sábado, 28 de janeiro de 2012

Marta #4

“Talvez de fato a felicidade seja o que as pessoas normais podem ter de mais parecido com a loucura, porque, quanto mais felizes, mais loucas elas parecem. (...) Talvez os loucos sejam mais felizes do que pensamos, e nós mais tristes do que eles parecem ser”.
Após várias doses de álcool, Marta tem sua primeira vez com um cara que nem sabe o nome.
Ela é bipolar e ama João, um rapaz que fora seu namorado anos antes. Um dia, João dá um papel a Marta com seu novo telefone. Os dois marcam um encontro, mas no último segundo João liga para ela, desmarcando-o. Então Marta e suas amigas: Naila e Sílvia vão numa casa noturna e lá encontram João com outra garota. O romance de Marta e João continua com seus altos e baixos, até que ela adoece, tranca a faculdade de jornalismo e volta para a casa de seus pais em La Falda. Lá o pai e a mãe da menina, a fim de acabarem com o sofrimento dela por conta deste amor não correspondente, chamam Vasco, seu primo, apaixonado por Marta, para tentarem se relacionar.
Os dois tem um caso, mas ela ainda não esqueceu João.
Eles marcaram um encontro numa colina que foram uma vez, mas naquele dia, havia caído muita neve. Marta sai de casa, com febre altíssima e confunde o caminho. Então, uma coisa surpreendente acontece.

Um livro maravilhoso! O final é maravilhoso e em momento algum pensamos que aquilo aconteceria. Quando terminei de lê-lo pensei: "Puxa! Isso deveria virar filme!" O livro é narrado com tamanha intensidade que nos faz prender a respiração! Muito, muito bonito. E o melhor: é de um autor brasileiro! ;)


Amanda Cristina

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Transtorno bipolar: Difícil diagnosticar, fácil tratar

O transtorno bipolar é considerado de fácil tratamento, mas de difícil diagnóstico. Se eu tivesse que te dar uma notícia boa e outra má, começaria com a boa, dizendo que o tratamento é relativamente fácil... Mas de que isso nos serve se, antes de tudo, não pudermos contar com o diagnóstico correto? Não pode haver um tratamento se, antes, não houver o diagnóstico. De preferência, o diagnósico correto, que nem sempre vem ou tarda a vir...

Para que tenhamos uma ideia melhor, lembremos (será que alguém aí já esqueceu?) que os bipolares não-diagnosticados levam em média 10 anos até que recebam o diagnóstico correto. Esse período nos dá uma ideia do quão difícil pode ser diagnosticar um bipolar... Há também, é claro, aqueles que levam 15, 20 anos até que ouçam de um profissional da área a palavra bipolar...

Antes de passarmos adiante, entretanto, talvez você diga: "O tratamento é considerado fácil? Pensei que fosse difícil!" Sim, é considerado relativamente fácil, mas isso não significa que todos os psiquiatras obtêm os mesmos bons resultados desde o início. Seja como for, se você já recebeu o diagnóstico, anime-se! O palco do maior drama que você poderia viver já foi desmontado se imaginarmos que o drama de um bipolar se divide, essencialmente, em dois grandes atos: diagnóstico e tratamento.

No primeiro ato, surgem os primeiros sintomas, vive-se com eles, não se sabe ou não se percebe o que está havendo. Os sintomas se tornam cada vez mais evidentes ou simplesmente vão se repetindo de modo que as pessoas já não podem deixar de vê-los. O tempo passa. Quase ninguém percebe a diferença entre depressão e tristeza, ou entre euforia e alegria. Depois, quando finalmente vem o diagnóstico e ele é aceito, começa o segundo ato, que é o tratamento...

O primeiro ato, que durou em média uma década, foi aquele em que o bipolar lutou contra algo que ele sequer imaginava existir, ou foi aquele em que o bipolar era vítima de uma "força" invisível que ele sequer podia conjecturar. Esse "não saber o que está havendo" é algo que não vemos naquele segundo ato; é algo que torna este primeiro ato todo especial...

No segundo ato, que durará a vida inteira se o bipolar não abandonar o tratamento, já não é uma luta cega. Os golpes já não são dados no escuro, sem que o bipolar saiba de onde eles vêm. Agora as luzes já estão acesas no palco e o bipolar tem conhecimento do que o atinge e pode revidar, contar com o tratamento médico adequado, etc. Enfim, é uma luta mais justa, ainda que menos dramática, porque o conflito, neste segundo ato, é menor. Digo menor porque alguns elementos foram suprimidos, e o bipolar vai se aproximando de uma vida normal, ou seja, vai se aproximando de uma condição em que o conflito do primeiro ato deixa de existir, ainda que aqui e ali o bipolar possa ter uma nova crise, uma recaída...

Em poucas palavras, se o drama do bipolar consiste em sofrer com os sintomas do transtorno, significa que esse drama é menor na medida em que os sintomas são anulados e o bipolar tem uma vida normal ou praticamente normal. Outros dramas, secundários (secundários porque dependem de um drama principal, que é a luta contra o TAB), são a luta contra o estigma, a gravidez durante o TAB, etc. Mas não nos alonguemos muito...

De ambos os atos, portanto, o primeiro me parece mais dramático, ainda que certamente valha a pena acompanhar o segundo também, especialmente se você é bipolar e se este é seu drama...

Talvez alguém diga que o segundo ato é igualmente dramático ou até mais, e eu concordarei com isso se o bipolar não recebe o tratamento adequado ou o abandona... Um bipolar sem tratamento adequado ou que decide abandoná-lo continua a viver o drama do primeiro ato, porque os sintomas persistem e a enfermidade avança... A diferença é que agora o bipolar tem consciência de sua enfermidade e não se trata, isto é, não quer passar ao segundo ato...

No romance “Marta”, todo esse primeiro ato é descrito do início até o fim, começando um pouco antes, porque também conhecemos a vida de Marta antes de o TAB se manifestar. Esse período anterior ao TAB é chamado de pré-mórbido e constitui a quarta parte da obra, narrada pela própria Marta...

