sexta-feira, 4 de março de 2011

Modelos de Felicidade

TEXTO DA JÉSSICA

(...) "Se minha vida terminasse amanhã, o que eu teria aproveitado?". Eu te respondo. No meu caso: NADA! Não tomei banho de chuva, nunca fugi, não me lembro de quebrar nenhuma regra, nunca discuti feio com ninguém, nunca fui num parque de diversões, nunca fui na praia [verdade ¬¬], nunca fui no zoológico, fui apenas duas vezes no cinema, só fui em um show na minha vida [com O6 anos, e quase morri pisoteada], não me divirto muito, não tenho nenhum AMIGO-SUPER-GRUDADO-BEST-FRIEND-FOREVER [se é que me entende]. (...)


COMENTÁRIO

Talvez a melhor maneira de ser infeliz seja seguir um modelo de felicidade inventado por outras pessoas. Exemplo: Alguém se sente muito feliz tomando banhos de chuva, quebrando regras, discutindo com alguém para descarregar a raiva, indo a parques de diversão, indo à praia, etc. Então você vê essa pessoa feliz e decide imitá-la para ser igualmente feliz. Você a imita e espera. O tempo passa e a felicidade não vem. Você seguiu um modelo de felicidade e ele não funcionou. Então você pensa: "O que eu fiz de errado?"

Há um modelo de felicidade que todos procuram seguir, mas ele não serve para todos. Talvez você não se sinta feliz tomando banhos de chuva, quebrando regras. Talvez você odeie ir à praia. Mas você prova essas coisas porque outras pessoas as experimentaram e foram felizes. Elas são a propaganda... Você, o consumidor de um estilo de vida, de uma maneira de pensar...

Talvez você seja feliz evitando a chuva, respeitando regras, sendo gentil, etc. Talvez você seja feliz fazendo o que gosta em vez de procurar fazer aquilo que os outros gostam. Há um modelo de felicidade para a maioria? Não se preocupe. Pode ser que o seu modelo seja aquele da minoria ou até mesmo um modelo único, que só serve para você. Isso é ruim? De modo algum. A felicidade não é a mesma para todos...

Quer um exemplo? Aqui está.

Jéssica vai a um restaurante. Ela se senta à mesa e pede salmão (suponhamos que ela goste de peixe, ainda que more em São Paulo, longe do mar). É o que ela gosta e ela se sente contente com o prato que pediu. Mas, no auge de sua satisfação, ela olha em volta para ver o que as outras pessoas estão comendo. Curiosamente, todos os demais estão comendo carne. Jéssica então se pergunta o que estaria errado. Por que só ela está comendo peixe? Não é a carne vermelha que deixa os outros felizes? E ela conclui: a felicidade está na carne de boi, só na carne de boi e no purê de batatas...

Nos dias seguintes, Jéssica continua indo a esse restaurante. Mas agora ela só pede carne. O prato não lhe agrada, mas ela come. E continua comendo nos próximos dias, nos próximos meses, nos próximos anos.... Para sempre. É o prato que deixa todo o mundo feliz, então também ela será feliz com esse prato. Mas... o que há de errado? Ela não está feliz como os outros... O que há de errado com ela?

Com ela, nada. Mas olhar para os lados tem feito um bocado de gente feliz se tornar infeliz... E olhar para os lados pode ser observar a vida do vizinho ou ligar a TV...

Algumas pessoas não acompanham a novela das oito, isto é, não acompanham a cena, a trama, o que acontece, os diálogos... Elas se fixam nos móveis da mansão do personagem rico, nas roupas da personagem bem-sucedida, etc. É o que elas provavelmente vão comprar para que sejam felizes e serão infelizes até que possam comprar tais produtos...

Mas... há algum mal em querer essas coisas? Mal nenhum. Tudo o que há no mundo está aí para a nossa satisfação. Entretanto, em que medida esses produtos preenchem um vazio ou uma necessidade na vida dessas pessoas?

