamentos, una crisis maníaca puede durar meses o más, una crisis depresiva no controlada por medicamentos se puede manifestar un tiempo aun más grande...

La mejor intervención por parte de familiares es buscar ayuda médica. La mejor intervención de la parte de amigos es sugerirla. No hay remedios caseros como consejos, reprensiones o castigos... Y, cuanto antes venga la ayuda médica, mejor. Estar atento a lo que es tristeza, para no confundirla con depresión, es fundamental. La tristeza, este sentimiento unviersal que todos experimentamos, no es enfermedad, pero la depresión sí lo es. Al igual, la alegría es un sentimiento, pero la euforia está más allá de esta alegría o del exceso de energía.

No confundir una cosa con la otra puede ser la diferencia entre un diagnóstico pronto de trastorno bipolar y un periodo largo de sufrimientos innecesarios. No esperes que algo grave suceda. Si tú sospechas de algo, busca ayuda profesional de inmediato. Si acaso no sea nada, mejor aun...

Pero, como muchas personas cerran sus ojos para los síntomas, creyendo que no es nada, que esto se acabará tarde o temprano, muchos bipolares dejan de recibir el diagnóstico al pronto y el tratamento adecuado. Diez años, un década, es el tiempo promedio para que el diagnóstico correcto llegue. Mientras tanto, el sufrimiento puede ser grande. No tener el propio humor bajo control lleva al bipolar a hacer cosas que él no haría si no fuera el trastorno bipolar. Hay una fuerza más grande que lo rige en estos momentos.

Durante las fases de euforia, él se puede exporner a situaciones de peligro, arriesgando su existencia sin darse cuenta, a veces hiriéndose o perdiendo su vida. Él puede estar más dispuesto a relaciones con otras personas, al abuso de álcohol, etcétera. Se puede sentir superior a los riesgos o las dificultades que surjan en su camino, aunque en realidad no sea capaz de afrontar estos riesgos sin dãno de su persona o de superar estas dificultades. Durantes las fases eufóricas, él reacciona de más al mundo exterior, de modo no proporcional a las circunstancias.

Durante las fases depresivas, pasa lo contrario. Todavía de forma no proporcional, ahora él reacciona de menos al mundo exterior; es menos capaz de impornerse a los demás o a las circunstancias. Él pierde su ánimo incluso para tareas que antes podía cumplir fácilmente o para diversiones que antes le satisfacían. Asimismo, existe el riesgo de que el bipolar intente el suicidio.

Como vemos, existen riesgos a la integridad física o la vida tanto en la euforia como en la depresión. Ambas fases son dos lados de la misma moneda, y ninguna debería quedar sin cuidados. Estar alegre es bueno, pero estar eufórico puede ser arriesgado y triste...

Como he dicho arriba, no confundir alegría con euforia, no confundir tristeza con depresión puede marcar la diferencia. La grande diferencia. Puede ser la diferencia entre una vida normal desde el principio de la enfermedad y aquellos diez años sin tratamiento adecuado. Puede ser la diferencia entre un intento de suicidio y una vida plena o feliz. Puede ser la diferencia entre tener a un familiar o amigo bipolar a su lado y perderlo por omisión...

Por supuesto el trastorno bipolar se pude manifestar en otras maneras. A veces euforia y depresión se unen o se alternan en tal modo, que constituyen una sola fase, la mixta. Pero a través de este texto tú empiezas a tener una idea de lo que es ser bipolar. Es mucho más que estar alegre en un momento y triste en el próximo. Es una condición particular, casi nunca comprendida por terceros. Es el tema que está en la moda, pero entendido superficialmente como todo aquello que no es objeto de estudios o reflexión.

Reducir el estigma y estimular el tratamiento son las mejores acciones que podemos llevar a cabo con respecto al trastorno bipolar. Haz tu parte. Si quieres saber algo más sobre el tema, frecuentemente visita páginas sobre el tema en Internet o síguelas.

Según algunos números, incluidas las formas más blandas del trastorno, un 6 a 8 por ciento de la problación mundial es bipolar...

De verdad, ¿no conoces a ningún bipolar tú? Mira a tu alrededor de nuevo... Pero recuerda que, con información, vemos mejor...


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Trastorno Bipolar en español

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Trastorno Bipolar en español


Si estás buscando textos sobre trastorno bipolar, ¡has venido al lugar exacto!

