quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dia Mundial do Rock e o Transtorno Bipolar


O 13 de julho passou e, diferentemente de milhares de blogs no mundo todo, não publiquei nenhum post sobre a data, comemorada mundialmente desde 1985. Publico agora. Por que não? Como disse Jesus, os últimos serão os primeiros, e eu já estou quase lá...


O lado bipolar do rock

Você gosta de rock and roll? Tenho quase a certeza de que sim. Daí que, provavelmente, entre seus cantores favoritos estarão Elvis, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Kurt Cobain (leia-se Nirvana), Axl Rose (entenda-se Guns N' Roses) e Cazuza.

Você consegue imaginar os anos 50 ou 60 sem Elvis? Os anos 70 sem Hendrix ou Joplin? A década de 80, no Brasil, sem Cazuza? E os anos 90 sem Nirvana ou Guns N' Roses? Todos eles eram bipolares e a maioria deles sucumbiu à doença de modo direto ou indireto.

Mas o que teria sido do rock se eles tivessem sucumbido mais precocemente, antes de terem feito sucesso? Você consegue imaginar o rock sem o rei do rock? Que outros grandes nomes da época de Elvis você poderia mencionar? Bill Haley? Faça uma lista. Ela provavelmente não será grande se você ainda é jovem...

Também tente pensar em Woodstock sem Hendrix, sem o célebre show em que ele ateou fogo à guitarra, brincando com as chamas de maneira, digamos, mágica (veja a imagem que ilustra este post). Que outra apresentação, no mundo do rock, é tão lembrada? A do Nirvana durante o Hollywood Rock, em que Kurt se masturbou no palco? Aí não vale, porque ainda estamos falando de um bipolar... Tente mencionar não-bipolares...

Agora, imaginemos a década de 80 no Brasil sem Cazuza. Obviamente havia outras bandas e o povo não deixaria de se divertir e ouvir música. Mas que outro compositor compunha aquelas letras? Exagerado, Ideologia e O Tempo Não Para se destacam da média, isto é, se destacam das letras de outras bandas que, em geral, cantavam canções mais ingênuas ou superficiais, algo que era mais para entreter por um minuto do que para refletir por longo tempo ou revelar grandes mágoas ou os abismos da alma... Só na década seguinte, outro grande nome apareceria com o mesmo destaque no cenário do rock nacional, se agora estamos falando de Renato Russo... Será que só produzimos um grande nome por década? E será que, mesmo assim, ainda tivemos que contar com uma ajudinha do transtorno bipolar nos anos 80?

A década de 80, sem Cazuza, teria sido menos profunda em matéria de letras de música, ainda que certamente não deixasse de ser igualmente divertida. O riso sempre foi o estado de espírito mais fácil de despertar nos outros, mas a reflexão não...

Se você fizer um bom apanhado das letras compostas por Cazuza, verá que elas se dividem facilmente em dois grupos bem distintos, um que nos lembra as fases de depressão, outro que nos lembra as de euforia... Talvez agora alguém diga que Cazuza nem sempre compunha sozinho. Mas, para que tenhamos uma ideia dos efeitos da bipolaridade na música nacional, basta ver que rumos o Barão Vermelho tomou quando deixou de contar com as letras de Cazuza, escritas em parceria ou não... O Barão é uma banda excelente, não se discute, mas o que estamos questionando aqui, deixemos isto bem claro, é até onde o elemento bipolar fazia a diferença na personalidade da banda.

A década de 90, sem o Nirvana, isto é, sem o maior marco do rock desse período, certamente não teria sido a mesma. Alguém aí é capaz de imaginar os anos 90 sem o maior ícone do grunge? Talvez alguém diga que o Nirvana não se resumia a Kurt e que ninguém é insubstituível. Concordo, mas o que sobrou da banda depois do suicídio de Kurt? O Foo Fighters, formado com o ex-baterista do Nirvana, certamente é uma banda excelente, mas muito, muito diferente... O Nirvana, em ao menos boa parte de suas canções, tinha um vigor que só podia vir de uma elavação do humor acima do normal...

