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Bate-Papo Sobre Transtorno Bipolar, com o Dr. Joseph Biederman
(...)
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Bem-vindo, Dr. Biederman. Estamos felizes de tê-lo conosco — nós temos a casa cheia esta tarde!
Dr. Joseph Biederman
Fico feliz de ouvir isso.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Você gostaria de começar com as perguntas ou você teria algo a dizer antes?
Dr. Joseph Biederman
Comecemos com as perguntas.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Ótimo, eis o primeiro.
Janet
Há quaisquer dados sobre adultos que foram diagnosticados com TAB-IA? Eles acabam se assemelhando a bipolares que só manifestaram o transtorno na vida adulta?
Dr. Joseph Biederman
Estima-se que ao menos 60% dos adultos começam com a doença quando ainda são crianças e adolescentes. Os estudos de acompanhamento serão os mais exatos para responder sua pergunta.
batgirl
Dr. Biederman, se o humor ainda não está estabilizado, o que se pode fazer se a criança tem uma grande déficit de atenção?
Dr. Joseph Biederman
Muito frequentemente, crianças com transtorno bipolar têm TDAH como comorbidade. Se o humor é estabilizado e os sintomas de TDAH persistem, uma cuidadosa intervenção medicamentosa para TDAH já pode ser levada em consideração.
Megan
O número de pessoas diagnosticadas com TAB não seria maior que o número real de bipolares? Como nós, pais, sabemos se o diagnóstico está correto?
Dr. Joseph Biederman
Você precisa consultar um médico de sua confiança.
batgirl
Dr. Biederman, há bons resultados com "biofeedback" [técnica para manter alguém sob controle] e crianças bipolares?
Dr. Joseph Biederman
Não.
Megan
Pode-se separar o fator hormonal, que pode levar os adolescentes a grandes mudanças, dos sintomas do transtorno bipolar?
Dr. Joseph Biederman
Todos os adolescentes têm alterações hormonais. Os sintomas do TAB são um time que joga num campeonato totalmente diferente.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Você pode falar sobre isto um pouco, Dr. Biederman, sobre o tanto quanto nós podemos distinguir entre comportamento "normal" de um adolescente — humor, irritabilidade, etc. — e sintomas de TAB?
Dr. Joseph Biederman
[Podemos distingui-los] pela magnitude, gravidade e persistência do humor anormal.
micki
Com qual combinação de drogas você tem tido sucesso ao estabilizar o humor irritado nas fases de mania em adolescentes mais jovens?
Dr. Joseph Biederman
Não há nenhuma combinação eficiente. Medicamentos são combinados para tratar diferentes problemas clínicos que afligem os pacientes individualmente.
Jackie ~ WI aka mom2one
Dr. Biederman, sob quais circunstâncias você sugeriria usar um realçador cognitivo?
Dr. Joseph Biederman
O uso de realçadores cognitivos por enquanto é experimental e é usado para tentar melhorar déficits da função executiva. Sua eficácia e riscos são desconhecidos.
juliefarmer
Quais terapias não-medicamentosas você acha eficientes?
Dr. Joseph Biederman
A abordagem cognitivo-comportamental.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
O que você pensa sobre outras intervenções tal como ácidos graxos ômega 3, cromoterapia ou mudanças na dieta?
Dr. Joseph Biederman
Em nossas pesquisas, ácidos graxos ômega 3 são tão parcialmente eficientes como o Risperdal.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Você fez alguma experiência com cromoterapia?
Dr. Joseph Biederman
Não.
kathy
A partir de que idade uma criança realmente pode ser diagnosticada com transtorno bipolar?
Dr. Joseph Biederman
Depende do especialista ao diagnosticar. Embora crianças em idade pré-escolar representem a minoria de nossos casos pesquisados, nós diagnosticamos TAB em pré-escolares.
ciao_bella
Qual é a opinião do bipolar ao ser visto dentro do espectro bipolar? Você concorda ou discorda desta perspectiva e por quê?
Dr. Joseph Biederman
Embora reservemos o diagnóstico de transtorno bipolar para os casos mais severos, o transtorno bipolar, à semelhança de todos os distúrbios psiquiátricos, acontece dentro de um espectro.
Jodi
Até onde vai a eficiência do Clozaril no tratamento de adolescentes bipolares com mania refratária?
Dr. Joseph Biederman
O Clozaril faz parte da classe dos neurolépticos atípicos, e neurolépticos atípicos têm se mostrado eficientes ao tratar a mania.
micki
O que você recomenda para lidar com o horrível ganho de peso e desejos associados a muitos medicamentos — ou nós não temos alternativas senão essas ao tentar estabilizar o humor de nossas crianças?
Dr. Joseph Biederman
Infelizmente, o ganho de peso continua a ser um sério problema, sem soluções fáceis. Já que nem todos os medicamentos acarretam o mesmo ganho de peso, uma abordagem é considerar alternativas de tratamento que acarretem menos ganho de peso.
micki
Segundo sua experiência, a função cognitiva em crianças volta ao estado pré-mórbido — uma vez que elas sejam estabalizadas suficientemente?
Dr. Joseph Biederman
No que diz respeito à maioria delas, é o que deveria acontecer.
Petra
Meu filho tem estado estável por bastante tempo, mas ainda é agressivo e desobediente mesmo em seus dias bons. Isto é normal ou precisamos fazer ajustes em sua medicação?
Dr. Joseph Biederman
É possível que a medicação não esteja dosada adequadamente.
Cheri
Com qual frequência o TAB é diagnosticado equivocadamente como TDAH? O TDAH tem sintomas sexuais como o TAB?
Dr. Joseph Biederman
Não há sintomas de humor ou sexuais na descrição de sintomas do TDAH.
