domingo, 26 de junho de 2011

Qual é a diferença entre bipolar e borderline?

Entendamos melhor a diferença entre bipolar e borderline. Comecemos falando de instabilidade emocional e, mais adiante, você entenderá por quê.


Instabilidade emocional

No transtorno de personalidade emocionalmente instável, o humor varia dentro de um tempo menor (segundos, minutos, no máximo horas). No transtorno bipolar, o humor varia dentro de um tempo maior (dias, semanas, meses), obedecendo a ciclos.

Quem é emocionalmente  instável (ou seja, quem sofre de instabilidade emocional) tem um humor que se altera devido a fatores externos (o que acontece em volta). Quem é bipolar tem um humor que obedece a fatores internos (que independem do que acontece em volta). Veja:

O instável vai mudando de humor ao longo do dia, segundo as situações que encontra. O bipolar mantém o humor maníaco enquanto durar a fase de mania (uma semana no mínimo); e mantém o humor depressivo enquanto durar a fase depressiva (dois meses no mínimo).

Mesmo aquele bipolar misto que alterna rapidamente momentos de euforia e de depressão não é tão inconstante como quem sofre de transtorno de personalidade emocionalmente instável. A diferença, nesse caso, pode ser pequena; mas existe.

(Mencionando Perugi, poderíamos ver o estado misto como um estado de instabilidade emocional em que euforia e depressão coexistem ou flutuam dentro do mesmo quadro. Ainda assim, mesmo vendo a coisa por esse ângulo, note que ainda estamos falando de estados mistos e, num caso de TAB, haveria outros elementos a levar em conta. Mas basta; neste post estamos buscando diferenças e, não, semelhanças!)

A instabilidade emocional está dividida em dois subtipos; um deles é o borderline, que é o transtorno boderline propriamente dito.


Borderline

Além do humor borderline ser mais curto como explicado acima (porque varia dentro de um tempo menor), há outras diferenças.

A indentidade do borderline é menos definida; ele não sabe exatamente quem é ou o que quer, e isso inclui a sexualidade. Já o bipolar tem uma identidade mais sólida; ele sabe quem é e o que quer.

Falando apenas de sexualidade, ou de identidade sexual, é mais provável encontrar um bissexual entre borderlines que entre bipolares, especialmente se não estamos falando de uma única experiência sexual, mas de várias. (Decidi escrever este parágrafo pensando naquelas bipolares que relataram ao menos pensar ou já ter pensado em outra mulher ou já ter experimentado pelo menos um beijo de outra mulher. À parte isso, não deixemos de ter em mente que a identidade do bipolar já é sólida ou definida enquanto a do borderline, não.)

O borderline divide as pessoas em dois tipos bem restritos. Exemplo: ou uma pessoa  é boa, só tem qualidades, ou ela é má, só tem defeitos. Não há um bom meio-termo. Mas veja; a opinião pode mudar: Se alguém que o borderline considera bom, perfeito, o decepciona fazendo algo real ou apenas imaginado, o borderline irá considerá-lo mau, tendo uma opinião oposta à anterior, sem achar um meio-termo.

Se você já leu romances românticos do século XIX, como Escrava Isaura, sabe o que é ver as pessoas divididas em apenas dois grupos restritos; porque nessas histórias os personagens ou são só qualidades (o mocinho, a mocinha, etc.) ou são só defeitos e maldade (o vilão, etc). Na vida real, como sabemos, as pessoas têm qualidades e defeitos, e nem sempre é fácil dizer quem é bom e quem é mau. Em poucas palavras, ninguém é inteiramente bom; ninguém é inteiramente mau (a não ser para o boderline, é claro!).

Sendo assim, já podemos dizer que a identidade e o humor do bipolar são diferentes dos do borderline; e que o borderline tem aquele pensamento extremista que divide as pessoas em dois tipos bem restritos.

Sobre depressão, algo que afeta tanto o borderline como o bipolar, eu diria que mesmo a depressão do borderline, intermitente, é diferente daquela do bipolar, contínua.

Há outras diferenças, certamente, entre ambos os transtornos.

(Sobre qual relação pode haver entre transtorno bipolar e transtorno borderline, se eles são a mesma doença, se eles podem acontecer ao mesmo tempo, etc., tudo isso ainda tem pelo menos um pé no campo das discussões e, por ora, não é possível fazer muitas afirmações. Seja como for, quando essas discussões finalmente tiverem acabado daqui a 50 ou 100 anos, publico um novo post. Por enquanto, fiquemos com este aqui.)


Bipolar e borderline

(Os fragamentos abaixo foram retirados do post 12 de junho bipolar, que já tocava no assunto. Vale a pena reler.)

Imagine um bipolar tipo I, que alterna fases de mania e de depressão. A mania durará pelo menos uma semana. A depressão, pelo menos dois meses. Haverá periodos de vida normal. Isso quer dizer que o humor varia dentro de semanas ou meses. Não é a variação de humor que vemos num borderline por exemplo.

