quarta-feira, 11 de julho de 2012

O lado bipolar do Rock

Você gosta de rock and roll? Tenho quase a certeza de que sim. Daí que, provavelmente, entre seus cantores favoritos estarão Elvis, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Kurt Cobain (leia-se Nirvana), Axl Rose (entenda-se Guns N' Roses) e Cazuza.

Você consegue imaginar os anos 50 ou 60 sem Elvis? Os anos 70 sem Hendrix ou Joplin? A década de 80, no Brasil, sem Cazuza? E os anos 90 sem Nirvana ou Guns N' Roses? Todos eles eram bipolares e a maioria deles sucumbiu à doença de modo direto ou indireto.

Mas o que teria sido do rock se eles tivessem sucumbido mais precocemente, antes de terem feito sucesso? Você consegue imaginar o rock sem o rei do rock? Que outros grandes nomes da época de Elvis você poderia mencionar? Bill Haley? Faça uma lista. Ela provavelmente não será grande se você ainda é jovem...

Também tente pensar em Woodstock sem Hendrix, sem o célebre show em que ele ateou fogo à guitarra, brincando com as chamas de maneira, digamos, mágica (veja a imagem que ilustra este post). Que outra apresentação, no mundo do rock, é tão lembrada? A do Nirvana durante o Hollywood Rock, em que Kurt se masturbou no palco? Aí não vale, porque ainda estamos falando de um bipolar... Tente mencionar não-bipolares...

Agora, imaginemos a década de 80 no Brasil sem Cazuza. Obviamente havia outras bandas e o povo não deixaria de se divertir e ouvir música. Mas que outro compositor compunha aquelas letras? Exagerado, Ideologia e O Tempo Não Para se destacam da média, isto é, se destacam das letras de outras bandas que, em geral, cantavam canções mais ingênuas ou superficiais, algo que era mais para entreter por um minuto do que para refletir por longo tempo ou revelar grandes mágoas ou os abismos da alma... Só na década seguinte, outro grande nome apareceria com o mesmo destaque no cenário do rock nacional, se agora estamos falando de Renato Russo... Será que só produzimos um grande nome por década? E será que, mesmo assim, ainda tivemos que contar com uma ajudinha do transtorno bipolar nos anos 80?

A década de 80, sem Cazuza, teria sido menos profunda em matéria de letras de música, ainda que certamente não deixasse de ser igualmente divertida. O riso sempre foi o estado de espírito mais fácil de despertar nos outros, mas a reflexão não...

Se você fizer um bom apanhado das letras compostas por Cazuza, verá que elas se dividem facilmente em dois grupos bem distintos, um que nos lembra as fases de depressão, outro que nos lembra as de euforia... Talvez agora alguém diga que Cazuza nem sempre compunha sozinho. Mas, para que tenhamos uma ideia dos efeitos da bipolaridade na música nacional, basta ver que rumos o Barão Vermelho tomou quando deixou de contar com as letras de Cazuza, escritas em parceria ou não... O Barão é uma banda excelente, não se discute, mas o que estamos questionando aqui, deixemos isto bem claro, é até onde o elemento bipolar fazia a diferença na personalidade da banda.

A década de 90, sem o Nirvana, isto é, sem o maior marco do rock desse período, certamente não teria sido a mesma. Alguém aí é capaz de imaginar os anos 90 sem o maior ícone do grunge? Talvez alguém diga que o Nirvana não se resumia a Kurt e que ninguém é insubstituível. Concordo, mas o que sobrou da banda depois do suicídio de Kurt? O Foo Fighters, formado com o ex-baterista do Nirvana, certamente é uma banda excelente, mas muito, muito diferente... O Nirvana, em ao menos boa parte de suas canções, tinha um vigor que só podia vir de uma elavação do humor acima do normal...

Axl, líder do Guns N' Roses, é outro bipolar do mundo do rock. Este, entretanto, ficou meio queimado de uns tempos para cá. Prometia e não cumpria como alguns políticos que conhecemos, ou melhor, adiava... Chinese Democracy foi o CD do Guns que mais deu o que falar, não exatamente pela qualidade dele, mas pela eternidade que levou até ser lançado. Acabou conhecido como o disco eternamente adiado... Mas como não perdoar Axl? Como odiar o Guns? Os fãs ainda esperam novos CDs!

Chinese Democracy pode não ser o melhor CD do Guns que ouviremos, mas o fato é que Axl ainda está na ativa. Não é o fim do Guns, senão um pequeno tropeço ou solavanco numa estrada que segue adiante. Até quando?