Omom
Eu li à beça sobre dietas livres de glúten, dietas livres de trigo e dietas livres de laticínios e seu impacto sobre o TAB. Você pode comentar sobre a eficiência ou o papel delas em um tratamento?
Dr. Joseph Biederman
Não há relação documentada [dessas dietas] com o transtorno bipolar.
ciao_bella
Eu estou interessado no que você sabe sobre distúrbios do sono, especialmente no que diz respeito a um adolescente. Os adolescentes gostam de ficar acordados até altas horas. Como isto pode ser distinguido dos distúrbios do sono que vemos no transtorno bipolar?
Dr. Joseph Biederman
A mania associada à insônia é um problema muito diferente da tendência dos adolescentes normais a ficar acordados até tarde.
momx3
Dr. Biederman, você acha possível para uma criança ou adulto com transtorno bipolar passar longos períodos de tempo sem medicação e, ainda assim, ficar livre de recaídas?
Dr. Joseph Biederman
Geralmente, não é possível. Tudo depende do paciente e do tipo de problemas que afligem a ele ou a ela.
bmeyers
Recentemente, nossa filha teve um aumento de seus pensamentos obsessivos e fala repetitiva. Ela ficou fissurada em desenhos sobre violência, endereçados à sua professora na escola, repetindo o mesmo pensamento off-topic. Isto é comum entre os sintomas do TAB ou tem mais a ver com o transtorno obsessivo-compulsivo?
Dr. Joseph Biederman
TAB e TOC podem ocorrer ao mesmo tempo. Eu não sei exatamente o que está afligindo sua filha.
joan
Eu sou voluntário no quadro de palestrantes/prestadores de informação da Fundação The Balanced Mind. A pergunta que eu ouço muito é "Por que acordos especiais deveriam ser feitos na escola para coisas como falta às aulas e trabalhos escolares não realizados?" A resposta que dou é que o estresse causa em nossas crianças uma paralisação [impede que elas exerçam suas atividades habituais]. Você tem uma resposta melhor, que eu possa dar?
Dr. Joseph Biederman
Não há uma simpes resposta para sua pergunta. Uma criança que é psiquiatricamente doente e incapaz de satisfazer as exigências da escola pode precisar de um atestado do médico que a trata, comprovando sua condição. Os responsáveis pelo regulamento de algumas escolas estão dispostos a diminuir a carga acadêmica de crianças instáveis para facilitar a volta dela aos bancos escolares.
mom
Você já diagnosticou uma criança com transtorno bipolar, quando não havia nenhuma outra pessoa na família dela com a doença?
Dr. Joseph Biederman
Certamente. O histórico familiar não é pré-requisito para o diagnóstico.
simplysan67
Que tipo de terapia/intervenções você recomendaria para adolescentes promíscuos com transtorno bipolar? Esta tem sido uma preocupação constante nos grupos de apoio a pais de adolescentes, na Fundação The Balanced Mind.
Dr. Joseph Biederman
Hiersexualidade é comumente parte do quadro clínico. Não há um único tratamento para este problema. Espera-se que, com a estabilização clínica, este problema melhore também. Programas residenciais [nas residências] poderiam oferecer contenção [da hipersexualidade] em alguns casos.
teddyone
Se o hipotireoidismo é causado pelo uso do lítio e se, nesse caso, o lítío é suspenso e atireoide ainda se mostra na ativa, a tireoide poderia ser uma causa do distúrbio de humor em vez de ser o TAB?
Dr. Joseph Biederman
Problemas da tireoide associados ao lítio são comuns e tratáveis; eles deveriam desaparecer com a suspensão do lítio.
sue01
Há uma relação entre epilepsia infantil e TAB na infância?
Dr. Joseph Biederman
Não.
Pam
Sei que a função executiva do cérebro não está totalmente desenvolvida até o começo da idade adulta; mas, quando crianças com transtorno bipolar têm déficits, isso quer dizer que seus cérebros não se desenvolverão como os das outras crianças ou isto depende da gravidade do déficit?
Dr. Joseph Biederman
Os déficits da função executiva são déficits e, não, aspectos do desenvolvimento do cérebro.
kathy
Meu filho de 3 anos é uma ameaça para os outros e para si mesmo. De que maneira eu, como pai, sei quando a hospitalização é necessária?
Dr. Joseph Biederman
Periculosidade é um bom critério.
Omom
O lítio e o Depakote — por que um deles teria preferência sobre qualquer outro? Eles são muito parecidos ou bastante diferentes para o que eles tratam?
Dr. Joseph Biederman
Ambos são estabilizadores de humor.
tulip
Todas as crianças com TAB têm períodos de intensa raiva?
Dr. Joseph Biederman
Não.
batgirl
Há uma medicação específica para TDAH que possa causar um menor número de dificuldades para crianças cujo humor ainda não foi estabilizado?
Dr. Joseph Biederman
Não; todas são potencialmente desestabilizantes.
Jay
É um significativo declínio cognitivo tipicamente associado ao TAB, por exemplo, [um declínio equivalente a] 5 séries no ensino? O que dizer de uma regressão na maturidade?
Dr. Joseph Biederman
De fato, não é.
tulip
Pode-se discutir os mais recentes resultados de pesquisas usando a neuroimagem no transtorno bipolar?
Dr. Joseph Biederman
Não numa sala de bate-papo virtual.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Você poderia falar sobre o papel da neuroimagem como uma ferramenta de diagnóstico? Esta dúvida frequentemente surge em nossos membros [ao falar] sobre os méritos ou limitações da tomografia computadorizada, ressonância magnética e "SPECT scans".
Dr. Joseph Biederman
A tecnologia de neuroimagem é uma pesquisa e NÃO UMA FERRAMENTA DE DIAGNÓSTICO!!!
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Você pode comentar sobre qual papel esta tecnologia tem no mundo da pesquisa [científica]?