Num borderline, o humor varia dentro de um tempo muito menor. Segundos, minutos, quando muito horas. Não há fases longas, por assim dizer. É claro que há outras boas diferenças entre transtorno bipolar e transtorno borderline; e é claro que, dependendo do bipolar, as diferenças entre ambos os transtornos podem ser bem pequenas. Mas não nos alonguemos; não nos alonguemos muito.

O que eu ainda gostaria de dizer é isto: Tente se lembrar de histórias de amor interrompidas, vividas por bipolares. Obviamente, os bipolares não estão isentos de serem traídos, humilhados, maltratados, etc., como qualquer pessoa normal. Mas veja que muitas bipolares ainda pensam em seus ex-namorados e desejam reatar com eles um dia, ainda que agora vejam neles defeitos que antes elas não viam. Uma borderline veria o ex que a traiu ou a humilhou como um verdadeiro demônio, que só tem defeitos; e se ela antes o queria, agora já não o quer.

Instabilidade emocional (mudar de humor a cada segundo, a cada minuto), não saber direito o que quer (isso agora é bom, isso agora é ruim), achar alguém perfeito e depois a pior das pessoas, sem haver meio-termo, sem haver transição, essas são características que dizem respeito essencialmente ao borderline, ainda que possam nos lembrar bastante um bipolar. Veja: Se você é uma bipolar e ainda ama seu ex que a traiu ou a abandonou, isso mostra que, apesar das suas variações de humor, você ainda sabe o quer e percebe que, se ele não era perfeito, pelo menos não era tão mau assim... Dá pro gasto... Uma borderline agiria de outro modo.


Conclusão

Enfim, diferentemente do que muitos pensam, instabilidade emocional não é TAB, mas outro transtorno, que pode ser borderline, um subtipo de instabilidade emocional.


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Sou borderline e bipolar? Me explica isso

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Esquizofrenia e Transtorno Bipolar

Tentemos entender a diferença entre esquizofrenia e TAB.

O bipolar vai a um extremo e depois a outro (isto é, vai da depressão à euforia) e, nessas idas e voltas, ele acaba passando pelo "centro".

O centro é aquele momento em que não há depressão nem euforia, em que o humor está estabilizado. O centro é uma linha que fica entre a depressão e a euforia, como a linha do Equador fica entre o Pólo Sul e o Pólo Norte.

O esquizofrênico vai e volta, mas já não haverá o "centro"... Algo, que não é só o humor, foi alterado ou ficou comprometido.

No caso de bipolares, para pôr fim a uma crise, estabiliza-se o humor. E o bipolar volta ao centro. No caso de esquizofrênicos, não é bem assim...

Embora a esquizofrenia e o transtorno bipolar possam ser confundidos num primeiro momento ou à primeira vista, a tentativa de tratar uma crise mostraria melhor a diferença entre esquizofrenia e TAB. Vejamos este exemplo:

Se o humor de um paciente (supostamente um bipolar) é estabilizado e o paciente não entra em remissão, provavelmente temos aí um esquizofrênico e, não, um bipolar... Daí, para pôr fim à crise, o paciente é tratado como esquizofrênico. A medicação, agora, é diferente e provavelmente teremos um resultado satisfatório... (Sim, eu sei; está parecendo um episódio de House... Mas não é assim na vida real? Nem sempre há o diagnóstico correto, o tratamento correto desde o início. Às vezes, porque nunca passou por uma avaliação médica, o paciente não tem sequer um diagnóstico quando começa a primeira crise!)

Sendo assim, a esquizofrenia afeta o paciente, antes de tudo, em algo que se encontra para lá do humor ou do afeto enquanto o TAB altera, essencialmente, o humor.


Transtorno Esquizoafetivo

O transtorno esquizoafetivo pode ser visto como um meio-termo entre esquizofrenia e TAB. Seja como for, não é esquizofrenia nem TAB.


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Qual é a diferença entre bipolar e boderline?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Transtorno Bipolar, Café, Açúcar e Má Alimentação

Se preferir, leia este artigo na íntegra em seu site de origem. Este artigo é do site Saúde.net


Estudo revela ligação inédita entre a dieta e o transtorno bipolar

Cafeína, açúcar e dieta pobre têm efeitos negativos e aumentam a oscilação de humor em portadores da condição

Estudo publicado pelo British Association for Counselling & Psychotherapy, no Reino Unido, revela que existe uma ligação entre o tipo de dieta e o transtorno bipolar. A pesquisa revela que cafeína, açúcar e uma dieta pobre em nutrientes tem efeitos negativos e aumentam a flutuação de humor dos portadores.