Mas por que, afinal, esse primeiro ato pode durar tanto tempo? Algumas explicações:

a) As pessoas, de modo geral, desconhecem o transtorno bipolar ou tem uma ideia sobre ele que não corresponde à realidade;

b) As pessoas não aceitam a possibilidade de que possam sofrer de algum distúrbio mental e "fecham os olhos" para os sintomas;

c) O transtorno bipolar, considerado de difícil diagnóstico, às vezes é confundido com depressão monopolar ou outras enfermidades;

d) As pessoas só costumam procurar ajuda médica quando algo drástico acontece;

e) As pessoas costumam achar justificativas para as crises de depressão e de euforia, dizendo que "ele perdeu o emprego, terminou o noivado, etc.";

f) O transtorno bipolar pode apresentar sintomas diferentes a cada novo episódio;

g) Cada bipolar pode manifestar o transtorno de um modo diferente.

A explicação (f) impede que as pessoas criem uma única imagem em suas mentes que corresponda à de um bipolar. Seria preciso haver várias imagens, ou seria preciso haver uma imagem resumida ao que o TAB tem de essencial.

A explicação (g) faz com que o transtorno bipolar pareça ter sumido. Porque, se ele reaparece de cara nova, parecerá outro "bicho", como um camaleão que consegue se camuflar porque muda de aparência de quando em quando...

Sobre as outras explicações, de (a) a (e), não as comentarei nesta postagem. São demasiadamente óbvias para que falemos delas de modo resumido e objetivo. Para que não cansemos o leitor, passemos ao último parágrafo deste post.

Ainda que seja difícil diagnosticar o TAB e conviver com ele sem o tratamento adequado, as esperanças de uma vida normal são muitas, especialmente nestes últimos 15 anos em que as pesquisas avançaram bastante. Porque, como eu disse, o tratamento é considerado relativamente fácil, e o maior drama do bipolar costuma vir do não-diagnóstico e do não-tratamento. As expectativas de uma vida feliz ou produtiva são cada vez mais animadoras e tudo o que devemos fazer, como leigos, é incentivar a busca pelo diagnóstico e pelo tratamento adequado, além de reduzir o estigma para que os bipolares, tendo uma vida normal, também encontrem um mundo em que possam viver normalmente...


Leia mais
Transtorno Bipolar e Razões Para o Otimismo, de José Luís
Depressão e Café



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Texto próprio, publicado originalmente em outro blog.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Marta #3

Marta não é um romance qualquer. A sinopse talvez pareça um tanto clichê para muitos, mas ao longo da leitura percebe-se que se trata de algo um pouco diferente.

Vamos conhecendo Marta ao longo do livro e cada vez mais sabendo de toda sua história. Está agora cursando a faculdade, no primeiro ano de Jornalismo e muda-se de cidade, mas deixa seu coração nas mãos de um ex-colega da antiga escola, na cidade de La Falda, João.

Trata-se de um amor puro e verdadeiro, que no decorrer do livro vamos entendendo melhor. Seu amor por João não tem medidas, e cada vez mais, estando longe ou perto, se sente mais apaixonada: o que ela só quer, na verdade, é fazer parte de uma bonita história de amor, mas infelizmente não parece ser correspondida.

‘’Mas parece que fugir de João ou tentar esquecê-lo não o tirou da minha mente, tampouco do meu coração, e esse amor já me dói mais e mais. ’’ – pág. 75

O livro é narrado em terceira pessoa por um psiquiatra que estudou o caso da garota e agora quer relatá-lo, mas isso só se torna claro mais ao fim do livro, onde o mesmo fala um pouco sobre Psiquiatria. Mesmo assim, sempre entre uma parte e outra da história contam-se algumas curiosidades interessantes, como parte de Filosofia, mas sem o tornar monótono por isso e sim agradável.

Outro fato interessante do livro, é que toda sua história não se passa no Brasil, mas sim na Argentina, e em algumas partes do texto, são introduzidas algumas frases no idioma local do país. Com a tradução do lado, fica fácil para o leitor assimilar uma frase a outra, e conhecer, mesmo que pouco o tal idioma.

Existem diversos tipos de personalidades no livro: Martinha é uma garota bipolar, enquanto sua amiga Naila é bastante egocêntrica, Sílvia sempre proposta a ensinar e aconselhar e até a mãe de Marta, que ao final se revela protetora o bastante para não enxergar que a filha pretende se casar por amor e não por dinheiro ou falta de melhor opção.

Porém, certas vezes o livro se torna um pouco repetitivo, pelo fato da garota, principalmente no começo da história, sempre falar do amado da mesma maneira. Isso ocorre justamente devido a bipolaridade dela, mas não deixa de às vezes se tornar um pouco cansativo. Ao decorrer da mesma, muda-se um pouco isso, e diferente de outros romances que conheço, sua emoções são exemplificadas através de um poema ou outro.

O ponto mais alto da história é com certeza, seu final. Surpreendente, diferente e bonito, mostra que quando o amor é verdadeiro, tudo vale a pena por ele. E Martinha, acima de tudo, sempre quis sua felicidade ao lado de João. O fato da personagem também ter um problema de bipolaridade,ajuda a explicar o porquê dela ter tomado as atitudes que tomou, principalmente nessa parte.



Andressa  Tomaz

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Juliana Schalch interpreta bipolar

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A inquietude de Juliana Schalch é indisfarçável. Com grandes e amendoados olhos esverdeados, a atriz paulistana mal consegue conter seus gestos expansivos quando analisa Marta, sua personagem em O Brado Retumbante. Na minissérie, que estreia na TV Globo no dia 17 de janeiro, ela sofre de transtorno bipolar e bate de frente com o pai, o presidente da República do Brasil Paulo Ventura, vivido por Domingos Montagner.

Mulherengo e distante da família, o político é casado com a primeira dama Antônia, papel de Maria Fernanda Cândido, que faz de tudo para proteger e compreender a filha. Quem também ajuda Marta com seu transtorno psíquico é seu marido, o apaixonado empresário Tony, interpretado por Leopoldo Pacheco.

Na construção para o papel, Juliana voltou ao passado - a atriz quase se formou em psicologia pela PUC de São Paulo, o que ajudou na busca por referências psicológicas para construir o perfil instável da personagem. "Procurei o que seria uma bipolaridade em mim para transmitir isso na Marta. Senti as emoções da personagem na última potência", avalia Juliana, que também solicitou a orientação de psicanalistas para o trabalho.

Outro álibi da atriz nesta composição contemporânea e absolutamente atual foi tentar encontrar as nuances da personagem através da música. Para se inspirar nas cenas mais tensas, Juliana ouviu muitas bandas de punk rock. Já nos momentos mais amenos e serenos, se concentrou em canções de jazz e blues, para moldar a psique de Marta.