Curiosamente, algumas pessoas comem carne quando preferem peixe. Vão passar férias na praia quando preferem estar nas montanhas. Tomam banho de banheira quando preferem uma ducha. Vestem a roupa X quando se sentem melhor com a roupa Y. Procuram namorar alguém que se pareça com o mocinho ou a mocinha da novela ou daquele filme, porque também há um modelo para namorados, casamentos, lares, etc.

A verdade é que você vai encontrar os mesmos tipos de pessoas/influências se você só frequenta os mesmos meios: a academia, o museu ou as festas de rock... E estas pessoas de algum modo serão o seu mundo se você só percorre essa órbita acanhada no seu dia-a-dia... Talvez você precise variar de ambiente para variar de pessoas...

Igualmente, talvez o seu "par perfeito" ideal seja diferente do da maioria. Não se sinta obrigada a ter um namorado como o mocinho do filme, porque daqui a um ano ou dois haverá outro filme de sucesso e o mocinho pode ser bem diferente... Além do mais, não vivemos num filme...

Em poucas palavras, não deixe o meio ou a propaganda influenciar você... Tudo o que vemos são opções; não escolhas...

Como disse, a felicidade não é a mesma para todos, ou cada um de nós a alcança por meios diversos... Desse modo, não é errado não gostar de banhos de chuva. O que é errado (para não dizer curioso) é tomar um banho de chuva quando você não se sente bem com isso...

A TV, os artistas, as pessoas famosas que aparecem na mídia costumam ditar modelos de felicidade. Devemos segui-los? Nem sempre. Não somos nós que devemos nos adaptar a esses modelos, mas os modelos, sim, é que devem se adaptar a nossos gostos. Você, por acaso, compraria uma calça que não lhe serve? Provavelmente você só compra calças que se adaptam a seu corpo. Com os modelos de felicidade é (ou deveria ser) a mesma coisa.

Seguir um modelo de felicidade que não nos faz felizes, é como usar uma calça que nos tolhe os movimentos ou nos tira o fôlego...

De modo geral, as pessoas não sabem exatamente como agir para se sentirem felizes. Então elas buscam um modelo, uma fórmula mágica. Em poucas palavras, imitam alguém... Obviamente, essas pessoas não estão satisfeitas com algo em suas vidas, querem satisfação e, como não podem experimentar todas as coisas do mundo para descobrir o que lhes agrada de verdade, procuram experimentar o que outras pessoas já experimentaram... Não querem perder tempo, mas, às vezes, gastam nisso uma vida inteira...

É como se você deixasse de ir ao médico e tomasse o remédio que o seu vizinho tomou. E você pensa: "O remédio lhe fez bem, então também fará a mim." Mas você não tem a mesma enfermidade e o remédio lhe faz mal ou não faz o efeito desejado. Isso acontece porque você pulou uma etapa, isto é, você não deixou que o médico analisasse o seu caso...

Para ser feliz, também é necessária uma análise. E quem faz essa análise é você mesmo. Seguir modelos de felicidade de terceiros é como tomar remédios que o médico não prescreveu para você. Pode dar certo, pode não dar... E você pode se iludir um bom tempo até perceber que não está sendo feliz... Nesse momento, você pode voltar atrás, pode continuar se enganando, pode nem perceber claramente que está infeliz... Quem dita as regras da sua felicidade são os outros? Bem... isso não deixa de ser uma forma de escravidão. E nunca vi ninguém feliz que não fosse realmente livre...

É, Jéssica, eu te entendo...


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2 comentários:

Pare o mundo que eu quero descer... disse...

Olá Breno, Gostei muito do que vc escreveu hoje. Eu estava querendo muito um assunto para escrever em meu blog hoje pensei em carnaval afinal vamos entrar em dias de carnaval mais como não gosto muito desse feriado preferi nao postar nada e ficar lendo o que meus amigos estavam em mente... então me deparei com seu blog e achei um assunto maravilhoso a felicidade... espero que vc tenha um tempinho para ler....
gostei mesmo de suas palavras...
Bom feriado beijos.

Jéssica. disse...

Gostei bastante do conselho! Me surpreendi ao saber que novamente sirvo de inspiração para os textos de seu blog. Suas palavras sempre me fazem ver além do que eu mesma escrevi. *-*