Por outro lado, hábitos como uma dieta equilibrada, consumo de vitaminas — especialmente Omega 3, magnésio, vitamina B — e a redução de cafeína e açúcar, parecem minimizar a intensidade e a frequência das oscilações de humor para quem sofre de transtorno bipolar. Também foram observadas diferenças nos padrões de alimentação dos portadores da condição no início do transtorno bipolar: podem ocorrer um súbito aumento ou diminuição do apetite, além de comportamentos errados ao comer.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Bipolares famosos - Mary Shelley - Stanzas

Oh, come to me in dreams, my love!
...I will not ask a dearer bliss;
Come with the starry beams, my love,
...And press mine eyelids with thy kiss.

 
'Twas thus, as ancient fables tell,
...Love visited a Grecian maid,
Till she disturbed the sacred spell,
...And woke to find her hopes betrayed.

 
But gentle sleep shall veil my sight,
...And Psyche's lamp shall darkling be,
When, in the visions of the night,
...Thou dost renew thy vows to me.


Then come to me in dreams, my love,
...I will not ask a dearer bliss;
Come with the starry beams, my love,
...And press mine eyelids with thy kiss.


________
Talvez a maioria de vocês conheça a poetisa Mary Shelley (ou Maria Shelley para quem preferir a forma aportuguesada de seu nome) como romancista. Um de seus romances é Frankenstein.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Por que os seguidores somem de vez em quando?

O blogger está passando por melhorias. Provavelmente o serviço ficará melhor do que já é atualmente. Mas, enquanto isso, vamos tendo pequenos e grandes contratempos. É como viver numa casa em obras.

Dia 10 de junho, por exemplo, os seguidores voltaram a sumir, ou melhor, voltaram a ficar invisíveis. Mas não invisíveis como A Mulher Invisível da Rede Globo, é claro!

(Se ela fosse realmente invisível, não estaria sendo vista por milhões de telepectadores no País inteiro. Além do mais, se ela fosse mesmo invisível, não precisava ser a Luana Piovani fazendo o papel. Poderia ser a... Dercy Gonçalves se ainda estivesse viva? É, poderia.)

Mas voltemos a falar do blogger. Hoje é segunda e o programa da Globo só vai ao ar terça, temos tempo se você pretende vê-lo.

Por enquanto, se você quer entender melhor o que está acontecendo com o blogger, leia o post Deu a louca no blogger ou verifique o status do blogger sempre que algo acontecer.

O status do blogger é escrito em inglês. O post Deu a louca no blogger, em português, que é a língua oficial do Mastigando Estrelas.

domingo, 19 de junho de 2011

Depressão e Café

Se preferir, leia esta matéria na íntegra em seu site de origem. Esta matéria é do site Folha.com


Café pode passar de vilão a mocinho, apontam estudos

IARA BIDERMAN
Colaboração para a Folha de S. Paulo
TATIANA DINIZ
da Folha de S. Paulo


(...)

Depressão

O efeito antidepressivo do café foi apontado em uma grande pesquisa populacional realizada nos EUA, conhecida como "pesquisa das enfermeiras", por ser essa a ocupação da população observada. Os dados mostraram uma menor incidência de depressão profunda e de suicídio entre aquelas que eram consumidoras habituais da bebida.

No Brasil, uma pesquisa realizada entre 1987 e 1998, envolvendo mais de 100 mil estudantes de dez a 18 anos, também verificou uma relação inversa entre o consumo de café e a depressão. Coordenada por Darcy Lima, da UFRJ, e com o apoio do Instituto de Estudos do Café da Universidade Vanderbilt, de Nashville (EUA), os dados preliminares da pesquisa também mostram uma menor incidência de alcoolismo entre as crianças e os adolescentes que tomam aproximadamente três xícaras de café por dia.

Porém, as conclusões desses trabalhos ainda não são consenso entre os médicos. Ricardo Moreno, presidente do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, não recomenda café nos casos de depressão.

A polêmica da cafeína

"A cafeína é uma substância estimulante do sistema nervoso central. Nos quadros de depressão, todas as substâncias estimulantes são contra-indicadas porque alteram o humor das pessoas", explica Moreno. Segundo ele, algumas pessoas desfrutam de uma sensação de bem-estar logo após ingerir uma xícara de café, mas isso não deve ser confundido com um efeito antidepressivo. "No longo e no médio prazos, inclusive, o consumo contínuo pode acentuar o estado depressivo na ausência da substância", completa.


Para Darcy Lima, a questão não se resume à cafeína. Ele acredita que, embora a substância também possa ter relação com o efeito antidepressivo e inibidor do alcoolismo, os principais agentes são os antagonistas de opiáceos derivados dos ácidos clorogênicos presentes no café.

Mas a crença comum é que café é mesmo sinônimo de cafeína substância psicoestimulante que pode causar, além de dependência, sintomas como irritabilidade, nervosismo e insônia.