Dr. Joseph Biederman
Nos estudos com base em pesquisas, analisamos os dados de um grupo determinado de pessoas e, não, as descobertas feitas a partir de um único indivíduo; não é como um raio X do tórax que pode ajudar com o diagnóstico clínico à nível individual.
simplysan67
Que tipo de pesquisa sobre transtorno bipolar você gostaria de ver realizada a seguir, ou o que mereceria a atenção de novas pesquisas? Há alguma focada primordialmente em terapia ou tratamentos alternativos?
Dr. Joseph Biederman
Genética e neuroimagem; acompanhamento longitudinal e estudos do tratamento.
Megan
A que você atribui a "popularidade" dos diagnósticos de TAB? É que a informação cresceu junto à população? Onde já se viu antes crianças bipolares?
Dr. Joseph Biederman
Em minha opinião, é principalmente devido ao número crescente de textos científicos sobre o assunto.
Mitzi
O que você recomenda para o tratamento da depressão bipolar? Com "SSRI's", corre-se o risco de agravar o TAB e desencadear a mania. O lítio em baixas doses é uma opção? Ou, em vez disso, o que você recomenda?
Dr. Joseph Biederman
Os antidepressivos são potencialmente desestabilizantes e deveriam ser usados com grande cautela.
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Você tem tempo para mais uma pergunta?
Dr. Joseph Biederman
OK.
Omom
Para pais que têm crianças recém-diagnosticadas com TAB, você poderia recomendar alguns livros para ajudá-los a lidar com isto, especialmente livros com dicas sobre como agir diante do comportamento bipolar em vez de apenas informações sobre medicamentos?
Dr. Joseph Biederman
O Dr. Wozniak acaba de publicar um livro para pais; há vários outros também. (Nota do editor: O Dr. Biederman refere-se a "Is Your Child Bipolar? The Definitive Resource on How to Identify, Treat, and Thrive with a Bipolar Child" de Mary Ann McDonnell and Janet Wozniak, MD.)
Nanci - The Balanced Mind Foundation
Eu gostaria de agradecer ao Dr. Biederman por compartilhar do seu tempo e conhecimento especializado. Abrangemos um larga gama de tópicos. Ficamos deleitados por você ter podido estar conosco esta tarde e agradecemos a você por todo o seu trabalho de apoio a crianças bipolares e a nossos familiares.
Dr. Joseph Biederman
O prazer foi meu.
________
Tradução de Breno Melo, publicada originalmente em outro blog.
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domingo, 6 de novembro de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Pessoas próximas sabem que sou bipolar
Este texto foi traduzido do site SameStory.com. Se preferir ler este texto na íntegra e em seu idioma de origem, clique aqui.
A quem devemos falar ou não sobre a bipolaridade?
Toda a minha família em geral e amigos, e mesmo vizinhos, sabem disso por mim. Francamente, foi difícil esconder... fases maníacas muito visíveis, o mesmo em se tratando das depressivas. Agora, já não deixo isto aparecer em meu "cartão de visitas", logo à primeira vista...
Mas, como estou assintomática e não sofro mais autualmente, quando me perguntam aquilo que penei como Job, e que não peno mais, me ocorre dizer durante a conversa que padeço de bipolaridade para sondar um pouco as pessoas, para testá-las. Como em geral as pessoas não sabem o que é bipolaridade, eu lhes digo que é aquilo que se chamava antigamente de loucura! É necessário fazer alguma coisa para mudar a imagem da doença mental. Pode-se dizer que esta é minha contribuição. Ao mesmo tempo, isto me permite avaliar as pessoas.
Durante inúmeros anos, eu não poderia ter tido essa atitude, pois eu sofria de "efeitos secundários leves", mas bem presentes, da doença. Eu não podia ir às festas; eu não podia escutar música porque o barulho me incomodava; meus pensamentos eram lentificados (nos diálogos, as respostas tardavam a se elaborar na minha cabeça, finalmente chegando em grande número quando a oportunidade de responder já havia passado).
(...)
No começo, temos muitas vezes tendência a crer que há uma etiqueta colada sobre nossa testa e para as outras pessoas somos identificados, quase obrigatoriamente, por adjetivos negativos.
Por esconder a doença, muito do que poderíamos dizer não é dito, mas, ao mesmo tempo, muitas informações falsas são divulgadas pelas nossas costas.
(...)
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Enfrentando a vida com Transtorno Bipolar
Um bipolar e sua razão para lutar
A Janela
É necessário? Não, não é necessário
A quem devemos falar ou não sobre a bipolaridade?
Toda a minha família em geral e amigos, e mesmo vizinhos, sabem disso por mim. Francamente, foi difícil esconder... fases maníacas muito visíveis, o mesmo em se tratando das depressivas. Agora, já não deixo isto aparecer em meu "cartão de visitas", logo à primeira vista...
Mas, como estou assintomática e não sofro mais autualmente, quando me perguntam aquilo que penei como Job, e que não peno mais, me ocorre dizer durante a conversa que padeço de bipolaridade para sondar um pouco as pessoas, para testá-las. Como em geral as pessoas não sabem o que é bipolaridade, eu lhes digo que é aquilo que se chamava antigamente de loucura! É necessário fazer alguma coisa para mudar a imagem da doença mental. Pode-se dizer que esta é minha contribuição. Ao mesmo tempo, isto me permite avaliar as pessoas.
Durante inúmeros anos, eu não poderia ter tido essa atitude, pois eu sofria de "efeitos secundários leves", mas bem presentes, da doença. Eu não podia ir às festas; eu não podia escutar música porque o barulho me incomodava; meus pensamentos eram lentificados (nos diálogos, as respostas tardavam a se elaborar na minha cabeça, finalmente chegando em grande número quando a oportunidade de responder já havia passado).
(...)