De todos os bipolares mencionados acima, apenas Axl continua vivo. Obviamente, o fato de Axl ser mais jovem, isto é, ter nascido depois, ajuda bastante... Depois dos avanços no tratamento do TAB nestas últimas décadas, talvez ele seja o que venha a viver por mais tempo. Talvez seja o único que venha a deixar fotos de sua velhice para a posteridade. Vamos torcer. Um mundo do rock menos bipolar, como já podemos notar, não teria a mesma graça... Devemos imaginá-lo? Melhor não. Pode ser que, sem os extremos de depressão e de euforia do transtorno bipolar, o rock caísse na mediocridade... Como tirar a prova dos 9? Talvez no dia em que encontrem a cura definitiva para a doença...


Leia mais
O que alguns bipolares famosos já disseram - Jimi Hendrix
O que alguns bipolares famosos já disseram - Cazuza
Bipolares famosos - Elvis Presley - Suspicious Minds
Bipolares famosos - Janis Joplin - Mercedes Benz (legendado)

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dicas para blogs - Postagens

Faça seus textos renderem o máximo possível no blog!


1 – Correção Gramatical

A correção tem a ver com a credibilidade de seu texto, especialmente se estamos falando de um blog de notícias ou um blog mais sério, menos informal.

Evite pelo menos os erros mais grosseiros, mesmo que você escreva num português bastante coloquial. Em outras palavras, use o corretor gramatical do Word ou do programa em que você gosta de escrever.

Se você tem dúvida sobre a grafia de uma palavra não corrigida pelo corretor, especialmente uma que você costuma usar, não tenha medo do dicionário. Há vários on-line que você pode consultar sem ter que sair da Net.


2 – Revisão

Escreva textos hoje para postar amanhã. Guarde seus textos por pelo menos um dia e revise-os antes de postar. A revisão sempre faz a diferença se queremos um texto mais correto.


3 – Postagens Programadas

Provavelmente, há época em que você escreve mais postagens. Programe-as de modo que elas sejam publicadas de modo regular ao longo do tempo.

Se você tem um blog literário, por exemplo, os lançamentos deveriam ter preferência, isto é, seja o primeiro ou um dos primeiros a postar resenhas sobre os livros mais recentes ou sobre as novidades que aparecem na Internet.

Por outro lado, se você também faz resenhas de livros antigos ou clássicos, não tenha tanta pressa de postá-las. Provavelmente já haverá outras centenas ou milhares de resenhas dessas obras na Internet. Mas você poderia programar as resenhas dessas obras para aquelas épocas do ano em que você praticamente não pode ler e resenhar devido às provas na escola ou a outros eventos que te ocupem completamente.

Se você vai postar uma resenha de Dom Casmurro, por exemplo, não tenha pressa. O livro foi publicado há mais de um século e certamente você pode esperar mais alguns meses!

Seja como for, ter uma postagem guardada para emergências é sempre um bom trunfo para manter o blog em atividade.

O segredo das postagens programadas consiste em publicar imediatamente o que não pode esperar, o que é mais importante ou depende de uma data para fazer sentido, e deixar para depois o que não é urgente postar ou fica bem em qualquer data.


4 – Imagens

Use imagens para ilustra as postagens sempre que for conveniente. Já falamos disto em outro post, lembra? Quantas vezes uma imagem no painel do blogger ou entre os resultados do Google não te chamou mais atenção que o texto ou o título de uma postagem?


5 – Links

Use links ao fim da postagem para incentivar a navegação interna de seu blog. Também já falamos disto em outro post. Achar um link ao final da postagem para clicar é muito cômodo. Se o texto que acabamos de ler foi bom, certamente pediremos “mais do mesmo”.


6 – Título

Outro item de que já falamos num post anterior.


7 – Tema

Procure falar do que sabe ou daquilo de que você gosta. Seus textos sairão de sua cabeça quase que instantaneamente. É muito fácil falar do que sabemos ou daquilo de que gostamos. Além do mais, o prazer que você sente ao escrever faz toda a diferença para que continue escrevendo.


8 – Frequência

Dizem que, para manter um blog, devemos publicar pelo menos três postagens por semana. Ao menos em se tratando dos blogs mais profissionais ou menos amadores.

Seja como for, há que haver uma frequência para as postagens. Uma por ano? Uma por mês?