Sim, pode, mas os defensores do café batem em duas teclas: a cafeína corresponde a apenas 1% a 2,5% da composição do café; e esses efeitos indesejáveis só ocorrem quando o consumo é excessivo. Atualmente, a quantidade recomendada é de uma a duas xícaras diárias para quem tem menos que dez anos e mais que 60 anos e de três a quatro xícaras para a faixa etária restante, segundo Lima.


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O Sol é grande

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Revelar a bipolaridade ou não revelar. Eis a questão

Quem revela publicamente que é bipolar, certamente não poderá voltar atrás, ou terá que recorrer a uma grande mentira para negar o que foi dito. Seja como for, as palavras ditas ficariam na mente de quem as ouviu e haveria, pelo menos, a lembrança e a suspeita, que não se apagariam.

Mas um bipolar deve tornar público o diagnóstico? Vejamos.

Se uma pessoa diz que é bipolar, deve ter em mente o preconceito e o isolamento social que ela pode sofrer. Quanto mais uma pessoa depender de relações de compadrio para conseguir um emprego, por exemplo, mais oportunidades de emprego ela perderá, ou mais tempo ela ficará desempregada. Obviamente, um bipolar pode se aposentar por invalidez; mas digamos que você queira continuar trabalhando e dependa de contatos sociais para conseguir um emprego. Nesse caso, o que você faria?

Sempre se pode conseguir um emprego através de competência e habilidades próprias. Mas suponhamos que, justamente onde você vive, as melhores oportunidades de emprego são aquelas que você consegue através de relações de compadrio. Nesse caso, volto a perguntar, o que você faria?

Seja como for, você nunca saberá o que é ser descriminado se nunca passar por isso. Mas garanto que você perderá coisas que você jamais havia imaginado que pudesse perder. Pessoas que você considerava boas, lhe parecerão más. Pessoas que tomavam a iniciativa de lhe dizer bom-dia na rua, nem sequer responderão a seus cumprimentos se por acaso você agora tomar a iniciativa. Pessoas que não falavam mal de você abertamente, em público, agora se sentirão à vontade para fazê-lo. Pessoas que antes eram suas amigas, negarão o fato ou ficarão acanhadas em dizê-lo. Pessoas de quem você gostava e que bem ou mal lhe davam atenção, talvez se tornem esquivas, risonhas, maliciosas ou indiferentes...

Obviamente, você passará por tudo isso em maior ou em menor grau. Tudo depende de outros fatores. Por exemplo: Se você é rico, pertence a uma família respeitada na cidade ou vive entre pessoas bem-informadas, você sofrerá esse preconceito em menor grau. Mas, se você é de classe social baixa, não está ligado a pessoas influentes ou poderosas e vive entre pessoas com pouca ou nenhuma instrução, provavelmente você experimentará esse preconceito em maior grau.

Mas veja: Se você pertence a uma família local importante, as pessoas respeitarão, na verdade, sua família. Quem espera um favor de um familiar seu (um vereador, um empresário, etc.) não destratará você para não incorrer no desagrado daquele.

Agora, antes de passarmos adiante, me deixe tornar clara uma coisa. Se eu falava em pessoas instruídas, eu me referia a uma instrução que abrange o TAB. De modo geral, advogados sabem Direito. Engenheiros sabem Engenharia. Arquitetos sabem Arquitetura. Todos esses profissionais, certamente, são pessoas instruídas; mas isso não significa que eles conheçam o TAB, que tenham bom coração ou sejam isentos de preconceito.

Muitos advogados, por exemplo, só sabem Direito. Alguns, nem isso. Poucos advogados sabem mais que Advocacia, do mesmo modo que poucos engenheiros sabem mais que Engenharia. O mesmo se pode dizer de arquitetos.

Mas até aqui estivemos falando dos outros, isto é, da reação das outras pessoas. Será que podemos usar os defeitos dos outros para justificar nossos atos? Eu diria que não; mas eu também diria que tampouco podemos ignorar que vivemos entre outras pessoas e que, muitas vezes, dependemos delas.

Mas, havendo tanta coisa contra uma revelação, por que uma pessoa revelaria publicamente que é bipolar?

Não, meu caro leitor; não discorramos mais. Passemos à conclusão.

Quem já revelou o diagnóstico, não volte atrás. Quem ainda não revelou, pense bastante antes.

Se você revelasse o diagnóstico, eu o elogiaria. Mas, se você continuasse a manter segredo, eu não o criticaria.

Quem revelou o diagnóstico publicamente, ajude a diminuir o estigma e levar informação a quem ignora o tema. Quem não revelou o diagnóstico, faça o mesmo como um não-bipolar o faria. Quem é bipolar, mas não quer revelar a identidade, faça o mesmo usando pseudônimo ou anonimamente, sem mostrar o rosto.

Neste último caso, talvez alguém diga que é livre a expressão do pensamento, mas vedado o anonimato. Sendo assim, o que dizer das pessoas que dão entrevistas à TV sem mostrar a face, sem se identificar? Parece que isso virou moda...