No começo, temos muitas vezes tendência a crer que há uma etiqueta colada sobre nossa testa e para as outras pessoas somos identificados, quase obrigatoriamente, por adjetivos negativos.
Por esconder a doença, muito do que poderíamos dizer não é dito, mas, ao mesmo tempo, muitas informações falsas são divulgadas pelas nossas costas.
(...)
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Um bipolar e sua razão para lutar
A Janela
É necessário? Não, não é necessário
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segunda-feira, 15 de agosto de 2011
É necessário? Não, não é necessário
Este texto foi originalmente publicado em galego pelo blog O Escunchador, da Rifenha de Vimianço. Se preferir ler este texto na íntegra e em galego, clique aqui.
A Rifenha é uma bipolar tipo II.
"É necessário sair... É necessário ser magro... É necessário...
"Há que fazer isto... Há que fazer aquilo... Há que..."
A vida é um cúmulo de "É necessário" e "há que" ou, como dizem os franceses, "Il faut", que eles dizem uns aos outros, crendo-se na possessão da verdade absoluta, sem serem aqueles que de fato compreendem a realidade interior dos demais.
É isso o que mais desestabiliza uma pessoa que padece de uma neurose ou transtorno bipolar, como é meu caso.
Como falar é de graça, todo o mundo fala, e diz o que é necessário, o que eu deveria fazer, o remédio certeiro para os meus males:
— "É necessário sair, é necessáio animar-se, é necessário caminhar, é necessário..." E assim vai, até que o cansaço, até que o esgotamento mental acabe com as poucas forças que uma pessoa tem para tomar a decisão de dizer: — "Sim. Hoje vou habilitar-me e sair, dar um passeio."
Façam o favor. Se alguma vez vocês toparem com uma pessoa que, como eu, está aguardando a tempestade passar, não lhe digam: — "É necessário."
Mas vocês podem perguntar a essa pessoa: — "Você tem vontade de sair, de dar uma volta? Gostaria de irmos juntos caminhar um pouco?"
Isto é muito importante. As obrigações são, precisamente, o que acaba esmagando os já probres e castigados neurônios de um maníaco-depressivo. Nunca se sabe o que pode acontecer quando a pressão é grande demais para suportá-la.
Abraços. Tenham um bom dia. (...) Vocês podem fazer acontecer e viver o seu dia como quiserem.
(...)
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Enfrentando a vida com Transtorno Bipolar
Um bipolar e sua razão para lutar
A Janela
A Rifenha é uma bipolar tipo II.
"É necessário sair... É necessário ser magro... É necessário...
"Há que fazer isto... Há que fazer aquilo... Há que..."
A vida é um cúmulo de "É necessário" e "há que" ou, como dizem os franceses, "Il faut", que eles dizem uns aos outros, crendo-se na possessão da verdade absoluta, sem serem aqueles que de fato compreendem a realidade interior dos demais.
É isso o que mais desestabiliza uma pessoa que padece de uma neurose ou transtorno bipolar, como é meu caso.
Como falar é de graça, todo o mundo fala, e diz o que é necessário, o que eu deveria fazer, o remédio certeiro para os meus males:
— "É necessário sair, é necessáio animar-se, é necessário caminhar, é necessário..." E assim vai, até que o cansaço, até que o esgotamento mental acabe com as poucas forças que uma pessoa tem para tomar a decisão de dizer: — "Sim. Hoje vou habilitar-me e sair, dar um passeio."
Façam o favor. Se alguma vez vocês toparem com uma pessoa que, como eu, está aguardando a tempestade passar, não lhe digam: — "É necessário."
Mas vocês podem perguntar a essa pessoa: — "Você tem vontade de sair, de dar uma volta? Gostaria de irmos juntos caminhar um pouco?"
Isto é muito importante. As obrigações são, precisamente, o que acaba esmagando os já probres e castigados neurônios de um maníaco-depressivo. Nunca se sabe o que pode acontecer quando a pressão é grande demais para suportá-la.
Abraços. Tenham um bom dia. (...) Vocês podem fazer acontecer e viver o seu dia como quiserem.
(...)
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Enfrentando a vida com Transtorno Bipolar
Um bipolar e sua razão para lutar
A Janela
domingo, 14 de agosto de 2011
A Janela
Este post foi originalmente publicado em galego pelo blog O Escunchador, da Rifenha de Vimianço. Se preferir ler este texto na íntegra e em galego, clique aqui.
A Rifenha é uma bipolar tipo II.
Tanto tempo sem sair faz com que as minhas referências da realidade sejam duas janelas: Esta virtual, por onde fico olhando aquelas coisas que me são úteis, e a janela do meu quartinho, por onde vejo uma paisagem que é, hoje, o único mundo que tenho.
Até penso em pedir a Suso que me compre uma luneta ou uns binóculos, como aqueles de James Stewart no filme de Hitchcock, não para ver algum assassino humano, mas para ver o casal de garças que voa a cada tarde sobre as árvores da margem do rio, ou o gavião que pousa encima do poste de cimento da fazenda de minhã irmã, todas as tardes também.
Sempre tento olhá-lo mais de perto e tirar-lhe uma foto, mas, quando assomo à porta, ele se põe a voar e escapa para outro poste mais distante. Qualquer movimento que eu faça, por pequeno que seja, ele sempre o detecta. Devem ser seus olhos, que não precisam de aparelhos para ver o que têm de ver.
Quando chega a noite, vejo ao longe o letreiro cor-de-rosa que fica psicando lá, acima da Churrascaria Santos, como se fosse a luz de um farol no meio de um mar à noite. E mais nada. Esse é todo o universo material que tenho desde alguns meses. No horizonte, sempre as colinas. Vimianço é um vale circular, redondo e fechado como um umbigo.