O consenso é que “qualidade vem antes de quantidade”, ou seja, é sempre melhor publicar uma boa postagem por semana do que duas ou três pouco caprichadas ao longo do mesmo período! As postagens programadas, como eu disse, são ótimas para mantermos um ritmo ou frequência, já que nem sempre estamos tão disponíveis para o blog.

Se você tem um blog literário, isto é, se o forte de seu blog são as resenhas de livros, são essas postagens que devem ser publicadas com certo ritmo ou frequência. Se você publica 15 resenhas em janeiro, nenhuma em fevereiro, e outras 15 em março, isso significa que em fevereiro seu blog não teve nenhuma daquelas postagens que são, justamente, o ponto forte dele. Se estivéssemos falando de uma churrascaria e não de um blog, eu diria que sua churrascaria só serviu salada no mês de fevereiro, porque não houve carne no cardápio!

Lembre-se de que o prato principal, num blog literário, são as resenhas. Faria mais sentido reservar 4 das resenhas de janeiro para o mês seguinte, de modo que fevereiro tivesse ao menos uma resenha por semana enquanto você aproveita as férias ou o carnaval.


9 – Postagens Vazias

Não faça, portanto, com que seus seguidores voltem a seu blog “à toa”. Não publique uma postagem a menos que você realmente tenha algo a dizer. Lembre-se de que seus seguidores esperam algo quando visitam seu blog, e não encontrar nada de significativo lá nas últimas 10 vezes em que você postou algo é, no mínimo, desestimulante.

Se todo dia você gritar que o lobo está perto, mesmo que ele não esteja, chegará o dia em que já não te darão ouvidos. Em outras palavras, se você publicar muitas postagens vazias, chegará o dia em que você terá algo realmente bom para postar, mas ninguém acessará mais seu blog para conferir...

Por outro lado, deixe que seus seguidores sintam faltam de suas postagens se você realmente não tiver algo para postar. Só “chame” seus seguidores para o blog se a visita valer a pena para eles. Ninguém gosta de andar de lá para cá sem necessidade.

É como se você tivesse um restaurante e chamasse os seus fregueses mesmo quando não há comida para servir. Eles se lembram da boa comida que você já serviu um dia e atendem a seu chamado, mas agora não encontram nada para comer. Você faz isso uma vez, duas, três... e um dia seus fregueses já não atendem a seu chamado.


Leia mais
Porque alguns blogs são mais visitados que outros
Tipos de Blogs
Dicas para blogs - layout
Dicas para blogs - Visitas

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Veronika Decide Morrer, de Paulo Coelho

Veronika é uma jovem que tenta o suicídio e, no fim das contas, acorda numa clínica psiquiátrica. A tentativa havia fracassado e Veronika passa a viver como interna. A maior parte do romance se desenvolve na clínica e é aí que encontramos o Dr. Igor, o personagem mais interessante depois da protagonista.

Veronika é informada por ele de que morrerá dentro de alguns dias devido a complicações cardíacas decorrentes dos calmantes que ela ingeriu ao tentar o suicídio. O tempo, entretanto, vai passando. À medida que a morte não vem, a estadia de Veronika na clínica vai se alongando, contra sua vontade, até que chegamos a um ponto de ruptura. Veronika foge da clínica... (Não, não ria. A cena da fuga do hospício não é engraçada; é até bastante bonita e provavelmente você se alegrará pela protagonista.)

A longo da história, entretanto, o leitor sabe da experiência do Dr. Igor e entende por que Veronika não morria.

Direta ou indiretamente, Paulo Coelho é mencionado aqui e ali. A primeira vez é a que mais chama a atenção. Mas depois das primeiras páginas, após o narrador ter mencionado um jogo em CD-ROM do próprio Paulo, o leitor entra definitivamente na história e daí por diante chega facilmente ao final do livro, que tem um bom desfecho (na opinião da maioria) e um ótimo desfecho (na minha opinião).

Quem já teve a oportunidade de ler "Verónika Decide Morir" (versão espanhola, Editora Planeta, Argentina, Ano 1999), sabe que o romance traz um subtítulo na capa: "Una novela sobre la locura" (um romance sobre a loucura). Com loucura, obviamente, queremos dizer a depressão da protagonista, sua permanência na clínica, os demais internos, os profissionais da área que ali trabalham, a visão dos de fora, etc.