Quem puder, quem tiver algo a dizer, fale. Como puder.

________
Faça este post circular por aí. Ajude a diminuir o preconceito contra bipolares.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Acervo Bipolar

Ultimamente, tenho publicado vários posts sobre Transtorno Bipolar ou sobre temas relacionados, e o número desses posts só faz subir... É o que chamo de Acervo Bipolar do blog.

Digite bipolar ou transtorno bipolar na barra de pesquisa do Google, no topo da coluna à direita neste blog, clique em Pesquisar e veja o resultado. Se quiser refinar sua busca, digite tab ia, tab adulto ou tab soe.

Se preferir, acesse o PRÉ-CONSCIENTE DO BLOG, na coluna à direita, e encontre todos os posts já publicados.

Se você é novo no Mastigando Estrelas, aproveite para ler posts antigos. Eles podem parecer tão interessantes quanto os mais recentes.

Boa leitura!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Bipolares famosos - Kurt Cobain - About a Girl (Legendado)



Comentários da pessoa que enviou o vídeo

** A Musica Foi escrita para a ex namorada de Kurt, Tracy Marander.
**o "I do", em inglês, tem o sentido de enfatizar a frase anterior.
Também, na música, serve para selar o compromisso de Tracey e
Kurt ("I do" é como o nosso "Sim", no altar), além de criar um
clima familiar na música: isso ocorre porque todos os dias,
Tracey deixava para Kurt uma lista de tarefas para fazer e ele,
mesmo sem realizá-las, escrevia ao lado de todas "I do".

domingo, 12 de junho de 2011

12 de junho bipolar

Já houve o tempo em que o casamento arranjado era comum. O namoro, quando havia, se resumia a algumas conversas do noivo com a noiva, sempre em ambiente familiar ou coisa que o valha. O noivo ia à casa da noiva e, ao menos teoricamente, eles ficavam a sós para uma conversa, para se conhecerem melhor. Na prática, havia alguém próximo, nos bastidores, para garantir que a conversa realmente não passasse de um colóquio...

A convivência vinha depois do casamento.

Mas, mesmo quando o casamento não era arranjado, ao menos o namoro acontecia assim, sob os cuidados ou a supervisão de alguém. Porque a mulher era um produto que pertencia ao pai. O pretendente devia comprar a noiva ou ao menos pedir autorização ao dono para levá-la. Do contrário, era o mesmo que um roubo ou tentativa de roubo. Mas às vezes era o dono (o pai) que oferecia algo para que a filha se casasse, pelo menos, com alguém à altura (no caso de ninguém à altura estar interessado, é claro!). Da década de 60 para cá é que tudo mudou bastante...

Mas uma bipolar que se casasse nessas cricunstâncias não passaria por tantas relações amorosas mal-sucedidas, como é comum entre bipolares. Ela acabaria se casando mais facilmente. Ainda assim, a convivência com o outro não deixaria de existir, pelo contrário, é aí que realmente começaria! Imagine isso numa época em que não havia divórcio ou desquite... O drama da civilização ocidental já tem milênios... As primeiras descrições do TAB também.

Mas agora imaginemos um homem bipolar. Tudo muda. Como ele poderia se casar numa época assim, em que cabia rigorosamente ao homem o sustento da família? Um bipolar que passasse boa parte do tempo desempregado e que dependesse de relações de compadrio para conseguir uma noiva, teria mais dificuldades para se casar.

Digo relações de compadrio porque é algo típico na Sociedade patriarcal, a qual predominou até décadas atrás, no Brasil e no mundo, não tendo deixado de existir em alguns países, nem desaparecido completamente no Brasil até os dias de hoje...


Van Gogh

Vejamos o caso de um bipolar famoso. Van Gogh dependia da ajuda de familiares e de terceiros para viver, e foi assim até o fim de sua vida. Até mesmo a arma com que ele pôs fim a seus dias lhe foi emprestada por seu irmão... Ao menos ele efetuou o disparo quando estava num lugar bonito, no campo de trigo que ele havia retratado dias antes...

Pois bem! Agora que já dissemos que Van Gogh não era capaz de se sustentar sozinho, falemos de sua prima, por quem ele se apaixonou. Ele chegou a dizer que gostaria de se casar com ela. A resposta foi um categórico eu nunca me casaria com você...

Ainda assim, suponhamos que ela tivesse aceitado. O que teria acontecido? Naturalmente ela teria engravidado e ele seria responsável pelo sustento de... 3? 4? 10? Bem... isso depende do número de filhos que eles teriam... Lembre-se de que estamos na Holanda do século XIX...

Van Gogh não chegou a viver para ver a fama e o dinheiro oriundos de suas telas. Seria o bastante para que ele tivesse uma modesta vida de milionário...  