Los últimos meses este blog ha publicado varios textos sobre trastorno bipolar en portugués. Ahora es la vez de hacerlo en español. Empezaremos a traducir algunos de nuestros textos al castellano para que más y más personas los puedan leer. Si vives en España o en el mundo de habla hispánica, sé bienvenido; este blog es tuyo; estas palabras son para tí.

No tengo qué ganar con estas traducciones, sino la satisfacción de saber que más y más personas leen los textos del blog Mastigando Estrelas. Muchos ya lo hacen en portugués, tanto en Brasil como en Europa. Y las visitas al blog van en aumento. Cada vez más, recibimos visitas de personas de todo el Brasil y otras partes del mundo de habla portuguesa que quieren leer sobre trastorno bipolar y temas relacionados con él. Asimismo, queremos compartir nuestros textos con más y más personas, no sólo en portugués sino también en tu lengua...

Lee el primer texto traducido, programado para mañana por la mañana, o síguenos desde ahora. Haz como muchos ya lo hacen en Brasil y otras partes del mundo...

Principalmente, siéntete bienvenido.


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Qué debería saber la gente en general sobre bipolares

Sites legais - TAB-IA


Quem acompanha o Mastigando Estrelas sabe que de vez em quando menciono o TAB-IA.

TAB-IA significa Transtorno Bipolar na Infância e na Adolescência.

De modo geral, o que é típico em TAB adulto é atípico em TAB-IA e vice-versa.

Ainda assim, o TAB-IA é dividido em TAB na Infância e TAB na adolescência. As maiores diferenças se encontram entre TAB adulto e TAB na Infância. O TAB na Adolescência é uma espécie de meio-termo entre os outros dois.

Sendo assim, temos:
1) TAB na Infância;
2) TAB na Adolescência; e
3) TAB adulto.

Os três têm características próprias, sendo que as maiores diferenças são encontradas, como eu disse, quando comparamos 1) e 3).

Além do mais, bipolares adultos que manisfestam o TAB ainda na infância e adolescência costumam ser diferentes daqueles bipolares adultos que apresentam os primeiros sintomas mais tardiamente. Com diferentes, quero dizer que eles, mais facilmente ou mais cedo, apresentam episódios mistos, ciclos rápidos, etc. Esses dados sugerem que o Transtorno Bipolar de início na infância apresenta um prognóstico pior do que o de início na idade adulta (...). Desanimador? Nem tanto. Porque talvez, provavelmente, se trate de uma doença de padrão crônico e com melhora lenta do quadro, ao contrário do que é observado mais comumente em adultos. (ProCAB.)

Note bem: melhora lenta do quadro. Isso nos dá uma ideia de como é, para um bipolar, passar da infância e adolescência à vida adulta.

Além do mais, não é curioso, por exemplo, que uma criança ou adolescente, apresentando sintomatologia mista, veja essa sintomatologia se abrir em depressão e mania (duas fases distintas) mais tarde, anos depois? Num adulto, se o TAB se agrava, acontece o contrário: fases distintas (depressão e mania) se fecham numa só (a mista)!

Para saber mais sobre TAB-IA, ou para ler textos objetivos sobre o assunto, você pode visitar a página do ProCAB na Internet. O ProCAB, que significa Programa de Crianças e Adolescentes Bipolares, é submetido ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Os textos que você encontrará nesta página são bem acessíveis, destinados a pessoas leigas, de modo que é um excelente primeiro passo para quem deseja se informar.

Talvez gostem da página do ProCAB:
a) Não-bipolares que têm filhos bipolares;
b) Bipolares que têm filhos bipolares;
c) Bipolares que têm filhos não-bipolares (fique atento ao fator hereditariedade);
d) Bipolares adultos que manifestaram o TAB ainda na infância ou adolescência e que queiram entender melhor não só o que aconteceu, mas, principalmente, o que está acontecendo...

Você também pode participar do ProCAB com cartas/relatos. Não há muitos casos relatados de bipolares adultos que manifestaram o TAB ainda em tenra idade. O TAB-IA, ao menos oficialmente, ainda é uma novidade.


Leia mais
Transtorno Bipolar
Bipolares não-diagnosticados
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Blogs legais - Transtorno Bipolar

terça-feira, 26 de julho de 2011

Mastigando Estrelas agora é Estrela Bipolar

O blog Mastigando Estrelas passou a se chamar Estrela Bipolar.