PS - Desta vez não fiz cortes. Não tive coragem de fazê-los. Este é um dos textos mais melancólicos, para não dizer tocantes, que já vi produzidos por um bipolar.
Será que algum dia a Rifenha virá aqui, no Mastigando Estrelas? Ela já não posta em seu blog desde 2010... O que terá acontecido com ela? Terá se cansado do blog? Pode ser. Dentre todas as possibilidades, tanto boas como más, pode ser...
Imaginemos a Rifenha ocupada com coisas alegres.
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Enfrentando a vida com Transtorno Bipolar
Um bipolar e sua razão para lutar
É necessário? Não, não é necessário
A Rifenha é uma bipolar tipo II.
Tanto tempo sem sair faz com que as minhas referências da realidade sejam duas janelas: Esta virtual, por onde fico olhando aquelas coisas que me são úteis, e a janela do meu quartinho, por onde vejo uma paisagem que é, hoje, o único mundo que tenho.
Até penso em pedir a Suso que me compre uma luneta ou uns binóculos, como aqueles de James Stewart no filme de Hitchcock, não para ver algum assassino humano, mas para ver o casal de garças que voa a cada tarde sobre as árvores da margem do rio, ou o gavião que pousa encima do poste de cimento da fazenda de minhã irmã, todas as tardes também.
Sempre tento olhá-lo mais de perto e tirar-lhe uma foto, mas, quando assomo à porta, ele se põe a voar e escapa para outro poste mais distante. Qualquer movimento que eu faça, por pequeno que seja, ele sempre o detecta. Devem ser seus olhos, que não precisam de aparelhos para ver o que têm de ver.
Quando chega a noite, vejo ao longe o letreiro cor-de-rosa que fica psicando lá, acima da Churrascaria Santos, como se fosse a luz de um farol no meio de um mar à noite. E mais nada. Esse é todo o universo material que tenho desde alguns meses. No horizonte, sempre as colinas. Vimianço é um vale circular, redondo e fechado como um umbigo.
PS - Desta vez não fiz cortes. Não tive coragem de fazê-los. Este é um dos textos mais melancólicos, para não dizer tocantes, que já vi produzidos por um bipolar.
Será que algum dia a Rifenha virá aqui, no Mastigando Estrelas? Ela já não posta em seu blog desde 2010... O que terá acontecido com ela? Terá se cansado do blog? Pode ser. Dentre todas as possibilidades, tanto boas como más, pode ser...
Imaginemos a Rifenha ocupada com coisas alegres.
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sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Um bipolar e sua razão para lutar

A seguinte experiência, diz José Luís, autor do Blog Hispano Trastorno Bipolar, nos foi enviada por um amigo da Argentina. M.C. mal tem 24 anos, mas já sabe bem o que é lutar dia após dia contra a enfermidade.
Vejamos a experiência de M.C.
Faz pouco mais de um ano, diagnosticaram-me com esta enfermidade e desde esse momento minha vida mudou para sempre...
Passei-a viajando, vendo todo tipo de psiquiatras e lendo livros referentes ao tema. Adquiri certo conhecimento... mas custou-me muito assumir o transtorno. Tentei mil vezes levar uma vida normal, como qualquer pessoa, mas dei-me conta de que sozinho ninguém consegue.
Tive minhas recaídas... e inclusive estive uma época internado em um hospital psiquiátrico. Caí com um quadro psicótico devido a problemas com o álcool... Pelo que leio, tristemente é algo comum na enfermidade e algo que se deve evitar.
Depois de passar uma época internado e melhorar um pouco, tive outra recaída, mas desta vez com um quadro de depressão "profunda". Foi um momento delicado, doloroso e grave. Não queria voltar a passar por isso nunca mais.
Acordava todos os dias pensando como fazer para tirar-me a vida da maneira menos dolorosa, tanto para mim como para minha família.
Mas graças a duas pessoas importantíssimas em minha vida não cheguei a cometer tal loucura. Essas pessoazinhas queridas são meus filhos. Tenho 2, uma menina de 5 aninhos e um menino de 4.
Eles são a razão pela qual acordo todas as manhãs, e é também por isto que quero curar-me.
Eu confesso; está custando-me muito porque não tenho uma pessoa que esteja ao lado meu, como quero, para que me apoie na luta... Estou praticamente sozinho nisto... e por isso é bom conhecer pessoas como vocês...
Hoje em dia, tenho um sonho: Constituir uma família.
Não vou jogar a toalha. José Luís, quero felicitar-te de novo pela página que criou... Foi de grande ajuda ler o que pensam as pessoas que passam pelo mesmo que eu.
Saudações,
M.C.
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domingo, 7 de agosto de 2011
Bipolares são realmente violentos?
A matéria me pareceu tão interessante, que decidi compartilhá-la com vocês. Ei-la abaixo, em itálico.
(...)
De acordo com um estudo, as pessoas com enfermidades mentais severas como o transtrono bipolar não têm por que ser mais violentas que o resto, a menos que abusem das drogas ou do álcool.
Frequentemente, exagera-se a relação entre os distúrbios bipolares e a violência, assinalam os pesquisadores.
O transtorno bipolar causa mudanças de humor repentinas e imprevisíveis, mais bruscas que os altos-e-baixos da vida normal.
A pesquisa, levada a cabo pelo Departamento de Psiquiatria de Oxford, examinou as vidas de 3.700 pessoas na Suécia que haviam sido diagnosticadas com transtorno bipolar, comumente conhecido como depressão maníaca, e comparou o comportamento delas com o de seus irmãos e o de quase 40.000 pessoas "sãs".
Mudanças de humor bruscas
(...)
A equipe, dirigida pela psiquiatra forense Seena Fazel, pretendia demonstrar o refutar a crença comum de que existe uma relação entre este transtorno e certos crimes violentos.