Napoleão

Talvez alguém queira falar das relações amorosas de um bipolar bem-sucedido ainda em vida. É claro que tudo mudou depois que Napoleão se tornou imperador. Mas estamos falando de como as variações de humor tornam as relações amorosas mais difíceis e, não, de como o Poder pode facilitar essas relações. Sendo assim, nos lembremos da vida ainda humilde de Napoleão, antes de começar a subir na carreira militar. Nessa época, consta que ele requisitou o amor de várias mulheres, pedindo-as em casamento e sendo rejeitado até mesmo pelas mais improváveis mulheres...

Para ele, foi mais fácil conquistar a Europa do que consquistar o amor de uma mulher. Ou pelo menos as coisas parecem ter vindo nessa ordem (boa parte da Europa primeiro, amor de uma mulher depois) se temos em mente Marie Velawska, Maintenant que Marie l'ame (Agora que Marie o ama), como diz Castelot numa biografia de Napoleão que eu li muito tempo atrás e que meu cérebro fez o favor de guardar para esta ocasião...

Mas o que eu quero dizer com isto tudo? Resposta:

As variações de humor fazem com que os relacionamentos amorosos se tornem mais difíceis. Não digo impossíveis, mas digo que, de outro modo, eles seriam mais fáceis.

Talvez alguém diga que a hipomania faz do bipolar um irresistível Don Juan, o que me lembra um ditado que diz que O vinho faz do príncipe um poeta, e do poeta um príncipe. Mas o efeito da euforia, assim como o do vinho, passa. Além do mais, a euforia e o vinho também podem ter o seu lado nada romântico... Por fim, lembre-se de que estamos falando de relações amorosas de longo prazo e, não, da conquista de uma noite...

O bipolar, para ter maiores chances de viver uma história de amor longa, deve reagir em função do outro e, não, em função de seu próprio humor, que obedece a fatores internos.

O mais sensato, para viver um grande amor, é estabilizar o humor em vez de deixá-lo sem rédeas. O TAB não deveria ser um cavalo selvagem ou arisco, mas domado. Quanto mais o humor estiver estabilizado, melhor. Um bipolar pode se sentir muito bem numa fase de euforia, mas e a outra pessoa? o namorado? o noivo? o marido? Podemos nos esquecer do outro numa relação a dois?

Voltemos aos nossos dias e vejamos estes números. De 60 a 70% dos esquizofrênicos não se casam. Mas o que dizer de bipolares? Os números que tenho se referem a divórcios. De cada 10 casamentos, 9 acabam em divórcio quando um dos cônjuges é bipolar...

Não falarei de preconceito aqui, mas em outro post. Hoje eu só queria falar das variações de humor, que tornam um relacionamento menos fácil... Mas a instabilidade de humor não acontece só com bipolares. Antes de tudo, entendamos melhor como o humor do bipolar varia.

Imagine um bipolar tipo I, que alterna fases de mania e de depressão. A mania durará pelo menos uma semana. A depressão, pelo menos dois meses. Haverá periodos de vida normal. Isso quer dizer que o humor varia dentro de semanas ou meses. Não é a variação de humor que vemos num borderline por exemplo.

Num borderline, o humor varia dentro de um tempo muito menor. Segundos, minutos, quando muito horas. Não há fases longas, por assim dizer. É claro que há outras boas diferenças entre transtorno bipolar e transtorno borderline; e é claro que, dependendo do bipolar, as diferenças entre ambos os transtornos podem ser bem pequenas. Mas não nos alonguemos; não nos alonguemos muito. Afinal, isto aqui é o 12 de junho bipolar e, não, o 12 de junho borderline!

O que eu ainda gostaria de dizer é isto: Tente se lembrar de histórias de amor interrompidas, vividas por bipolares. Obviamente, os bipolares não estão isentos de serem traídos, humilhados, maltratados, etc., como qualquer pessoa normal. Mas veja que muitas bipolares ainda pensam em seus ex-namorados e desejam reatar com eles um dia, ainda que agora vejam neles defeitos que antes elas não viam. Uma borderline veria o ex que a traiu ou a humilhou como um verdadeiro demônio, que só tem defeitos; e se ela antes o queria, agora já não o quer.

Instabilidade emocional (mudar de humor a cada segundo, a cada minuto), não saber direito o que quer (isso agora é bom, isso agora é ruim), achar alguém perfeito e depois a pior das pessoas, sem haver meio-termo, sem haver transição, essas são características que dizem respeito essencialmente ao borderline, ainda que possam nos lembrar bastante um bipolar. Veja: Se você é uma bipolar e ainda ama seu ex que a traiu ou a abandonou, isso mostra que, apesar das suas variações de humor, você ainda sabe o quer e percebe que, se ele não era perfeito, pelo menos não era tão mau assim... Dá pro gasto... Uma borderline agiria de outro modo.