Como atualmente a maior parte das postagens do blog fala de transtorno bipolar e temas relacionados, nada mais adequado do que indicar essa predileção já no título da página.

Se Abrão, Sarai e Jacó puderam ter os seus nomes mudados para Abraão, Sara e Israel, respectivamente, por que este blog tampouco poderia ser rebatizado? As mudanças de nome, ao menos na Bíblia, costumam estar associadas a novos tempos ou a uma nova fase na vida daqueles que tiveram os nomes trocados. Vamos ver se isso também funciona para blogs...

Eu já vinha me perguntando se este era um blog bipolar. Recentemente decidi que sim. Além do mais, além das postagens sobre TAB já publicadas, outras tantas estão vindo por aí, quase chegando... É esperar para conferir.

Ainda que estrela bipolar (português), estrella bipolar (espanhol), bipolar star (inglês), stella bipolaris (latim), etc., não sejam os nomes mais originais do mundo, parece que, de modo geral, eles fazem uma brincadeira com "estrela polar". Neste blog, entretanto, Estrela Bipolar não se trata de uma brincadeira... Desse modo a originalidade de Estrela Bipolar, neste blog, fica por conta do sentido com que o nome é usado.

O nome atual também é uma maneira de manter parte do nome antigo, porque a palavra Estrela continua presente no título do blog. Sendo assim, na verdade, só mudamos 50% do nome!


Outras mudanças recentes no blog foram a exclusão de alguns gadgets, de modo que a página ficasse mais clean ou pelada, com menos elementos de página. O blog ficou mais enxuto, parece até mais jovem, isto é, parece que foi criado ontem... mas com um arquivo que não é de hoje...

O Mastigando Estrelas, digo, o blog Estrela Bipolar gostaria de contar com sua compreensão. Sei que algumas pessoas podem estranhar estas mudanças, mas pensemos que elas são para melhorar o blog de algum modo. Cada pequena melhora vale a pena. (Se bem que nunca sabemos exatamente o que é melhoria a não ser que experimentemos algumas mudanças.)

Ainda que o blog tenha passado a se chamar Estrela Bipolar, espero que você não se importe se eu postar, ao menos de vez em quando, textos relacionados a outros temas. Afinal, não sejamos tão radicais assim...



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Minha última aventura virtual

Frejat - Amor pra Recomeçar

letra baseada em Desejo, de Victor Hugo

domingo, 24 de julho de 2011

Transtorno Bipolar e Razões Para o Otimismo, de José Luís

Este texto foi traduzido do Blog Hispano Trastorno Bipolar. Se preferir ler este post na íntegra e em seu idioma de origem, clique aqui.
 
 
Não se trata apenas de uma convicção pessoal, que, a cada dia que passa, se faz mais forte em meu coração... e no coração de milhares de pessoas no mundo. Não é só o produto de uma esperança cega, nem de uma fé extrema nos avanços médicos... Nem, muito menos, eu baseio esta afirmação em minha ferrenha crença de que com valor, esforço e amor tudo é possível.

Assim José Luís, autor do Blog Hispano Trastorno Bipolar, vai escrevendo este post para seu blog.
 
Existem objetivamente vários motivos pelos quais se pode e se deve ser otimista.
 
O primeiro e mais importante é a compreensão física e biológica da enfermidade. Nos últimos 15 anos, o investimento tanto público como privado provocou um salto importantíssimo nas pesquisas em comparação com o período anterior. Os médicos não só entendem melhor o mecanismo a que obedece a enfermidade, mas também se experimentou o suficiente para cortar os sintomas mais incômodos de maneira efetiva.
 
Hoje em dia, um diagnóstico rápido faz com que a enfermidade cause muito menos sofrimento graças ao fato de que os tratamentos atuais conseguem uma altíssima porcentagem de sucesso, fazendo com que o paciente viva a maior parte do tempo sem sintomas.
 
Inclusive nos casos mais difíceis de tratar, nos quais o paciente tolera mais dificilmente a medicação ou esta lhe proporciona menos benefícios aparentes, a combinação de novos fármacos (desenvolvidos nos últimos anos), demonstrou que pode mitigar o suficiente os sintomas para que o bipolar possa levar uma vida normal e ser feliz, com todas as letras que tem a palavra felicidade.
 