A atriz vê a personagem como uma eterna incompreendida pelo pai, absolutamente racional, e, por isso, acaba sendo acolhida paternalmente pelo marido, Tony, seu superprotetor na história. No entanto, sua personagem também acolhe outros, como o irmão, de forma ainda mais delicada. Na história, ele é um transexual que faz uma cirurgia para mudar de sexo e virar mulher em Los Angeles. Ao chegar ao Brasil, Marta o hospeda em sua casa e enfrenta a incompreensão do pai com a decisão sexual do filho. "Ela vira uma mãe para o irmão", explica, arregalando os olhos e fazendo sutis movimentos de alongamento.

Nitidamente, Juliana ainda está assimilando um papel de tamanha densidade para a TV. Afinal, antes da minissérie de Euclydes Marinho, dirigida por Ricardo Waddington, a atriz só havia feito pequenas participações em novelas. Estreou como a determinada Juliana de Três Irmãs, em 2007, e já atuou em 2011na pele da meiga Lara, de Morde e Assopra. "Mas nada chega perto da Marta. Amo a maquiagem, os anéis, o jeito irreverente dela ser e se vestir", compara.

No cinema, a atriz também tem começado a ganhar destaque. Depois de participações em longas como VIPs e Tropa de Elite 2, a paulistana protagonizou recentemente seu primeiro filme, Os 3. Na trama de Nando Olival, em cartaz nos cinemas, ela interpreta Camila, uma mulher que se envolve simultaneamente com dois homens, que fazem de seu cotidiano um "reality show", com câmaras espalhadas pela casa.

"A Camila é independente, mas meio menina. A Marta é mais mulher, mais intensa. Ela muda minha trajetória como atriz. Mostra um lado meu que nunca foi visto na tevê", finaliza.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Depressão e Transtorno Bipolar num mundo de aparências

Marta apresentava sintomas de transtorno bipolar, mas durante muito tempo ninguém sequer suspeitou de nada. Levou-se um bom tempo até que começassem a questionar a saúde dela, ainda que começassem por outras possibilidades. O romance “Marta”, da Editora Schoba, foca bastante nessa questão, na diferença que pode haver entre aparência e essência. Por que a maioria de nós só enxerga claramente a primeira? Em outras palavras, por que há tantos deprimidos e bipolares não-diagnosticados?

Se aparência e essência coincidissem, como disse Marx, a ciência seria desnecessária.

É justamente porque a maioria das pessoas não consegue distinguir felicidade de uma crise eufórica, que o médico deve entrar em campo para aclarar as coisas. É exatamente porque a maioria das pessoas não consegue ver a diferença entre tristeza e depressão, que o médico deve dar o seu parecer.

Se lembrarmos que os bipolares levam, em média, dez anos até que recebam o diagnóstico correto, poderemos dizer que as pessoas leigas, durante uma década, confundem euforia com alegria se elas têm um familiar ou amigo bipolar. Ou confundem depressão com tristeza. Se as pessoas leigas realmente pudessem distinguir aparência e essência, o médico não seria necessário para dar o diagnóstico, isto é, a ciência seria desnecessária para dizer se alguém é bipolar ou não.

Mas aparência e essência nunca coincidem. Sempre é preciso mostrar às pessoas o lado oculto das coisas.

Num mundo superficial, onde as pessoas desdenham a essência e valorizam a aparência, quem se importa em conhecer o outro a fundo? Basta parecer. Ser é desnecessário. Se alguém está deprimido (se alguém sofre de depressão) o que acontece? Ao primeiro sinal de depressão, provavelmente o deprimido ouvirá: "Ande, ponha um sorriso nessa cara. Não deixe que pensem que você está infeliz. Não dê aos outros esse gostinho." E começa-se a encobrir uma depressão (monopolar ou bipolar) que já está aí para quem quiser ver...

Desse modo, se não temos sequer o direito de estarmos tristes porque a felicidade é uma obrigação, o que se dirá de estar deprimido? Se nem a tristeza, que é um sentimento, é aceita, o que dizer da depressão, que vai muito além de uma tristeza passageira?

Um deprimido que se esforce em parecer bem, que foi ensinado a vida inteira a aparentar bem-estar, é o mesmo deprimido que fugirá de um psiquiatra ou psicólogo como o diabo da cruz. Ninguém está livre de sofrer de depressão, nem mesmo aqueles que, durante uma vida inteira, puseram na cabeça que devem parecer felizes o tempo todo, a todo custo, especialmente quando não estão felizes...

Além do mais os familiares, que são as pessoas mais próximas, em vez de serem os primeiros a notar algo, geralmente são os primeiros a “maquiar” os sintomas do enfermo. Os familiares, de modo geral, são os primeiros a dizer: "Melhore essa cara. O que os outros vão pensar? Anime-se, você não tem motivos para estar triste. Deixe de ser bobo."

Mas afinal: Quem, em boa e sã consciência, inventa uma doença? Depressão é doença e não se cura com repreensões, nem com palavras de ânimo. Se realmente temos diante de nós um caso de depressão monopolar ou bipolar, isto tem que chegar a um consultório médico...

Mas, de modo geral, só quando algo realmente grave acontece é que um profissional é consultado. Com algo grave quero dizer uma tentativa de suicídio, um acidente sério, um longo período de sofrimento moral que se tornou insuportável devido a um incidente recente como o fim de um casamento ou a perda de um emprego. Só em último caso, um profissional costuma ser consultado. Só no último minuto do segundo tempo, quando tudo é uma emergência, um caso de vida ou morte, é que geralmente se recorre a ajuda profissional... E o médico tem que fazer milagres de última hora... Mas ele não faz mais do que o esforço humano é capaz...

Só em último caso, costuma haver ação em vez de negligência ou "desatenção" se ainda existe tempo para fazer algo, porque às vezes, infelizmente, não há...

Eu lhe garanto: Você não precisa sofrer à toa se você pode receber o tratamento adequado e ver-se livre dos sintomas, tendo uma vida normal ou praticamente normal. Não deixe que a doença, nenhuma doença, avance se você pode combatê-la, vencê-la ou anulá-la. Não espere que os sintomas se tornem graves, não deixe o tempo passar até que você consiga ver a diferença entre essência e aparência. Se esse dia chegar, significa que você poderia ter consultado um profissional antes. Não somos nós que temos de ver a diferença entre essência e aparência, não somos nós que temos de dizer "Tenho depressão, vou ao médico" ou "Tenho TAB, vou ao psiquiatra pedir que ele me prescreva remédios e volto já". Se você é leigo, não é você quem deve reconhecer os sintomas e dar o diagnóstico!