Enfim, diferentemente do que muitos pensam, instabilidade emocional não é TAB, mas outro transtorno, que pode ser borderline, um subtipo de instabilidade emocional. Mas esse aí já é assunto para outro post... (Pelas minhas contas, já estou devendo três posts a vocês, só porque escrevi este aqui!).


Conclusão? Invista na estabilização do humor e na psicoterapia. A longo prazo, isso fará toda a diferença se você está pensando em relacionamentos duradouros. Desse modo, você terá praticamente as mesmas chances de um não-bipolar no amor... Pode não ser muito; mas, como dizem os espanhóis, algo es algo (pouco é melhor que nada; já está bom para começar ou recomeçar)...


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O futuro da palavra bipolar
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sexta-feira, 10 de junho de 2011

"Tá parecendo bipolar que nem a Raquel. Uma hora tá apaixonadinho, outra hora tá com raiva."

Quem viu Malhação dia 8 de junho, ouviu um dos personagens dizer Tá parecendo bipolar que nem a Raquel. Uma hora tá apaixonadinho, outra hora tá com raiva.

Eis aí um exemplo de como a palavra bipolar vem sendo usada em linguagem popular. Tornou-se sinônimo de inconstante, de instável emocionalmente. O curioso, nesse caso, é que usaram a palavra bipolar (com o sentido popular que ela tem) para se referir a uma bipolar de verdade!

Tenhamos em mente que bipolar (no popular) não corresponde à bipolar (na linguagem dos médicos). A palavra é a mesma, mas o que ela significa, em uma e outra linguagem, difere... Em resumo, se você diz bipolar para um médico, ele imaginará X; mas, se você diz bipolar para um leigo, ele imaginará Y!

Palavras são símbolos.

Sendo assim, o que um médico, um psiquiatra imagina quando dizemos que a Raquel é bipolar? Certamente, ele imagina que ela deve recorrer a medicamentos para estabilizar o humor, que ela não deve beber álcool nem café, que deve evitar estressores, que a psicoterapia seria muito bem-vinda, etc. Um leigo, entretanto, não imagina nada disso. De modo geral, os leigos que sabem o que é TAB ou são bipolares ou convivem com bipolares. Ou pelo menos viram um bom documentário na TV, dividido em 390 episódios.... Pois é! A mesma TV que deseduca, também educa...

Ainda assim, estamos falando de um número pequeno de leigos que conhecem o TAB de verdade, porque nem todos eles se interessam pelo assunto ainda que sejam bipolares ou tenham parentes bipolares... Isso mesmo, há bipolares que não procuram se informar, ao menos não a fundo. É um Dá-me cá a receita e não falemos mais no assunto, doutor... No caso de parentes, às vezes é um Já não te paguei a consulta e os remédios? será que você ainda tá com isso?! Ou Você vai tomar esses remédios até quando? Você já tá melhor, pode parar com os remédios... E a palavra bipolar vai entrando meio torta, meio deformada no nosso dia-a-dia, através da TV, de alguns bipolares, de alguns parentes de bipolares, dos que já a ouviram pelo menos uma vez ou outra...

Sobre bipolares que não querem se informar a fundo sobre o TAB, é compreensível. Ninguém quer se aproximar de algo que o faz sofrer, mas talvez a desinformação sobre o assunto traga mais sofrimentos ainda... O bipolar que conhece o TAB a fundo, conhece melhor a si mesmo. Quanto mais complicada é uma coisa, mais você deve conhecê-la bem para lidar com ela da melhor maneira possível. Seja como for, à parte o bom-senso e a necessidade, é um direito das pessoas se informarem ou não.

Enfim, como dizia a sábia inscrição na entrada do templo de Delfos, conhece-te a ti mesmo.

Mas... onde estou com a cabeça? Comecei falando de Malhação e acabei falando do Mundo Antigo; fui do Projac no Rio a Delfos na Grécia sem ter concluído o post! Vamos à conclusão...

Veja: Um mulher leiga não diz que está meio grávida, a não ser de brincadeira; mas muitas pessoas já dizem, seriamente, que são meio bipolares...

Meio?... Metade?... É, pode ser...

Mas e você, bipolar de verdade que me visita neste blog e acabou de ler este post, o que você acha disto? Você consegue usar a palavra bipolar com o sentido que ela tem na linguagem popular? Você consegue dizer que está meio bipolar?...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Espalhe este selo por aí

No final da coluna à direita deste blog, desde o dia 6, há um selinho para copiar e colar.

A mudança de estações do ano lembra bastante a alternância entre euforia e depressão que há no Transtorno Bipolar, especialmente para os que conhecem o mito de Deméter.

O mito de Deméter fala em dois períodos que se sucedem. Um deles abrange o outuno e o inverno; o outro abarca a primavera e o verão.

Não preciso dizer que outono e inverno corresponderiam à depressão enquanto primavera e verão, à euforia.