Os resultados, publicados na revista Arquivos de Psiquiatria Geral, mostram que as taxas de criminalidade entre as pessoas mentalmente enfermas que abusavam de drogas não são diferentes das da população geral com os mesmos hábitos.
Em ambos os grupos, o índice de delitos violentos é entre seis e sete vezes maior que a média da população geral.
"Na maioria das vezes, a relação entre doenças mentais e a violência pode ser explicada pelo abuso do álcool e das drogas", destacou Fazel.
Se eliminamos o fator álcool e drogas, apontou a especialista, a enfermidade por si só tem uma influência "mínima" ou nula na violência.
Neste sentido, um dos autores do estudo assegurou que provavelmente seja mais perigoso passar diante de um bar à noite que por um hospital psiquiátrico.
Estigmas
(...)
No entanto, o estudo destacou que as pessoas que padecem de transtornos bipolares têm dez vezes mais probabilidades de abusar das drogas e da bebida que o resto da população, já que tendem a utilizar essas substâncias para contrabalançar os efeitos da medicação ou para aliviar os sintomas da doença.
Recentemente, um estudo elaborado por vários dos pesquisadores que participaram deste chegou a conclusões similares no caso da esquizofrenia.
Estes achados parecem corroborar os argumentos de certas organizações de ajuda a doentes mentais, que defendem que os estigmas associados a esse tipo de afecções não estão justificados por provas médicas.
"Esses vínculos se exageram com frequência quando na verdade os doentes mentais são mais frequentemente vítimas de delitos que culpados. Esse estigma estraga vidas", comentou Paul Farmer, diretor da ONG de saúde mental britânica Mind.
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Enfrentando a vida com Transtorno Bipolar

Outro relato... Quem no-lo conta, vai explicando José Luís, do Blog Hispano Trastorno Bipolar, é uma amiga diagnosticada com transtorno bipolar um pouco tarde, após ter sofrido várias crises agudas. Ela nos diz como sua vida mudou e como ela enfrenta seu dia-a-dia e suas relações com os demais... Apesar dos duros momentos que lhe coube viver, a esperança e o amor de seus amigos e família têm-lhe permitido que siga adiante.
Vejamos o relato da srta. S. Ortega.
Eu lhes escrevo para comentar como minha vida mudou desde quando comecei a sofrer de transtorno bipolar...
Desde quando eu era muito pequena, minha mãe diz que notava coisas diferentes em mim. Havia épocas em que me isolava de todo o mundo e só brincava com minhas bonecas. Enquanto isso, minha mãe se aporrinhava uma vez após outra procurando conseguir-me amiguinhas com quem brincar. Em outras ocasiões, pelo contrário, eu mesma me rodeava de muitíssimas amigas e parecia muito sociável.
Assim foi passando minha infância e adolescência, até que cheguei aos 18 anos e sofri minha primeira crise.
Depois do episódio, deixei o curso universitário que estava frequentando e me desesperava, com medo de que as pessoas falassem mal de mim, de que pensassem que eu estava louca. Refugiei-me nos Estados Unidos, país no qual continuo vivendo. Mas, para minha surpresa, as crises continuaram e a cada vez faziam-se mais agudas... Finalmente, recordo que fui parar no hospital e estive internada mais de uma semana por ter tentado suicídio.
Mais tarde, as coisas se complicaram com o nascimento de meu único filho... e, se não fosse pela ajuda incondicional de meus pais, eu não teria podido cuidar dele. Agora, depois de quase 11 anos, pude encontrar um bom médico que finalmente diagnosticou corretamente minha enfermidade e receitou-me a medicação adequada. Atualmente, tomo 4 comprimidos diários de Tegreto 200mg e melhorei muitíssimo... mas minha vida deu uma volta de 360 graus.
Já não posso sair à noite porque a menor mudança em meus hábitos de dormir me desequilibraria totalmente. Tenho que me levantar e me deitar nos horários de sempre...
Tampouco posso beber álcool e perdi a maioria de minhas amizades porque já não posso sair com eles. Mas graças a Deus tenho minha família e também novos amigos que têm me ajudado a continuar com minha vida normal... Hoje em dia, meu doutor considera que devo tomar um comprimido extra, porque ainda tenho depressões, mas cada vez menores.
Viver com o transtorno bipoar é muito difícil, e ao dizer isto meus olhos se enchem de lágrimas. Não posso evitar que minha voz se embargue ao recordar todos os momentos difíceis que passei e continuo passando.
Uma enfermidade como esta é um desafio muito grande para qualquer pessoa, mas sou muito grata ao trabalho dos psiquiatras e cientistas em sua interminável busca para aliviar os males que afetam nossa sociedade. No particular, ser bipolar serviu-me para explorar ao máximo a espiritualidade, adquirir conhecimentos e enriquecer minha mente.
Quero olhar para trás e lembrar os momentos felizes que vivi, mas é inevitável sentir a angustiante sensação que me produziu recordar as penúrias que passei. Agora tenho 30 anos e não sei quais são as probabilidades de que me case e tenha mais filhos...
O doutor não recomenda que eu tenha mais filhos por duas razões: A primeira é que teria que deixar de tomar o Tegreto durante o período de gestação, o que implica que eu teria crises na ordem do dia. A segunda é que o bebê teria probabilidades de herdar o transtorno bipolar.
Por outro lado... conhecer um homem que te aceite com esta enfermidade tampouco é fácil.
Este é meu testemunho sobre a bipolaridade. Obrigada.
S. Ortega
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Transtorno Bipolar
Transtorno Bipolar e Razões Para o Otimismo, de José Luís
Um bipolar e sua razão para lutar
A Janela
É necessário? Não, não é necessário
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domingo, 24 de julho de 2011
Transtorno Bipolar e Razões Para o Otimismo, de José Luís
Este texto foi traduzido do Blog Hispano Trastorno Bipolar. Se preferir ler este post na íntegra e em seu idioma de origem, clique aqui.