As pessoas, de modo geral, se dão um diagnóstico e vão ao médico. Elas dizem "Eu tenho isto, eu tenho aquilo, vou ver o doutor". Mas espere um minuto! Não é justamente o doutor quem deveria dizer se temos isto ou aquilo?! Por que fazemos o papel dele se não somos um profissional da área?

O que nos compete é suspeitar, notar que há algo errado ou diferente, observar os primeiros sinais... Daí procuramos um profissional da área e perguntamos o que ele tem a nos dizer. Em poucas palavras, nossa parte é suspeitar, perguntar, procurar saber, justamente porque somos leigos e não sabemos nada a fundo. Não nos cabe ter certeza. O que nos cabe é a dúvida. E, se agirmos assim, estaremos fazendo o que poucos fazem para o seu próprio bem...

Apenas quando a diferença entre aparência e essência é abissal, demasiadamente grande para qualquer um enxergá-la, é que se procura um profissional. Mas não deveria ser o contrário? Não se deveria procurar um profissional ainda no início da depressão ou do TAB, quando só mesmo um psiquiatra ou psicólogo é capaz de ver a diferença entre alegria e euforia ou entre tristeza e depressão? Não é para isso que os profissionais costumam saber mais do que os leigos? De que nos tem servido toda a ciência? Parece que de nada ou de muito pouco...

Os avanços no tratamento do TAB deram um salto bastante grande nos últimos tempos, especialmente nestes últimos 15 anos, mas ainda pensamos com os mesmos preconceitos de décadas, séculos atrás, e nos comportamos como na época em que a ciência podia pouco ou quase nada. Como cientistas, avançamos muito. Mas, como pessoas, evoluímos infinitamente menos. Infelizmente menos... Afinal, quem está investindo em nossa parte meramente humana? no que pensamos ou sentimos? A Medicina que aí está, diante de nós, pode ser avançada ou moderna, mas os olhos com que a vemos ainda são velhos...

Se só se procura por um profissional em último caso, é porque chegou-se a um ponto em que até os leigos podem ver a diferença entre aparência e essência. E isso é mau sinal. Esperou-se demais, ainda que nunca seja tarde para começar a agir se o enfermo continua respirando...

De modo geral, é preciso esperar que alguém tente suicídio para se falar em depressão. Mas acontece que nem todas as tentativas de suicídio são falhas. Algumas são levadas a cabo com 100% de eficiência... Deveríamos nos antecipar a essas tentativas, buscando o diagnóstico correto e o tratamento adequado desde cedo. Quanto antes, melhor.

Por regra, não só quando falamos de depressão e transtorno bipolar, mas de doenças mentais em geral, há essa negligência ou negação, essa desinformação ou essa espera para agir. Geralmente é preciso que algo grave aconteça para que um bipolar olhe um psiquiatra nos olhos... Será realmente preciso sofrer ou arriscar a vida antes de buscar ajuda profissional? Por que esperar tanto? Se não for nada, melhor ainda... O que temos a temer?

São dez anos, em média, até que o diagnóstico correto de TAB venha. Dez anos de sofrimentos desnecessários. Tudo porque poucos são capazes de ver a diferença entre aparência e essência desde o início e, quando começam a vê-la, eles a negam. Negam até onde é possível negar. E às vezes, quando já se tornou impossível negar, é tarde demais para voltar atrás...

Vivemos de aparências, e ninguém deve parecer deprimido ou bipolar, muito menos sê-lo. Vai-se ao médico cuidar do corpo, mas ninguém vai ao psiquiatra cuidar da mente. Vai-se à academia malhar, mas ninguém vai ao psicólogo. Ai de quem for! O preconceito pode ser enorme. Mas deveríamos deixar que os outros (os comentários dos outros) rejam nossas vidas?

Quem vai a um psicólogo, procura fazer isso em segredo. Quem vai ao psiquiatra e não pode esconder isso dos demais, diz que foi ao psicólogo. Ninguém diz que foi ao psiquiatra, quase ninguém o diz. Daí que muitas pessoas explicam: "Meu psicólogo me receitou esses medicamentos de tarja preta. Eu nem precisava deles. Bobagem." Como se os psicólogos receitassem os medicamentos mais poderosos do mercado! Como se os psiquiatras não existissem!

As pessoas necessitam de ajuda, mas elas se preocupam com aquilo que os outros vão pensar, com as fofocas a evitar, com os preconceitos que podem sofrer, e a consulta médica vai ficando cada vez mais distante... Porque, ao que tudo indica, é mais importante parecer são do que ser são. Não negarei que esse seja o nosso mundo, mas será que esse precisa ser o seu mundo?

Quem se trata e anula os sintomas da doença, seja depressão, seja TAB, corre o risco de ser chamado de louco, mesmo levando uma vida normal, se por acaso assumir a doença publicamente. Mas quem sofre de depressão ou TAB em segredo, sem se tratar, é uma pessoa perfeitamente normal para as outras, mesmo apresentando todos os sintomas. Afinal, quem é capaz de ver a diferença entre aparência e essência?

Faça algo pela sua saúde. Quem lhe quer bem, mesmo que não saiba o que é depressão ou TAB, procurará entender e apoiá-lo. Quem não lhe quer bem ou finge que quer, não procurará entender. Não se preocupe com estes últimos. Principalmente, não sofra por estes últimos.

Se você precisa de ajuda, eu lhe desejo o melhor tratamento possível. Quem lhe quer bem, dirá que sua saúde vem antes de tudo. É o que eu digo a qualquer deprimido ou bipolar. É o que eu tentei dizer através de “Marta”...


Leia mais
O que os leigos deveriam saber sobre bipolares



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Texto próprio, publicado originalmente em outro blog.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Presidente tem filha bipolar

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O Brado Retumbante, minissérie de oito capítulos que a Globo exibirá de 17 a 27 de janeiro, orbitará em torno de um presidente da República honesto que será acusado de corrupção. Esse presidente rejeita e esconde um filho homossexual.