Axl, líder do Guns N' Roses, é outro bipolar do mundo do rock. Este, entretanto, ficou meio queimado de uns tempos para cá. Prometia e não cumpria como alguns políticos que conhecemos, ou melhor, adiava... Chinese Democracy foi o CD do Guns que mais deu o que falar, não exatamente pela qualidade dele, mas pela eternidade que levou até ser lançado. Acabou conhecido como o disco eternamente adiado... Mas como não perdoar Axl? Como odiar o Guns? Os fãs ainda esperam novos CDs!

Chinese Democracy pode não ser o melhor CD do Guns que ouviremos, mas o fato é que Axl ainda está na ativa. Não é o fim do Guns, senão um pequeno tropeço ou solavanco numa estrada que segue adiante. Até quando?

De todos os bipolares mencionados acima, apenas Axl continua vivo. Obviamente, o fato de Axl ser mais jovem, isto é, ter nascido depois, ajuda bastante... Depois dos avanços no tratamento do TAB nestas últimas décadas, talvez ele seja o que venha a viver por mais tempo. Talvez seja o único que venha a deixar fotos de sua velhice para a posteridade. Vamos torcer. Um mundo do rock menos bipolar, como já podemos notar, não teria a mesma graça... Devemos imaginá-lo? Melhor não. Pode ser que, sem os extremos de depressão e de euforia do transtorno bipolar, o rock caísse na mediocridade... Como tirar a prova dos 9? Talvez no dia em que encontrem a cura definitiva para a doença...

Sobre este post, pode não ser o melhor artigo de música sobre o Dia do Rock que você leu este ano, mas certamente você nunca mais se esquecerá deste lado, digamos, bipolar do rock, tanto mundial como nacional...


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2 comentários:

Eu e Eu... disse...

DEIXA EU TER A HONRA DE COMENTAR PRIMEIRO!
UAU!O QUE SERIA DO MUNDO DO ROCK SEM A BIPOLARIDADE!
...E MUITOS OUTROS "MUNDOS"...

Hamires C. Ferreira disse...

Demorei um pouquinho a vir responder teu comentário sobre o poema "Princesa da dor", Breno, porque eu andei meio "desconectada". =P...

Obrigada pelas generosas palavras! E obrigada por marcar minha página com +1! =)

Quanto ao teu post, eu já havia lido hoje mais cedo, por isto, inclusive, minha escolha dele para deixar minha resposta. Rs. Eu até compartilhei no Facebook...

Particularmente, pensei:

"Não apenas bipolar, né... Nada contra os bipolares - muito pelo contrário -, mas acho que é toda essa coisa de enxergar o mundo de uma forma tão diferente, intensa, que permite essas espécies de 'loucos sãos', como os bipolares, depressivos, pessoas com transtornos de personalidade, entre outros que não me recordo agora. Chamei de 'loucos sãos' porque há toda essa forma bastante diferente de sentir o mundo, mas não a desorganização das idéias.

Eu tenho personalidade borderline - não sei se já comentei, rs -, e, caso o meu primeiro diagnóstico de TPB tenha sido meramente minha personalidade border sendo confundida com as variações de humor do bipolar (o que é bem provável, levando em conta que eu não tive crises sérias em decorrência da interrupção do estabilizador de humor, e isso já faz quase três anos), eu definitivamente não sei o que é ser bipolar. Mas eu sei que todos os que temos uma relação com o mundo tão intensa e difusa somos a maioria esmagadora dos grandes gênios das artes. Acho que isto acontece pela junção de dois fatores, que coexistem em gente como nós: hipersensibilidade e porralouquisse. Rs.

Não sei se falei um monte de asneira, mas enfim... =P

Beijão, moço!