Outra razão pelas quais hoje é mais provável ter uma vida estável, plena e feliz apesar do transtorno bipolar é que os cônjuges, amigos e familiares dos pacientes têm começado a compreender a necessidade e os benefícios de conhecer a fundo a enfermidade...


(...)
 
Para que não nos enganemos: o transtorno no qual vive o bipolar, em que se desenvolvem seus ciclos e mudanças de ânimo, em que ele ri, chora, se irrita, ama e odeia... é o responsável muitas vezes pelo fato de que este não possa enfrentar com sucesso a condição bipolar.
 
Graças a este enorme passo adiante dado por muitas famílias, tem-se conseguido (com dados, números e rigorosos estudos na mão) que se reduzam as temidas recaídas do paciente. Uma adequada observação e identificação dos sintomas, assim como dos fatores que os desencadeiam, é muitas vezes decisivo na hora de conseguir melhorias radicais.
 
Só nos casos em que o paciente não consegue o tratamento adequado, consome drogas ou álcool ou se nega sistematicamente a si mesmo como bipolar, o prognóstico é grave... mas ainda assim, com o apoio adequado de seus entes queridos, existe uma luz ao fim do túnel.


(...)
 
É um dever não só ético e moral, mas também emocional, de compromisso e de amor. Os familiares e os cônjuges devem ir em ajuda do enfermo. E devem fazê-lo com todas as armas e conhecimentos a seu alcance... Porque realmente existem modos de ajudar a um bipolar e guiá-lo pelo caminho da recuperação.
 
Por outro lado, também está havendo progressos de consciência por parte da sociedade, o que faz com que a integração social e laboral das pessoas que padecem de transtorno bipolar seja cada vez mais possível. Atualmente, milhares de pessoas diagnosticadas com esta enfermidade desenvolvem carreiras profissionais de sucesso, tanto no mundo das finanças como das letras, da ciência ou da arte... E também, no âmbito privado, elas conseguiram melhorar a relação com seus cônjuges e logram dia após dias viver o sonho de uma vida sem medo da sua própria condição.
 
De verdade, espero que estas palavras possam te servir de alento.


(...)
 
José L. González



PS - Como, depois de ter lido o texto acima, eu poderia não compartihar ao menos uma parte dele com vocês, leitores do Mastigando Estrelas?


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Transtorno Bipolar
Marta - Romance

sábado, 23 de julho de 2011

O que os leigos deveriam saber sobre bipolares

Saiu um post meu lá no Bipolar Brasil. Para conferir, clique aqui.

O post se chama O que os leigos deveriam saber sobre bipolares.


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Transtorno Bipolar
Bipolares não-diagnosticados
Revelar a bipolaridade ou não revelar. Eis a questão
Blogs legais - Transtorno Bipolar

Mundo Bipolar: "Loucos e Santos" é composição de Oscar Wilde?


OSCAR WILDE: ESCRITOR
IRLANDÊS ERA BIPOLAR
Por um segundo pensei em publicar o poema Loucos e Santos, do Oscar Wilde, aqui no Mastigando Estrelas. Mas mudei de ideia. Por quê? Ora! O poema simplesmente não é dele, mas de Marcos Lara Resende...

Há vários textos circulando pela Internet, atribuídos a este ou aquele autor, mas na verdade a autoria dos textos é bem outra...

O poema, na verdade, chama-se Amigos Loucos e Sérios. O primeiro verso dele, Meus amigos são todos assim..., costuma ser omitido. Daí que podemos encontrá-lo na Net com mais de um título, e geralmente começando pelo segundo verso...

Loucos e Santos é o título mais popular. O segundo verso, convenhamos, também é mais chamativo para começar o poema, atraindo a atenção do leitor...

Mas, se você tentar achar o original em inglês, o que acontece? Encontrei um poema chamado Crazy and Saints (Loucos e Santos) e o texto em inglês corresponde ao texto em português. Mas o texto em inglês não aparecia em nenhum site confiável... Como confiar?

Consultando sites confiáveis, não encontrei o poema nem menção a ele. Visitei sites sobre Literatura Inglesa, escritos em inglês, obviamente. Visitei sites especializados na reprodução de poemas, como Poem Hunter, onde há 116 composições originais de Wilde.

Restou-me o site da Ana Maria Braga, em português. Nele Loucos e Santos (ou melhor, Amigos Loucos e Sérios) aparece atribuído a Lara Resende, mas não a Wilde... Confiável? Parece que agora sim... Porque o poema havia sido publicado como de Wilde nesse site, até que, mais tarde, fizeram a correção devido a e-mails recebidos, alertando sobre o equívoco...
 