Sátira crítica com um tom farsesco, mas sem ser uma comédia rasgada, O Brado Retumbante, segundo a Globo, se passa em um país "fictício", porém todas as referências a levam ao Brasil. A começar pelo "brado retumbante" do título, retirado do Hino Nacional. Na letra de Duque Estrada, brado retumbante é o estrondoso grito da Independência.

Embora ético, o presidente dessa República lembra Fernando Collor de Mello (1990-1992). É acusado de desviar dinheiro para uma conta no Uruguai e enfrenta um impeachment.

Escrita por Euclydes Marinho e com direção-geral de Ricardo Waddington, O Brado Retumbante aposta em um elenco pouco conhecido. O protagonista é Domingos Montagner, anônimo para o grande público até interpretar um cangaceiro em Cordel Encantado.

José Wilker, Maria Fernanda Cândido, Leopoldo Pacheco, Otávio Augusto e Miele são os nomes mais badalados do elenco, que conta ainda com Sandra Corveloni (melhor atriz em Cannes-2008 pelo filme Linha de Passe), Mariana Lima, Marina Elali, Carlo Briani, Cecília Homem de Melo, Ricardo Homem de Melo, Caca Amaral e Murilo Armacolo, entre outros.


Presidente por acaso

Montagner dará vida a Paulo Ventura, descrito como "advogado boêmio e político honrado" que se torna presidente da República por acaso. Ventura é um deputado de oposição ao governo. Numa tentativa de manipulá-lo e domá-lo, um grupo de políticos corruptos, chefiados pelo Senador (Miele), o elege presidente da Câmara dos Deputados.

Ocorre que o presidente da República e seu vice morrem em um acidente aéreo. E Ventura, como presidente da Câmara, assume o comando do Poder Executivo.

Ventura, então, procura a ex-mulher, Antonia (Maria Fernanda Cândido), e a convence a fazer o papel de primeira dama. Ela aceita, porém, mais para a frente, foge para Buenos Aires com um escritor. O casal tem uma filha neurótica, Marta (Juliana Schalch), e um filho, Julio (Murilo Armacolo), homossexual rejeitado pelo pai, que se afasta da família.

Com o pai na Presidência, Julio volta ao país, agora como Julie, uma transexual. Os dois se reconciliarão. Ventura, no entanto, sofrerá um atentado após editar uma lei que pune corruptos, enfrentará uma crise com a "Bolívia do Sul" e um processo de impeachment . E entrará em campanha eleitoral com um adversário como favorito.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Transtorno Bipolar em O Brado Retumbante

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Quem nunca teve curiosidade em saber como é a vida de um presidente da República por trás do gabinete? Pensando nisso, Euclydes Marinho resolveu escrever "O Brado Retumbante", que estreia dia 17 de janeiro. Na história, exibida em oito episódios, Domingos Montagner será Paulo Ventura. Um advogado, que, depois de uma manipulação política, assume o comando do país. Boêmio e mulherengo, ele vive em conflito com a mulher, Antônia (Maria Fernanda Cândido), a quem busca apoio durante o inesperado mandato.

Além das crises conjugais, Paulo está sempre às voltas com os filhos. Não bastasse aturar as infantilidades de Marta (Juliana Schalch), ainda se vê obrigado a aceitar Júlio (Murilo Armacollo), que, depois de anos longe de casa, volta como a transexual Julie.

O autor diz que a ideia não é só expor as reviravoltas da vida do líder, mas revelar um pouco da intimidade de um chefe de estado. "Quis mostrar que, por trás de todo presidente, existe um ser humano que tem problemas, dor de barriga, pai, mãe e mulher", explica Euclydes.


Os protagonistas

Paulo Ventura (Domingos Montagner): O presidente do país. Um advogado carismático, naturalmente sedutor e boa-praça, que vai parar na Presidência da República em razão de uma manobra política que não saiu exatamente como se previa. Ele tem um casamento problemático com Antônia, com quem tem dois filhos: Marta e Júlio.

Antônia (Maria Fernanda Cândido): Doutora em história do Brasil, ela tem alma de militante. Casou-se com Paulo, mas a relação nunca foi tranquila, pois seu marido não resiste a um rabo de saia. Mas ela sempre foi a fortaleza de Paulo.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Transtorno Bipolar em nova minissérie

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Além de Dercy de Verdade, a Globo vai levar ao ar outra minissérie em janeiro. Trata-se de O Brado Retumbante, que promete satirizar e alfinetar os mais altos escalões da política nacional.

Na história, que se passa em um país fictício, Paulo Ventura (Domingos Montagner) é um deputado de oposição ao governo que preza pela honestidade. É então que, em uma tentativa de coagi-lo, um grupo de políticos corruptos, chefiados pelo Senador (Miele), o elege presidente da Câmara dos Deputados.

Só que eles não poderiam adivinhar que o presidente da República e seu vice morreriam em um acidente aéreo, fazendo com que Ventura assumisse o posto máximo da política do país. Até que ele decide criar uma lei anti-corrupção e, por ter desagradado a muitos, acaba sendo vítima de acusações e um processo de impeachment.

Ele possui, ainda, um casal de filhos com a ex-mulher, Antonia (Maria Fernanda Cândido), a quem convence a fazer o papel de primeira dama. Marta (Juliana Schalch), uma filha neurótica, e Julio (Murilo Armacollo), um homossexual que fora rejeitado pelo pai há tempos.

As conseqüências da nova empreitada política de Ventura e os seus envolvimentos familiares é que movem a trama da minissérie, que tem ainda no elenco José Wilker, Leopoldo Pacheco, Otávio Augusto, Sandra Corveloni, Mariana Lima, Cecília Homem de Melo, Carlo Briani, a cantora Marina Elali, dentre outros.

O Brado Retumbante é de autoria de Euclydes Marinho e conta com direção-geral de Ricardo Waddington. A atração estreia no dia 17 de janeiro e vai até o dia 27 do mesmo mês.

sábado, 14 de janeiro de 2012

O Brado Retumbante: Globo divulga resumo dos capítulos

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Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 001, terça-feira, 17 de janeiro – uma reunião decide o novo presidente da Câmara dos Deputados. O nome de Paulo Ventura é indicado pelo Senador. Um acidente de helicóptero mata o presidente e o vice-presidente do Brasil. Saldanha avisa a Paulo Ventura que ele, automaticamente, é o novo presidente da República. Antonia aceita reatar com Paulo com a condição de que ele traga seu filho Júlio de volta ao país. Antonia vê a deputada Fernanda com Paulo e age ironicamente. Paulo é aplaudido em seu discurso de posse. Julio liga para Antonia, mas se recusa a falar com Paulo. O presidente e a primeira-dama são recepcionados por Laurinha no Palácio. Julieta tenta tirar proveito da posição de Paulo. A repórter Lúcia Wolf comenta sobre os assessores de Paulo. Alessandra revela para Paulo que está esperando um filho seu.

Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 002, quarta-feira, 18 de janeiro – O Senador faz uma ameaça velada ao presidente, que não se intimida. Marta se enfurece com uma obra no apartamento. Tony tenta acalmá-la. Paulo recebe do Senador fotos comprometedoras com Alessandra. Paula pede a Saldanha que grampeie o telefone de Antonia na tentativa de localizar Julio. Junior intercepta uma mensagem entre Floriano e Josivan. Paulo manda Werneck investigar. Alessandra termina seu caso com Paulo ao ver as fotos do Senador. Beijo pede a Paulo um cargo em um órgão público. Marta é filmada agredindo a esposa do dono do apartamento em obras. A Polícia Federal ouve uma conversa entre Josivan e Floriano. O vídeo do escândalo de Marta é colocado na internet. Floriano é preso. Julieta acusa Paulo de não ajudar Beijo a conseguir o cargo no governo.

Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 003, quinta-feira, 19 de janeiro – Paulo pede que a população o ajude em uma emenda constitucional. Saldanha tenta convencer um deputado a aderir ao projeto. Floriano é apontado no aeroporto, mas não se intimida. Fernanda e Saldanha listam os deputados que podem aderir ao projeto de lei. Floriano, Pachequinho, Josivan e o Senador conspiram contra o presidente. Lúcia Wolf comenta a eleição de Floriano como presidente da Câmara dos Deputados. Paulo é atingido em um atentado e levado às pressas para o hospital. O Senador visita o presidente. Antonia fica indignada. O Senador culpa Josivan pelo fracasso no atentado. Werneck descobre o paradeiro de Julio. Josivan é sequestrado. Paulo sai do hospital. Djalma morre.

Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 004, sexta-feira, 20 de janeiro – Julieta reclama da acompanhante de Beijo. Werneck conta ao presidente que uma pessoa tem provas do atentado que ele sofreu. Antonia pede para cuidar dos livros didáticos para as escolas. Paulo fica satisfeito. Saldanha e Fernanda conversam sobre o poder que o Senador possui. Guilherme conta para Antônia que Neide aumentou seu patrimônio depois que escreveu diversos livros didáticos. Paulo se envolve com a doutora Telma. Antonia faz uma denúncia anônima sobre os livros didáticos. Saldanha não esconde a desaprovação quando Telma procura Paulo em seu gabinete. Antonia discute com o ministro da educação. A imprensa fica sabendo que Josivan encomendou o atentado ao presidente. Telma se enfurece quando Paulo termina seu romance com ela. Antonia recebe um buquê de flores com um cartão avisando sobre a traição do marido.

Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 005, terça-feira, 24 de janeiro – Paulo recorre ao presidente Navarro para evitar o confronto das tropas na fronteira com a Bolívia. Marta busca Julio no aeroporto. Durante uma coletiva, uma jornalista pergunta a Paulo sobre seu filho, Julio. Saldanha descobre fraudes cometidas por Tony. Julio não suporta as ofensas de Beijo e o expulsa da casa de Marta. Antonia se revolta com a recusa de um juiz em conceder a seu filho a mudança dos documentos. Paulo descobre que Navarro apoia os rebeldes que provocam o conflito entre as tropas. Julie é agredida pelo namorado de uma amiga. Tony revela para o senador que seu sogro subornou um juiz para conseguir que a filha mudasse de sexo na documentação. Paulo pede perdão à Julie publicamente.

Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 006, quarta-feira, 25 de janeiro – O presidente demite o ministro da Saúde. Paulo se interessa pela intérprete da comitiva dos Emirados Árabes. Antonia confidencia a Regina que se apaixonou por outro homem. Paulo fica perplexo ao ver uma manchete vexatória contra ele no jornal. Julieta decide se mudar para o Palácio Copacabana. Marta estranha o comportamento de Tony. Antonia comenta com Regina que quer se separar. Lúcia Wolf confirma que Paulo assinou uma procuração para que fosse aberta uma conta em seu nome no Uruguai. Marta encontra registros de ligação para o Uruguai na conta telefônica de Tony. Fernanda é solidária ao sofrimento de Paulo. Júnior vasculha o computador de Tony. Floriano anuncia que foi aberto o processo de impeachment para o presidente da República.

Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 007, quinta-feira, 25 de janeiro – Werneck revela o esquema da operação feita por Tony para forjar os dossiês contra o presidente e o ministro-chefe da Casa Civil. Tony é levado ao gabinete presidencial e obrigado a divulgar, em rede nacional, todo o esquema contra Paulo. Antonia confessa para Paulo que se apaixonou por outro homem e pede a separação. O presidente pede para Saldanha antecipar sua ida à Argentina. Floriano tenta beneficiar sua campanha quando assume o cargo de presidente interino. Fernanda entrega a Paulo um relatório que destrói o projeto de Floriano. Fernanda e Paulo se beijam e ela declara sua paixão. Marta arruma objetos pessoais de Antonia e é solidária ao sofrimento do pai. O presidente envia uma mensagem de congratulações ao novo Papa. Paulo observa, com tristeza, quando Marta entrega os pertences de Antonia ao motorista.
  
Em O Brado Retumbante, novela da Rede Globo, resumo do próximo capítulo 008, sexta-feira, 26 de janeiro – Antonia ouve a mensagem de uma mulher cobrando a visita de Martín. Fernanda se irrita com Paulo por não querer se reeleger. O presidente se envolve na campanha de Alaor. Paulo visita o ex-presidente Mourão. Paulo se declara para Fernanda e os dois dormem juntos. Antonia conta para Marta que terminou seu romance com Martín. Alaor é internado às pressas no hospital. Saldanha avisa ao presidente que não há candidato para as próximas eleições. Mourão implora para que Paulo se candidate novamente à presidência. Beijo revela para Saldanha que possui informações contra Floriano. Antonia se oferece para ajudar o ex-marido em sua candidatura. Fernanda, Saldanha e Paulo discutem os temas para o debate com Floriano. Lúcia Wolf é a mediadora do debate, que inicia com Paulo.

