Dois olhos de fotografia
Me olham eternamente
Enquanto mantenho
Diante de mim a moldura.
E chega o tempo
Em que é preciso não olhar.
Há um quê de alma na foto,
Algo que me olha também,
Como se fosse a própria pessoa
Em vez de uma imagem.
Diante de minhas retinas,
Repousam dois olhos claros
Numa face alva,
Tão bela e jovem.
E eu a olhar
O que me olha e não me vê.
E chega o momento
Em que eu não posso mais olhar,
Porque já me vence a foto
Na arte de encarar.
Derrotado,
Procuro guardá-la,
Mantê-la em segredo
Nalgum lugar seguro
Só para outro dia
Ser vencido mais uma vez.
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