Não se trata apenas de uma convicção pessoal, que, a cada dia que passa, se faz mais forte em meu coração... e no coração de milhares de pessoas no mundo. Não é só o produto de uma esperança cega, nem de uma fé extrema nos avanços médicos... Nem, muito menos, eu baseio esta afirmação em minha ferrenha crença de que com valor, esforço e amor tudo é possível.
Assim José Luís, autor do Blog Hispano Trastorno Bipolar, vai escrevendo este post para seu blog.
Existem objetivamente vários motivos pelos quais se pode e se deve ser otimista.
O primeiro e mais importante é a compreensão física e biológica da enfermidade. Nos últimos 15 anos, o investimento tanto público como privado provocou um salto importantíssimo nas pesquisas em comparação com o período anterior. Os médicos não só entendem melhor o mecanismo a que obedece a enfermidade, mas também se experimentou o suficiente para cortar os sintomas mais incômodos de maneira efetiva.
Hoje em dia, um diagnóstico rápido faz com que a enfermidade cause muito menos sofrimento graças ao fato de que os tratamentos atuais conseguem uma altíssima porcentagem de sucesso, fazendo com que o paciente viva a maior parte do tempo sem sintomas.
Inclusive nos casos mais difíceis de tratar, nos quais o paciente tolera mais dificilmente a medicação ou esta lhe proporciona menos benefícios aparentes, a combinação de novos fármacos (desenvolvidos nos últimos anos), demonstrou que pode mitigar o suficiente os sintomas para que o bipolar possa levar uma vida normal e ser feliz, com todas as letras que tem a palavra felicidade.
Outra razão pelas quais hoje é mais provável ter uma vida estável, plena e feliz apesar do transtorno bipolar é que os cônjuges, amigos e familiares dos pacientes têm começado a compreender a necessidade e os benefícios de conhecer a fundo a enfermidade...
(...)
Para que não nos enganemos: o transtorno no qual vive o bipolar, em que se desenvolvem seus ciclos e mudanças de ânimo, em que ele ri, chora, se irrita, ama e odeia... é o responsável muitas vezes pelo fato de que este não possa enfrentar com sucesso a condição bipolar.
Graças a este enorme passo adiante dado por muitas famílias, tem-se conseguido (com dados, números e rigorosos estudos na mão) que se reduzam as temidas recaídas do paciente. Uma adequada observação e identificação dos sintomas, assim como dos fatores que os desencadeiam, é muitas vezes decisivo na hora de conseguir melhorias radicais.
Só nos casos em que o paciente não consegue o tratamento adequado, consome drogas ou álcool ou se nega sistematicamente a si mesmo como bipolar, o prognóstico é grave... mas ainda assim, com o apoio adequado de seus entes queridos, existe uma luz ao fim do túnel.
(...)
É um dever não só ético e moral, mas também emocional, de compromisso e de amor. Os familiares e os cônjuges devem ir em ajuda do enfermo. E devem fazê-lo com todas as armas e conhecimentos a seu alcance... Porque realmente existem modos de ajudar a um bipolar e guiá-lo pelo caminho da recuperação.
Por outro lado, também está havendo progressos de consciência por parte da sociedade, o que faz com que a integração social e laboral das pessoas que padecem de transtorno bipolar seja cada vez mais possível. Atualmente, milhares de pessoas diagnosticadas com esta enfermidade desenvolvem carreiras profissionais de sucesso, tanto no mundo das finanças como das letras, da ciência ou da arte... E também, no âmbito privado, elas conseguiram melhorar a relação com seus cônjuges e logram dia após dias viver o sonho de uma vida sem medo da sua própria condição.
De verdade, espero que estas palavras possam te servir de alento.
(...)
José L. González
PS - Como, depois de ter lido o texto acima, eu poderia não compartihar ao menos uma parte dele com vocês, leitores do Mastigando Estrelas?
Leia mais
Transtorno Bipolar
Marta - Romance
Não se trata apenas de uma convicção pessoal, que, a cada dia que passa, se faz mais forte em meu coração... e no coração de milhares de pessoas no mundo. Não é só o produto de uma esperança cega, nem de uma fé extrema nos avanços médicos... Nem, muito menos, eu baseio esta afirmação em minha ferrenha crença de que com valor, esforço e amor tudo é possível.
Assim José Luís, autor do Blog Hispano Trastorno Bipolar, vai escrevendo este post para seu blog.
Existem objetivamente vários motivos pelos quais se pode e se deve ser otimista.
O primeiro e mais importante é a compreensão física e biológica da enfermidade. Nos últimos 15 anos, o investimento tanto público como privado provocou um salto importantíssimo nas pesquisas em comparação com o período anterior. Os médicos não só entendem melhor o mecanismo a que obedece a enfermidade, mas também se experimentou o suficiente para cortar os sintomas mais incômodos de maneira efetiva.
Hoje em dia, um diagnóstico rápido faz com que a enfermidade cause muito menos sofrimento graças ao fato de que os tratamentos atuais conseguem uma altíssima porcentagem de sucesso, fazendo com que o paciente viva a maior parte do tempo sem sintomas.
Inclusive nos casos mais difíceis de tratar, nos quais o paciente tolera mais dificilmente a medicação ou esta lhe proporciona menos benefícios aparentes, a combinação de novos fármacos (desenvolvidos nos últimos anos), demonstrou que pode mitigar o suficiente os sintomas para que o bipolar possa levar uma vida normal e ser feliz, com todas as letras que tem a palavra felicidade.
Outra razão pelas quais hoje é mais provável ter uma vida estável, plena e feliz apesar do transtorno bipolar é que os cônjuges, amigos e familiares dos pacientes têm começado a compreender a necessidade e os benefícios de conhecer a fundo a enfermidade...