Talvez alguém pergunte: Mas porque há folhas secas no selo e não um sol brilhante, que é mais alegre? Resposta: Um conjunto de folhas secas é a imagem que melhor nos dá a ideia de mudança das estações do ano.

Mas por que não usar uma imagem de Deméter? Resposta: As imagens mais famosas de Deméter são antigas, sérias, pesadas. Uma imagem mais leve e moderna teria mais aceitação. Além do mais, só um círculo pequeno de pessoas conhece ao mesmo tempo o mito de Deméter (Mitologia) e telas famosas que retratem Deméter (Pintura). Para muitas pessoas, seria apenas a imagem de uma mulher...

Por fim, da mesma forma que o mito de Narciso representa o Autismo, não vejo melhor mito do que o de Deméter para representar o Transtorno Bipolar...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Bipolares famosos - Lord Byron - Versos inscritos numa taça feita de um crânio

Tradução de Castro Alves

Não, não te assustes: não fugiu o meu espírito.
Vê em mim um crânio, o único que existe
Do qual, muito ao contrário de uma fronte viva,
Tudo aquilo que flui jamais é triste.

Vivi, amei, bebi, tal como tu; morri;
Que renuncie a terra aos ossos meus.
Enche! Não podes injuriar-me; tem o verme
Lábios mais repugnantes do que os teus olhos.

Onde outrora brilhou, talvez, minha razão,
Para ajudar os outros brilhe agora eu;
Substituto haverá mais nobre que o vinho
Se o nosso cérebro já se perdeu?

Bebe enquanto puderes; quando tu e os teus
Já tiverdes partido, uma outra gente
Possa te redimir da terra que abraçar-te,
E festeje com o morto e a própria rima tente.

E por que não? Se as frontes geram tal tristeza
Através da existência curto dia ,
Redimidas dos vermes e da argila
Ao menos possam ter alguma serventia.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Bipolares não-diagnosticados

Talvez você, leitor bipolar que visita este blog nas horas vagas, se pergunte: Como alguém pode ser bipolar se não recebeu o diagnóstico de TAB? Nesse caso, eu diria: Tente se lembrar de quando surgiram seus primeiros sintomas e de quando você recebeu o diagnóstico. Entre um momento e outro, quanto tempo se passou? 2 anos? 5? 10? Nesse meio-tempo, você foi um bipolar não-diagnosticado... Creia em mim!

Nesse meio-tempo, da mesma forma que os os dabéticos não-diagnosticados consomem açúcar, você provavelmente consumiu álcool, café e tudo o mais que não podia. Afinal, você não sabia de sua condição clínica, talvez nem imaginasse...

Nesse meio-tempo, as pessoas notavam as suas variações de humor e achavam tudo normal, ou encontravam uma justificativa. Afinal, todo o mundo tem seus altos e baixos. Mas, se o seu gato de estimação morre e você fica deprimido dois meses, isso é uma frescura; logo passa. E, se não passa, as pessoas se afastam e já não dizem que é frescura, porque estão ausentes...

Se você está eufórico, que mal há? Os vendedores adoram, você está gastando mais. E as pessoas desconhecidas que te veem eufórico nunca te viram deprimido para comparar. Você está contente; irradia felicidade. O que há de mal na felicidade? Quem te critica, está com inveja!

Mas, durante uma depressão, você é impelido a ir ao médico e recebe o diagnóstico de depressão unipolar. O que há de errado? Nada! Afinal, você estava se sentindo para baixo e não esperava outro diagnóstico. Ninguém esperava. É só uma depressão e, se não fosse a incapacidade para o trabalho, você não teria ido ao médico. Exageros do psicólogo da empresa... Para que remédios?

Você estava numa fase de mania e bebeu demais? Ah, então sua animação se devia ao álcool, está explicado! Todo o mundo passa da conta de vez em quando e faz coisas que, sóbrio, nunca faria. Quem nunca bebeu demais? Bebedeira não é doença!

Até que um dia acontece alguma coisa grave; algo está realmente errado. Tão errado que agora todos conseguem notar... Os sintomas mais leves não foram sequer notados; os mais graves foram ignorados. Um longo tempo se passou... Você, nesse período, talvez tenha magoado a alguém que não merecia ser magoado, terminado um casamento, desfeito uma sociedade, torrado todo o seu dinheiro... Talvez tenha arriscado a vida durante uma fase de mania ou atentado contra a própria existência durante uma fase depressiva. Você podia ter morrido, alguns bipolares realmente morrem antes de receber o diagnóstico correto...

Mas você está vivo? Bom. Você recebeu o diagnóstico correto e está se tratando? Melhor ainda. Significa que você sobreviveu à fase do não-diagnóstico, que, em média, leva dez anos.

Nem todos têm essa "sorte".


Moral da história? Todo bipolar diagnosticado, um dia, já foi um bipolar não-diagnosticado. Mas nem todo bipolar não-diagnosticado será, algum dia, diagnosticado...


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