Marta #2

Só tenho uma coisa pra dizer... me surpreendi, MUITO.

A história é sobre uma garota bipolar chamada Marta, e se passa na Argentina (mais precisamente em La Falda e Córdova). Ela estudava e morava em La Falda, sua cidade natal, até que foi morar em Córdova com suas duas melhores amigas, Sílvia e Naila, para fazer faculdade de jornalismo. Martinha tinha uma paixão desde a escola, João, só que ele a havia machucado muito, mas mesmo assim ela ainda o amava, e muito.

É um livro ótimo, fala sobre amor de uma forma diferente e também fala muito sobre filosofia. A história é narrada de uma forma que podemos entender tudo o que se passa com ela e com suas amigas, mostra as reviravoltas que ocorreram na vida de Marta. Cada coisa que acontece com ela, ela escreve em seu diário, mostrando como ela se sentiu em relação a isso, o que nos faz poder 'entrar' na história junto com ela.

O decorrer da história me surpreendeu bastante, as coisas que acontecem com a Marta, são coisas que você acha que não poderiam acontecer no decorrer da história. A única coisa que não gostei muito foi o final que foi dado a Marta, que eu achei que poderia ter sido diferente...

É um livro que vale a pena ler, para entender melhor sobre o amor, entre outras coisas.

"Que alguém espere apaixonado é a maior das torturas, ainda que possa sorrir a cada instante, a cada segundo, a cada hora, pedindo sempre que o carrasco do Tempo nunca deixe de agir... Eu esperaria João mil dias, mesmo que mal possa aguardar um segundo no estado em que me encontro. Ele deseja ver-me, disse em sua carta, e agora eu, como Miquelângelo,
Vivo da minha morte e, se não tardo,
Feliz eu vivo já, de infeliz sorte;
E quem viver não sab' de angústia e morte,
Ao fogo venha, onde eu me consumo e ardo." Página 202.

E vocês, já leram? Gostaram? Me contem!

Nathi F.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Transtorno Bipolar: Onde está Wally?

Se há 14 milhões de bipolares apenas no Brasil, onde eles estão? Certamente, estão mais próximos do que imaginamos ou podemos perceber...

14 milhões é mais que a população de vários países vizinhos, como Uruguai, Paraguai ou Bolívia; é mais que a população de alguns países europeus, como Bélgica, Portugal ou Suécia. É o que poderíamos chamar de “Nação Bipolar” e ela vive em território nacional, dentro de nossas fronteiras...

Sendo assim, onde estão os bipolares, que não os vemos?

Para que falemos em 14 milhões, temos que levar em conta o Espectro Bipolar, isto é, também devemos considerar as formas mais brandas ou sutis do transtorno. Já não estamos falando exclusivamente de bipolares do tipo I ou II.

Obviamente, os bipolares do tipo I são mais fáceis de identificar que os do tipo II ou aqueles que sofrem de episódios inespecificados. Uma fase de mania durará pelo menos uma semana e nos mostrará a euforia em todo o seu esplendor, por assim dizer, especialmente se vier acompanhada de delírio ou alucinação. Uma fase depressiva, que culmine numa tentativa de suicídio, tampouco passaria tão despercebida...

Mas os bipolares do tipo I não representam mais que 1% ou 2% da população, isto é, 2 ou 4 milhões de brasileiros. Em outras palavras, os casos mais graves são minoria. Provavelmente você não conhecerá mais que um bipolar clássico ou do tipo I se você tiver pelo menos 100 amigos e os conhecer bem, muitíssimo bem, para que talvez note algo... Ainda assim, por que mesmo os casos mais graves não são tão rapidamente identificados? Não poderíamos sequer dizer que a medicação anulava os sintomas, já que, em média, os bipolares apresentam sintomas por uma década ou quase, até que recebam o diagnóstico correto e comecem a ser medicados adequadamente.

Sem o diagnóstico correto, não há o tratamento adequado.

Durante 7,5 ou 10 anos em média, amigos, familiares e até alguns profissionais da área veem um bipolar, mas não o enxergam. Wally está bem à frente, mas ninguém encontra Wally... Maridos não percebem que suas esposas são bipolares e convivem com elas diariamente. Alguns profissionais da área diagnosticam o bipolar com depressão monopolar ou outras doenças, mas não com transtorno bipolar...


Como identificar um bipolar?

Comecemos com um bipolar do tipo I, mas aquele que passa necessariamente por fases de mania e de depressão e períodos de vida normal.

Imagine que alguém experimente: 1) uma fase de humor elevado que dure pelo menos uma semana, podendo durar meses; 2) uma fase de humor deprimido que dure ao menos duas semanas, podendo durar vários meses; e 3) um período de vida normal entre essas fases, isto é, um período em que o humor não esteja elevado ou deprimido.

Basta que 1 e 2 aconteçam uma única vez, mesmo que entre 1 e 2 haja um período de vida normal de muitos anos, para caracterizar um transtorno bipolar. Mas quem notaria essas fases? Quem, percebendo-as, não buscaria justificativas para elas, como o fim de um casamento ou uma promoção no emprego? Quem ligaria uma à outra, especialmente se houvesse um bom intervalo de meses ou anos entre elas?

Além do mais, o humor elevado ou deprimido precisa de uma referência para que seja melhor apreciado. Os períodos de vida normal entre uma fase e outra são uma boa referência. O período de vida anterior ao aparecimento dos primeiros sintomas é ainda melhor, porque entre uma fase e outra pode haver alguns sintomas leves ou flutuantes.

Mas o que significa “humor elevado”? Vejamos um bom exemplo prático. Imagine uma garota tímida, medrosa ou que nunca se excede com homens ou bebida. Não seria estranho se ela começasse a ser muito desinibida, “corajosa” ou atrevida em situações em que, antes, não agia assim? Tampouco não seria estranho se este comportamento durasse uma semana ou mais, acabando depois? Provavelmente você encontraria justificativas corriqueiras para esse comportamento dela, mas realmente haveria essas justificativas? Como eu disse, ao “avaliar” alguém procure se lembrar de seus períodos de “humor elevado”, que talvez estejam afastados, no tempo, de seus períodos de “humor deprimido”.

Tenha em mente, além do mais, que “humor elevado” pode envolver não só bom-humor exagerado e excesso de energia, mas também irritação, dificuldade de concentração, distração fácil com o que acontece em volta, etc.