(...)
Para que não nos enganemos: o transtorno no qual vive o bipolar, em que se desenvolvem seus ciclos e mudanças de ânimo, em que ele ri, chora, se irrita, ama e odeia... é o responsável muitas vezes pelo fato de que este não possa enfrentar com sucesso a condição bipolar.
Graças a este enorme passo adiante dado por muitas famílias, tem-se conseguido (com dados, números e rigorosos estudos na mão) que se reduzam as temidas recaídas do paciente. Uma adequada observação e identificação dos sintomas, assim como dos fatores que os desencadeiam, é muitas vezes decisivo na hora de conseguir melhorias radicais.
Só nos casos em que o paciente não consegue o tratamento adequado, consome drogas ou álcool ou se nega sistematicamente a si mesmo como bipolar, o prognóstico é grave... mas ainda assim, com o apoio adequado de seus entes queridos, existe uma luz ao fim do túnel.
(...)
É um dever não só ético e moral, mas também emocional, de compromisso e de amor. Os familiares e os cônjuges devem ir em ajuda do enfermo. E devem fazê-lo com todas as armas e conhecimentos a seu alcance... Porque realmente existem modos de ajudar a um bipolar e guiá-lo pelo caminho da recuperação.
Por outro lado, também está havendo progressos de consciência por parte da sociedade, o que faz com que a integração social e laboral das pessoas que padecem de transtorno bipolar seja cada vez mais possível. Atualmente, milhares de pessoas diagnosticadas com esta enfermidade desenvolvem carreiras profissionais de sucesso, tanto no mundo das finanças como das letras, da ciência ou da arte... E também, no âmbito privado, elas conseguiram melhorar a relação com seus cônjuges e logram dia após dias viver o sonho de uma vida sem medo da sua própria condição.
De verdade, espero que estas palavras possam te servir de alento.
(...)
José L. González
PS - Como, depois de ter lido o texto acima, eu poderia não compartihar ao menos uma parte dele com vocês, leitores do Mastigando Estrelas?
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terça-feira, 19 de julho de 2011
Bipolares famosos - Victor Hugo - Desejo
Tradução de Sérgio Jockymann
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar
E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.
Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada
Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem
Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar
Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar
E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar
E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.
Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada
Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem
Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar
Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar
E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar
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terça-feira, 5 de julho de 2011
Bipolares famosos - Janis Joplin - Mercedes Benz (Legendado)
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quarta-feira, 20 de abril de 2011
Laura Pausini - Strani amori
TRADUÇÃO DO BLOG
Estranhos Amores
Strani Amori
Mi dispiace, devo andare via.
Me desagrada, devo ir embora.
Ma sapevo che era una bugia.
Mas eu sabia que era uma mentira.
Quanto tempo perso dietro a lui,
Quanto tempo perdido atrás dele,
Che promette e poi non cambia mai!
Que promete e depois não muda nunca!
Strani amori mettono nei guai.
Estranhos amores nos metem em problemas.
Ma, in realtà, siamo noi
Mas, na realidade, somos nós [que nos metemos neles].
E lo aspetti ad un telefono,
E você o espera junto a um telefone [isto é, espera uma ligação dele],
Litigando che sia libero,
Brigando para que [a linha] seja livre,
Con il cuore nello stomaco,
Com o coração no estômago,
Un gomitolo nell'angolo,
Um novelo no canto,
Lì da sola, dentro un brivido,
Ali sozinha, dentro um calafrio,
Ma perché lui non c'è.
Mas só porque ele não está lá, do outro lado da linha.
E sono strani amori che
E são estranhos amores que
Fanno crescere e sorridere
Fazem crescer e sorrir
Fra le lacrime.
Entre as lágrimas.
Quante pagine lì da scrivere,
Quantas págias ali a escrever,
Sogni e lividi da dividere.
Sonhos e decepções para compartilhar.
Sono amori che spesso a questa età
São amores que frequentemente nesta idade
Si confondono dentro a quest'anima
Se confundem dentro desta alma
Che si interroga senza decidere
Que se interroga sem decidir
Se è un amore che fa per noi.
Se é um amor que faz bem a nós.
E quante notti perse a piangere,
E quantas noites perdidas a chorar,
Rileggendo quelle lettere,
Relendo aquelas cartas,
Che non riesci più a buttare via
Que você não consegue mais jogar fora
Dal labirinto della nostalgia.
Do labirinto da nostalgia.
Grandi amori che finiscono,
Grandes amores que acabam,
Ma perché restano nel cuore.
Mas porque ficam no coração.
Strani amori che vanno e vengono
Estranhos amores que vão e vêm
Nei pensieri che lì nascondono
Nos pensamentos que ali escondem
Storie vere che ci appartengono,
Histórias verdadeiras que nos afastam,
Ma si lasciano come noi.
Mas se abandonam [isto é, são abandonadas] como nós [somos abandonados].
Strani amori fragili
Estranhos amores frágeis,
Prigionieri, liberi.
Prisioneiros, livres.
Strani amori mettono nei guai,
Estranhos amores nos metem em problemas,
Ma, in realtà, siamo noi.
Mas, na realidade, somos nós.
Strani amori fragili,
Estranhos amores frágeis,
Prigionieri, liberi.
Prisioneiros, livres.
Strani amori che non sanno vivere
Estranhos amores que não sabem viver
E si perdono dentro noi.
E se perdem dentro de nós.
Mi dispiace devo andare via.
Me desagrada, devo ir embora.
Questa volta l'ho promesso a me,
Desta vez prometi a mim ir embora, te deixar,
Perché ho voglia di un amore vero,
Porque tenho vontade de um amor verdadeiro,
Senza te.
Sem você.
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