Mas por que o texto é tão comumente atribuído ao escritor irlandês? Talvez seja porque há, em O Retrato de Dorian Gray, uma frase muito semelhante ao primero verso de Loucos e Santos:

I choose my friends for their good looks, my acquaintances for their good characters, and my enemies for their good intellects. A man cannot be too careful in the choice of his enemies.
Traduzindo:
Escolho os meus amigos pela sua boa apresentação, os meus conhecidos pelo seu bom carácter e os meus inimigos pela sua boa inteligência. Um homem não pode ser muito exigente na escolha dos seus inimigos.
Lembra bastante o segundo verso de Loucos e Santos:
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Talvez daí tenha nascido essa confusão sobre a autoria do poema. Confusão ou má-fé, nunca se sabe... Mas a confusão (quero crer que seja confusão) se espalhou pela Web como uma praga, incluindo sites respeitados...
 
Encontrei Loucos e Santos numa página sobre Oscar Wilde, na Wikiquote, site de informação semelhante à Wikipédia. Mas, se o poema é realmente de Wilde, por que ele aparece em português sem menção a tradutores na Wikiquote? O poema foi vertido à nossa língua pela mão do acaso?
 
Você também pode encontrar este poema, atribuído a Wilde, no Pensador UOL.
 
Mas o que acontece com sites como Wikiquote e Pensador UOL? Os textos que aparecem neles são provenientes dos Internautas, qualquer um pode reescrever esses textos a qualquer momento, de modo que não há uma fonte identificada que possamos chamar de confiável. Seja como for, para fazer justiça a estes sites, os textos da Wikipédia, por exemplo, raramente passam mais do que algumas horas com alguma informação errada, porque há tantos milhares de internautas visitando essa página, que mais cedo ou mais tarde um conhecedor do assunto corrige a informação...
 
Já em listas de "obras falsas divulgadas pela mídia", Loucos e Santos sempre aparece como de Lara Resende e, não, de Wilde...
 
É claro que não vasculhei toda a Internet, nem poderia, mas tive o cuidado de visitar ao menos algumas páginas...
 
Agora, deixemos o mundo virtual... Não deveríamos procurar por esse poema de Wilde em obras impressas, os famosos livros de papel? Não se encontra esse poema, ao menos ninguém parece encontrá-lo, nas obras completas do irlândes Wilde... Mas tampouco parece haver um livro (alguém aí sabe de um?) com este poema publicado como sendo de Lara Resende (que não deve ser confundido com Otto Lara Resende, para que esta confusão não seja ainda maior...). Talvez o poema tenha sido publicado numa revista ou tenha apenas circulado entre amigos de Lara através de cartas, como saber?, vazando para a Internet de modo que já não identificamos facilmente uma fonte...
 
Mas basta! Vamos ao poema, com seu título original, incluindo aquele primeiro verso geralmente omitido.



Amigos loucos e sérios
 
Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.
                                                                                                       

       
                                                                                     Marcos Lara Resende


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Blogs legais - Transtorno Bipolar
Série "Bipolares famosos"

Dia Mundial do Rock e o Transtorno Bipolar
Navegar é preciso, viver não é preciso                     

sexta-feira, 22 de julho de 2011

"Navegar é preciso, viver não é preciso"


POMPEU FOI ESPIRITUOSO
 AO PROFERIR O ADÁGIO,
NÃO MELANCÓLICO

De quando em quando, alguém tenta interpretar esse adágio, e daí surgem artigos na mídia escrita e na TV. Curiosamente, todas as tentativas de interpretação são iguais, porque todos chegam à mesma conclusão...

Todos entendem que preciso talvez esteja empregado com o sentido de exato e, não, com o sentido de necessário. Sendo assim, deveríamos entender que Navegar é exato, viver não é exato. Faz sentido? Sim. E não só faz sentido, como também deixa o sentido do adágio muito mais bonito: Navegar é uma ciência; é exato. Só a vida não é exata, porque a vida não nos dá certeza de nada.