Antes da tentativa de suicídio, notemos, houve a vontade de morrer, o planejamento e a preparação, abrangendo um período considerável de tempo. Isso corresponde à realidade das pessoas que sofrem de depressão. Tais pessoas não se suicidam da noite para o dia como muitos pensam, mas depois de várias semanas ou pelo menos após alguns meses. Outros sintomas da depressão da protagonista, além da ideia de morte, são a falta de perspectiva de futuro e o desânimo com sua vida atual, ainda que aparentemente ela não tivesse motivos para se sentir assim.

Outros internos, com quem Veronika convive, são Zedka (depressão), Mari (síndrome do pânico) e Eduard (esquizofrenia). Por este, Veronika se apaixona. Não esperemos, entretanto, uma série de loucuras. A vida na clínica é até bastante tranquila, apesar de todas as suas peculiaridades, outro ponto da história que corresponde à realidade. Porque, ao menos nas boas clínicas, os internos estão sob o devido tratamento. O próprio Paulo já esteve internado, lembremos.

Talvez ainda devêssemos falar das freiras e das pessoas leigas com as quais a protagonista mantinha contato...

Veronika vivia num quarto alugado às freiras, num convento, e talvez isso queira nos sugerir que a proximidade com a Religião (não importa qual, obviamente) não é o bastante para curar alguém da depressão ou para torná-lo livre de qualquer enfermidade cujo tratamento compete aos psiquiatras e psicólogos. Não pensemos, entretanto, que o romance fala de Religião. Ao menos não de modo direto. Essas páginas, devo dizer, são poucas e logo o leitor esquece que a protagonista vivia num quarto cedido pelas freiras. Seja como for, o exemplo bíblico usado pelo narrador, ao fim do romance, nos traz à mente outra vez a ideia de Religião.

Sobre as pessoas leigas, elas tampouco parecem ter percebido a depressão de Veronika. Foram amigos diversos que reuniram os calmantes que ela ingeriu em sua tentativa de suicídio. Foi a maneira que Veronika encontrou de conseguir os remédios em quantidade excessiva sem levantar suspeitas. Ela os havia pedido a vários amigos sob o pretexto de que tinha dificuldades para dormir. Só não lhes avisou que pretendia dormir o sono eterno... Talvez isso queira sugerir que nossa Sociedade, tal como ela é, contribui de algum modo para a loucura e o suicídio ou para os distúrbios mentais. Essas páginas do romance também são poucas.

Quase toda a história, ressaltemos, consiste na estadia de Veronika na clínica, na ideia de que temos uma vida valiosa embora às vezes ela pareça banal ou vazia, e no questionamento do conceito de normalidade.

Sobre "A Montanha Mágica", de Thomas Mann, também tenho algo a dizer.

A Montanha é um romance bastante conhecido. Nele, o protagonista também é internado numa clínica para o tratamento de uma doença respiratória e sua estadia ali, igualmente, vai se prolongando por tempo indeterminado. Não pensemos, entretanto, que ambos os romances se pareçam muito. Muitas pessoas leriam os dois e não veriam semelhanças.

A semelhança está, sobretudo, na ideia de continuar internado por tempo indeterminado ou maior que o previsto quando já queremos voltar à vida aqui fora. Também está em sugerir que a grande loucura seja exatamente este nosso mundo ou esta nossa aparente normalidade. Além do mais, a clínica (a de Paulo ou a de Mann) não é senão um reflexo da Sociedade fora dela. Em ambos os romances, há um amadurecimento do personagem principal e uma certa história de amor entre ele e outro interno.

Se você ainda não leu um romance de Paulo Coelho, comece com Veronika. Ele está mais próximo do nosso estilo de vida ocidental e da loucura do nosso dia-a-dia que O Alquimista, por exemplo. Não é um romance para fugir da realidade, mas para aproximar-se dela. Livro indicado especialmente para mulheres entre 18 e 35 anos, acostumadas aos best-sellers americanos.

Também existe o filme, de 2009, ambientado em Nova York e com o mesmo nome. Não posso falar dele, porque não o vi, mas dizem por aí que o livro é melhor que o filme.



Leia mais
Depressão e Café
Marta #1

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Garota Interrompida

Para quem deseja saber um pouco mais sobre "transtorno borderline", há uma ótima postagem chamada Um pouco mais sobre garota borderline, no blog My Fitst, Ana.

Como os transtornos bipolar e borderline são considerados de difícil diagnóstico e, não raro, bipolares são confudidos com borderlines, temos aí um texto muito interessante para os leitores do ME.

Também existe o filme "Garota Interrompida", cuja protagonista é borderline. Quem já viu o filme?


Leia mais
Qual é a diferença entre bipolar e borderline?