Mas como identificar o “humor deprimido” nessa garota tímida, medrosa, que nunca se excede? Como eu disse, leve em conta períodos de “vida normal” para que você tenha um ponto de referência. Ser tímida, para uma garota tímida, é normal. Fugir disso para muito mais ou para muito menos, durante um período considerável de tempo e depois voltar “ao normal”, já seria digno de nota. Por que o humor elevado ou deprimido duraria semanas ou meses, manifestando-se todos os dias ou quase, na maior parte do tempo, sumindo depois?

No humor deprimido, não procure apenas tristeza, mas também isolamento social; ideias relacionadas à morte, não necessariamente suicídio; ansiedade; sintomas físicos, como dores ou doenças, dos quais a pessoa observada não se queixava antes; etc.

Tanto no humor elevado como no deprimido, procure observar alterações no apetite, no sono. Pergunte-se o que muda na vida afetiva, social e sexual dessa pessoa quando você nota o humor elevado e o humor deprimido. A autoestima aumenta? Diminui?

Se identificarmos esses três períodos (de “humor elevado”, de “humor deprimido” e de “vida normal”), poderíamos nos perguntar sobre um diagnóstico de transtorno bipolar. Mesmo assim, ainda haveria muito para levar em conta. Duração e intensidade das fases, consequências na vida do paciente, ausência de certas outras enfermidades, etc. são pontos chave para dizermos se essas alterações de humor podem ser transtorno bipolar ou não. Porque nem toda variação de humor é enfermidade, e nem toda enfermidade caracterizada por variações de humor é transtorno bipolar.

Ainda assim, entre uma fase e outra, não há necessariamente períodos de vida normal. Para não falar de bipolares do tipo I que só experimentam fases de euforia. Neste último caso, já não veríamos períodos de humor deprimido. Nem todos os bipolares passam por crises de depressão.

Para terminar, devo ressaltar que neste exemplo estivemos falando de “humor elevado” ou “euforia” como sendo, necessariamente, uma fase de mania, para que este exemplo de bipolar fosse o mais fácil possível de identificar.

Ainda assim, mesmo escolhendo um exemplo mais “fácil”, devemos lembrar que as comorbidades não são nenhuma raridade no transtorno bipolar, e a realidade costuma ser bem mais complexa que este exemplo simples.

As comorbidades, para entendermos isto melhor, são doenças que aparecem ao mesmo tempo que outras, sem que um diagnóstico exclua o outro. Daí que, se um bipolar também sofre de TDAH, sobram poucos sintomas que só dizem respeito ao transtorno bipolar propriamente. Porque muitos sintomas de ambas as doenças são iguais. Em outras palavras, não seria impossível “enxergarmos” só o TDAH ao olharmos “distraidamente” para um bipolar que tivesse o TDAH como comorbidade.

No caso de bipolares do tipo II (agora estamos falando de fases de hipomania e de depressão), os períodos de “humor elevado” seriam menos notáveis, menos “visíveis”. E nem começamos a falar de TAB SOE, aquele em que os episódios são inespecificados, isto é, não se manifestam tão claramente, seja com respeito à duração, seja com respeito à presença de todos os sintomas.

Ainda que nem todas as variações de humor caracterizem uma doença, há variações de humor sutis capazes de caracterizar o transtorno bipolar ou outra enfermidade.


Como se alternam as fases de depressão e de euforia?

As fases de depressão e de euforia não se alternam, ou nem sempre se alteram, tão regularmente como muitos pensam. Você já sabe que os bipolares podem ter períodos de vida normal entre uma fase e outra. Um bipolar pode passar por uma fase de depressão, depois por outra, até que passe por uma de euforia, havendo ou nem sempre havendo períodos de vida normal entre fases diferentes.

Veja como um bipolar do tipo I pode passar pelas fases de mania e de depressão:
Fase de depressão à período de vida normal à fase de mania à período de vida normal à fase de mania

Outro exemplo:
Fase de depressão à fase de mania à período de vida normal

Mais um exemplo, levando em conta apenas fases de mania:

Fase de mania à período de vida normal à fase de mania


TAB-IA

Agora, o que dizer do transtorno bipolar na infância e na adolescência?

Na infância, não há os ciclos que há no TAB adulto; e o transtorno bipolar na adolescência costuma ser um meio-termo entre TAB na infância e TAB adulto. É mais comum que adolescentes tenham episódios inespecificados (de que já falamos acima) e sintomatologia mista (sintomas de euforia e de depressão que se manifestam ao mesmo tempo ou se alternam de determinado modo).

Ainda assim, há ou parece haver uma mudança nos sintomas de bipolares adolescentes que chegam à idade adulta. Essa mudança, grosso modo ou mal comparando, parece ser o “caminho inverso” do que vemos em bipolares adultos quando o TAB se agrava e tende a episódios mistos e a ciclos rápidos.


Os sintomas não são sempre os mesmos?

Talvez aqui tenhamos chegado ao ponto mais importante. Os sintomas do transtorno bipolar podem mudar muito, mesmo que estejamos falando do mesmo indivíduo. Um bipolar do tipo II pode vir a receber o diagnóstico de “bipolar do tipo I” a qualquer momento, desde que venha a ter uma crise maníaca ou mista.

Um bipolar do tipo I, que sofre com crises de mania e de depressão, também pode passar por uma fase mista a qualquer momento. Já não estaríamos falando apenas de fases de depressão e de mania, mesmo que continuássemos falando do tipo I...

Igualmente, um bipolar que sofre de episódios inespecificados pode passar por episódios especificados a qualquer momento, de modo que deixaríamos de falar de TAB-SOE e passaríamos a falar de TAB I ou II.

O diagnóstico de ciclotimia também pode vir a ser substituído pelo de TAB.

O transtorno bipolar pode variar bastante, de uma hora para outra, ainda que estejamos falando do mesmo paciente. Os sintomas podem mudar. As fases podem mudar. Os ciclos podem mudar. O diagnóstico pode mudar. Tudo pode mudar, ainda que estejamos falando da mesmíssima doença e do mesmíssimo paciente. Um camaleão seria visto mais facilmente...

Sendo assim, onde está Wally? Há milhões deles por aí, quase invisíveis, mas identificáveis... Em outras palavras, por que os bipolares da vida real não são como imaginamos? Entretanto, se não os imaginamos corretamente, quem nos deu essa visão equivocada dos bipolares?


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