Mas sejamos críticos; o século XIX, com os seus poetas ingênuos, já passou. Sendo assim, perguntemos: Por que alguém entendeu que preciso está empregado com o sentido de exato e, não, com o sentido de necessário? Provavelmente porque alguém se lembrou de que preciso pode ter ambos os sentidos e optou por um deles, isto é, simplesmente aventou uma hipótese, talvez imaginando que a ideia de exatidão daria ao adágio uma interpretação que, além de nova, seria mais bonita. Provavelmente um bom dicionário foi consultado.

O que há de errado nisso? Nada. Às vezes eu também viajo na maionese e frequentemente consulto dicionários...

Mas, levando a questão para outro terreno, você, meu caro leitor, não me consideraria tolo se eu me deixasse seduzir por uma garota só porque ela é bonita, perdendo todo o meu senso crítico enquanto ela me faz de bobo? Pois é! Tampouco devemos nos deixar levar pela beleza de uma frase, por mais bonita que possa ser, enquanto ela nos faz de tolos...


O sentido verdadeiro

Para entendermos bem esse adágio, devemos saber, antes de tudo, História Antiga e Latim. Explico:

Pompeu deveria escoltar uma frota que levaria mantimentos da Sicília até Roma. Porque os romanos estavam às voltas com a escassez de comida durante uma revolta de escravos, liderada por Espártaco. Na Sicília, o comandante da frota achou melhor adiar a partida para Roma, prevendo mau tempo no mar. Foi então que Pompeu disse Navigare necesse, vivere non necesse.

O verbo empregado, notemos, é necessere, que tem o sentido de necessitar, mas não tem o sentido de ser exato... Do verbo latino necessere é que veio o verbo necessitar em português, que não nos dá a ideia de exatidão, mas de necessidade.

Se o adágio tivesse sido traduzido ao pé da letra para o português, Navigare necesse, vivere non necesse teria ficado assim: Navegar necessita, viver não necessita, o que, num português de gente, seria Urge navegar, viver não urge ou Navegar é necessário, viver não é necessário.

(Urgir significa ser necessário.)

Mas quem fez a tradução optou por Navegar é preciso, viver não é preciso. (Provavelmente porque usamos muito mais o verbo precisar e derivados que necessitar e cia.) Sendo assim, agora é fácil ver que o adágio só pode ter um sentido ou que ele não tem sentido dúbio.

Uma variante desse adágio, bastante vista, é Navigare necesset est, vivere non est necesse. Mas, mesmo nesse caso, aí está o necesset e a ideia de necessitar...

Agora, veja: Muitas pessoas conhecem esse adágio apenas em português, porque o viram num poema de Pessoa que diz Navegadores antigos [isto é, da Antiguidade ou da História Antiga] tinham um lema...

Sendo assim, poderíamos ao menos dizer que a Navegação era uma ciência exata na Antiguidade ou mesmo na época das Grandes Navegações? Vejamos... Para que tenhamos um ideia, eu diria que, na Segunda Guerra Mundial, que foi a guerra que mais matou gente na História da Humanidade, de cada 40 pessoas que iam lutar, 1 não voltava. Na época das Grandes Nevagações, de cada 40 pessoas que iam para as longas viagens através do oceano, 20 não voltavam... Pois é! Parece que navegar não era tão exato assim...

Mas devo repreender quem diz que Navegar é exato, viver não é exato? De modo algum. Eles são mais inteligentes do que eu. Eles são doutores, escrevem artigos para os jornais, dão palestras na TV, são respeitados nos seus pequenos círculos ou guetos e até nacionalmente. E isso não é à toa. Além do mais, se eles dissessem que 2+2 são 5, a maioria de vocês acreditaria neles facilmente, ainda que eu tentasse provar que 2+2 são 4. Eu não posso contar com o chamado argumento de autoridade. Eles podem.

Provavelmente eu também cometo meus pequenos enganos, com a diferença ou o agravante de que não sou aplaudido por milhões de pessoas enquanto digo minhas bobagenzinhas por aí... Mas, como já disse uma vez em outro post, este é o lugar que eu escolhi para dizer minhas bobagens; e fico à vontade para dizê-las, assim como imagino que vocês fiquem à vontade para lê-las.

Este blog é só um blog. Não tem a pretensão de ser nada...

Mas, especificamente sobre o post de hoje, espero que ao menos alguns de vocês acreditem no pouco que sei de Português, História e Latim. Não é muito, garanto a vocês. Mas foi com o pouco que sei dessas ciências que pude produzir o post de hoje. Pensando bem, quem é que é especialista nessas três ciências ao mesmo tempo?

Parece que ninguém...


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